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Livros de colorir: o fenômeno “Cozy Friends” e seu impacto no mercado editorial brasileiro

Há alguns meses, os livros de colorir – com destaque para a coleção “Cozy Friends” – vêm dominando as prateleiras das livrarias brasileiras. Esse sucesso é impulsionado pelo interesse crescente de adultos que buscam nessas publicações uma forma de entretenimento, distração e até mesmo terapia criativa.

Mais do que um simples viral das redes sociais, onde milhares de usuários compartilham suas páginas coloridas, esse movimento tem gerado um impacto significativo no varejo livreiro. Prova disso são os dados do 4º Painel de Varejo de Livros no Brasil de 2025, realizado pela Nielsen Book e divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), que analisa as vendas do período entre 24 de março e 20 de abril.

Neste artigo, vamos explorar:

  • O crescimento concreto no volume de vendas desse segmento;
  • Como esse fenômeno tem influenciado o mercado editorial na totalidade;
  • As projeções e expectativas para o setor livreiro em 2025.

Vamos lá?

Livros de colorir: o que são e, porque, viralizaram entre adultos

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Capa do livro “Cozy Friends”, um dos mais famosos do gênero

Os livros de colorir para adultos são publicações repletas de ilustrações detalhadas e padrões complexos, como mandalas, paisagens, flora e fauna, ou até temas fantásticos e urbanos. 

Diferentemente dos livros infantis, eles são projetados para desafiar a coordenação motora e a paciência, com traços mais intricados que exigem maior concentração. Surgiram como uma tendência de bem-estar, aliando arte e terapia, e conquistaram um público que busca uma atividade relaxante, longe das telas digitais.

Entre seus principais benefícios, destaca-se a redução do estresse e da ansiedade, já que o ato de colorir induz um estado de atenção plena, semelhante à meditação. Além disso, estimulam a criatividade, melhoram o foco e podem até servir como uma forma de expressão artística sem exigir habilidades avançadas em desenho. 

É possível aumentarmos o número de pessoas leitoras?

Embora os livros de colorir e os livros literários atendam a propósitos diferentes, a experiência de interação física com um livro pode, sim, servir como uma “ponte” para pessoas não leitoras. Alguns fatores que podem facilitar essa migração:

  1. Familiaridade com o objeto-livro – Quem compra livros de colorir se acostuma com o hábito de manusear páginas, passar tempo com o material e associar o livro a momentos de prazer. Isso pode reduzir a resistência psicológica em pegar um livro tradicional.
  2. Gatilho para novos interesses – Muitos livros de colorir têm temas específicos (como mitologia, cidades famosas ou obras de arte), o que pode despertar a curiosidade para ler sobre esses assuntos em formatos textuais.
  3. Transição para histórias ilustradas – Algumas pessoas podem evoluir de livros de colorir para graphic novels, livros de arte ou até literatura com ilustrações (como edições especiais de clássicos), que mantêm o apelo visual, mas introduzem narrativas.

No entanto, essa transição não é automática. Depende muito do perfil do indivíduo e de como o mercado (ou mediadores de leitura, como livrarias e influencers) aproveita esse interesse inicial. Estratégias como combo (oferta de um livro de colorir + um romance curto) ou edições temáticas poderiam ser eficazes para incentivar o próximo passo.

Ou seja: não é uma regra, mas o livro de colorir pode, sim, ser um primeiro degrau no mundo da leitura para quem antes via os livros como objetos distantes ou intimidadores. 

Livros de colorir impulsionam o mercado editorial em 2025

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O 4º Painel de Varejo de Livros no Brasil revelou um crescimento expressivo de 15,84% em volume e 12,92% em valor no período, com destaque para os livros de colorir. Alguns títulos venderam 75 mil unidades em apenas quatro semanas, comprovando que essa tendência continua aquecendo o setor. 

A partir desses números animados, sugem questionamentos. Será que esse fenômeno está ajudando a atrair novos leitores para outros gêneros? E como as editoras podem aproveitar esse movimento para fomentar a leitura no país?

Além dos livros de colorir: o que está sustentando o crescimento do mercado?

Mesmo excluindo os livros de colorir, o mercado editorial brasileiro registrou um aumento de 7% em volume e 8% em faturamento, puxado por lançamentos relevantes e pelas vendas residuais da Semana do Consumidor. 

O dado mostra que, embora os livros de colorir sejam um fenômeno à parte, o setor está se recuperando após um cenário inicial de queda. Esses números nos mostra que o mercado do livro está firme, reagindo bem às crises recentes.

Conclusão: o impacto dos livros de colorir no varejo brasileiro

Os livros de colorir consolidaram-se como um fenômeno editorial no Brasil, impulsionando não apenas as vendas do setor. Eles funcionam como uma porta de entrada acessível para não leitores, transformando o livro em um objeto de prazer e relaxamento, longe da pressão associada à leitura tradicional.

No entanto, seu impacto vai além dos números: esses livros reinventaram estratégias de varejo, desde a disposição em livrarias até promoções cruzadas com outros gêneros. Ainda que parte do crescimento do setor venha de lançamentos pontuais e ações como a Semana do Consumidor, o fenômeno dos livros de colorir prova que há espaço para inovações que unem bem-estar e consumo cultural.

O desafio agora é capitalizar esse interesse para converter parte desse público em leitores de outros gêneros. Enquanto isso, os livros de colorir seguem como um termômetro do mercado — mostrando que, em um país com altos índices de não leitores, atividades lúdicas podem ser o primeiro passo para uma relação mais profunda com os livros.

Em resumo, eles não são apenas um sucesso comercial passageiro, mas um caso de estudo sobre como adaptar o mercado editorial às necessidades contemporâneas — e, quem sabe, uma semente para futuros leitores. 📊🎨📚

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