A formação de leitores é um processo que envolve afeto, exemplo e acesso aos livros. A 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro, revela dados importantes sobre quem influencia o hábito da leitura e como as experiências na infância moldam nosso relacionamento com os livros.
Neste artigo, exploramos os principais insights do Capítulo 10: “Influência e Formação Leitora”, com destaque para o papel da família, da escola e de pequenos gestos — como presentear com livros ou ler em voz alta — na construção de uma sociedade mais leitora.
Quem são os grandes influenciadores dos leitores?
A pesquisa mostra que 71% dos brasileiros tiveram alguém que os incentivou a gostar de ler (aumento de 5 pontos percentuais desde 2019). Mas quem são essas pessoas?
- Mães ou responsáveis mulheres (9% em 2024): lideram o ranking, com crescimento de 1 ponto percentual.
- Professores (8%): caíram 3 pontos desde 2019, mas ainda são peças-chave.
- Pais ou responsáveis homens (4%): índice estável, revelando uma oportunidade para maior envolvimento masculino.
Dado alarmante: 71% dos entrevistados nunca tiveram influência para ler. O índice aumentou, antes era 66%, sendo um número alto.
Análise dos números
O crescimento de 5 pontos percentuais (de 66% para 71%) no número de pessoas não influenciadas por alguém a gostar de ler é um avanço preocupante. A liderança das mães (9%) e a queda expressiva dos professores (de 11% para 8%) sugerem uma transferência de responsabilidade da escola para a família na formação leitora.
A estagnação da influência paterna (4%) revela uma lacuna cultural que precisa ser enfrentada, já que a participação masculina poderia dobrar esse índice.
O exemplo vem de casa: hábitos de leitura dos pais

Crianças que veem adultos lendo tendem a se tornar leitoras. Mas a realidade é desigual:
- Mães: 24% “sempre” liam em 2024 (queda de 2 pontos desde 2019).
- Pais: apenas 16% mantinham esse hábito (queda de 1 ponto).
A diferença entre gêneros reflete um padrão cultural: mulheres ainda são as principais mediadoras de leitura no ambiente familiar.
Análise do hábito de leitura dos pais
A queda de 2 pontos no hábito de leitura das mães (de 24% para 26%) é, mesmo com a queda, um destaque, pois ainda apresenta uma enorme diferença em relação aos pais. A diferença de 8 pontos percentuais entre os gêneros comprova que a leitura ainda é vista como atividade feminina no ambiente doméstico. Se os homens acompanhassem a evolução das mulheres, teríamos muito mais crianças com exemplos de leitura em casa.
Leitura em voz alta: uma oportunidade perdida
A pesquisa perguntou a adultos se seus pais liam para eles na infância (5-13 anos). Os resultados são preocupantes:
- 57% nunca tiveram livros lidos por familiares.
- Entre não leitores, esse número salta para 67%.
- 55% das crianças (5-13 anos) que raramente ou nunca foram lidas desejavam que um adulto lesse mais para elas.
Por que isso importa? A leitura compartilhada na infância está diretamente ligada ao desenvolvimento do vocabulário, do vínculo afetivo e do interesse pelos livros.
Análise da importância da leitura em voz alta
Os 57% que nunca foram lidos na infância explicam em parte os 29% que não tiveram influência para ler (tópico anterior). A diferença abissal entre leitores (44% nunca lidos) e não leitores (67%) comprova o poder transformador dessa prática simples.
O dado mais alarmante: 55% das crianças atuais (5-13 anos) pedem mais leitura compartilhada – um mercado de oportunidades desperdiçado por adultos.
Presentear com livros: um hábito em declínio
Apenas 37% dos brasileiros ganhavam livros de presente em 2024 (queda de 2 pontos desde 2019). A diferença entre leitores e não leitores é gritante:
- Leitores: 8% sempre recebiam livros, frente aos 13% em 2007.
- Não leitores: apenas 3% sempre recebiam livros, frente aos 2% em 2007.
Presentear com livros não é só um gesto carinhoso, mas uma estratégia de formação leitora.
Análise da importância de se presentear com livros
A queda de 5 pontos (13% para 8%) parece pequena, mas é estratégica: considerando o crescimento populacional, significa quase vários milhões de brasileiros a menos recebendo livros como presente em 2024 versus 2019.
Como nasce o amor pela literatura?
Entre os leitores e não leitores em 2024, as principais motivações para o despertar do interesse na leitura foram:
- Filmes baseados em livros (conexão entre cinema e literatura) (47%).
- Indicação da escola ou professores (46%).
- Influência de amigos (6%).
- Influenciadores digitais (22%).
Chama atenção a alta influência de figuras digitais (como youtubers); mostrando a força do mercado digital de comunicação.
Análise dos números
A influência relevante de youtubers (22%) reforça o mito de que as novas mídias são protagonistas na formação leitora. A escola (46% entre influenciadores gerais) e mães (29% na literatura) mantêm seu papel central, mas com margem para crescer: se cada professor influenciasse apenas 1 aluno extra por ano, os índices dobrariam em uma década.
Conclusão: pequenos gestos, grandes transformações
Os dados mostram que a família e a escola são os alicerces da formação leitora, mas há desafios:
- Envolver mais os homens no incentivo à leitura (pais, avôs, tios);
- Ler em voz alta para crianças — mesmo que “às vezes” — pode reduzir o percentual de quem “nunca” teve acesso a livros;
- Presentear com livros precisa ser resgatado como tradição;
- Apostar nas mídias digitais para despertar ainda mais o interesse na leitura das crianças e adolescentes.
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