E-books e audiolivros. Como está o consumo destas mídias? | Insights da 6ª Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil

A era digital transformou radicalmente a maneira como consumimos informação, e com a leitura não seria diferente. A 6ª Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) em parceria com a Fundação Itaú, trouxe dados reveladores sobre o comportamento do leitor brasileiro em 2024.

Embora o livro impresso ainda seja a preferência nacional, as mídias digitais — e-books e audiolivros — consolidam seu espaço, especialmente entre as gerações mais jovens e as classes com maior escolaridade.

Vamos explorar os principais insights extraídos do Capítulo 14 da pesquisa. Este é mais um texto dissecando os dados presentes neste relatório. Navegue pelo nosso blog para conferir os outros artigos publicados. Boa leitura.

O conhecimento sobre o digital está em alta

A pesquisa mostra que o termo “e-book” ou “livro digital” já faz parte do vocabulário de quase metade da população.

Conhecimento: 48% dos brasileiros já ouviram falar de livros digitais (um crescimento em relação aos 44% de 2019).
Hábito de leitura: entre os que conhecem a mídia, 38% afirmam já ter lido um livro digital.
Presença no dia a dia: embora o digital cresça, apenas 16% dos leitores afirmaram que seu último livro lido foi em formato digital, contra 83% que utilizaram o papel.

O smartphone é o “e-Reader” do brasileiro

Diferente de países onde dispositivos específicos (como Kindle) dominam, no Brasil o celular é a principal porta de entrada para a leitura digital.

Principal dispositivo: o uso do smartphone para leitura saltou para impressionantes 75% entre os leitores digitais.
Outros dispositivos: o uso de computadores/notebooks (28%), leitores digitais dedicados, como o Kindle (9%) e tablets (8%), aparece bem atrás.
Conclusão: a leitura no Brasil é móvel e fragmentada, ocorrendo no dispositivo que o cidadão já carrega no bolso.

Formas de acesso: o gratuito ainda impera

O acesso ao livro digital no Brasil é fortemente marcado pelo conteúdo sem custo.

Downloads gratuitos: 83% dos leitores de e-books acessam as obras por meio de downloads gratuitos na internet.
Conteúdo pago: apenas 26% dos leitores afirmam ter pago pelo download de um livro digital.
Atividades na internet: além de ler livros (30%), o brasileiro usa a rede para ler notícias (61%), aprofundar conhecimentos de interesse (59%) e estudar ou pesquisar temas escolares (39%).

Percepção: digital vs. papel

A pesquisa perguntou aos leitores quais as principais diferenças sentidas entre os suportes. Os resultados mostram que o papel ainda oferece uma experiência de maior foco:

Distração: 68% admitem que interrompem mais a leitura para checar mensagens quando leem no celular ou computador.
Concentração: 53% acham mais difícil se concentrar no digital.
Retenção e Compreensão: 49% afirmam que entendem melhor a história quando leem em papel, contra apenas 14% que preferem o digital para esse fim.
Tempo de leitura: 58% conseguem ler por mais tempo no formato impresso.

O crescimento silencioso dos audiolivros

Os audiolivros (audiobooks) estão ganhando tração, servindo como uma alternativa prática para quem busca consumir literatura em movimento.

Consumo geral: 23% dos brasileiros já ouviram um audiolivro (eram 20% em 2019).
Perfil do ouvinte: o formato é mais popular entre pessoas com Ensino Superior (44%), compradores frequentes de livros (43%) e leitores assíduos de literatura (35%).

Considerações Finais

Os dados da 6ª edição da Pesquisa Retratos da Leitura confirmam que o Brasil vive uma transição híbrida. O livro impresso permanece como ambiente para a concentração e o aprendizado profundo. Por outro lado, o smartphone democratizou o acesso à leitura digital, permitindo que milhões de brasileiros leiam (ou ouçam) livros em qualquer lugar, ainda que enfrentando o desafio constante das notificações e da dispersão.

Para o mercado editorial e educadores, o desafio é claro: como integrar a praticidade do smartphone com a profundidade que a leitura exige?

Fonte: 6ª Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2024). Realização: Instituto Pró-Livro (IPL) e Fundação Itaú.