Contar histórias segue, faz muito tempo, uma receita relativamente simples: traçar uma narrativa linear, normalmente (embora não obrigatoriamente) em ordem cronológica e deixar o usuários digeri-la do começo ao fim.
E essa fórmula pode ter funcionado – e ainda funcionar – muito bem: mas isso não significa que ela seja a única. Recentemente, um modelo de narrativa diferente foi lançado usando livro, Web e cinema de maneira simultânea para contar uma história.
Trata-se do Empire Project – um projeto independente e que está gerando muito burburinho por conta da inovação em seu modelo narrativo. Entenda melhor o conceito (trecho extraído de um post original que fiz no IDGNow! essa semana):
O tema central da história era o impacto da colonização holandesa em todo o mundo – desde os locais mais remotos, como o Sri Lanka, até a própria cidade de Amsterdam.
Mas como responder a uma questão tão ampla como os efeitos atuais do imperialismo daquela que foi uma das maiores potências ultramarinas do planeta? E transmitindo isso de maneira adequada, completa, para uma audiência igualmente distribuída pelo globo?
A resposta encontrada pelos diretores foi inusitada: trabalhar as narrativas simultaneamente sob um ponto de vista artístico, efetivamente permitindo que a plateia fosse bombardeada por conteúdo a ponto de forçá-la a mergulhar a fundo no universo cinematográfico.
O “filme” foi dividido em quatro camadas:
1) Instalações artísticas
Nada de cinema: para ver o filme em sua forma originalmente concebida, o usuário precisaria entrar em uma das quatro caixas pretas espalhadas pelo mundo (infelizmente, sem incluir o Brasil no roteiro). Na prática, eram ambientes fechados, com monitores por todos os lados rodando histórias de maneira simultânea, tendo apenas o áudio intercalado para viabilizar o entendimento.
Por exemplo: enquanto um morador de Ghana contava um pouco da sua vida em um monitor, uma pernambucana falava sobre o dia a dia no sertão. O elo entre ambos estava no passado, por serem fruto de ex-colônias holandesas – e esse tipo de narrativa multifacetada acabou permitindo que a própria plateia ligasse um ao outro por meio dos seus hábitos, costumes e crenças, entendendo mais a fundo os detalhes e sutilezas do legado colonial. Do ponto de vista de arte, poucas coisas poderiam ser mais revolucionárias para o cinema.
2) Adaptação online
O problema com instalações físicas, no entanto, é que elas são limitadas, demandando espaço e exigindo que o usuário se locomova para poder assistir. Foi desse problema que nasceu a segunda camada do projeto: a versão online, no www.empireproject.eu. Nele, o próprio usuário consegue reproduzir a sensação das narrativas simultâneas em seu computador por meio de uma interface absolutamente inusitada, inovadora. Vale a pena navegar, nem que seja para passar pela experiência diferenciada em um site feito para contar diversas histórias (que compartilham apenas a base original) simultaneamente.
3) Livro
Todo o projeto, da idealização às histórias, foram registradas em um livro. O objetivo foi claro: documentar o documentário da maneira mais linear possível, deixando um legado mais prático para todos os que quiserem entendê-lo melhor. Nas palavras dos diretores, o livro é a história do projeto deixada à disposição de gerações futuras que quiserem entendê-lo. É curiosa a forma com que diversas tecnologias de última geração foram utilizadas para realizar o projeto – mas que o bom e velho livro foi escolhido como meio para imortalizá-la no tempo.
4) Materiais complementares
Cada vez que um projeto diferente como esse sai, uma tonelada de reportagens, artigos (como esse), fotos e filmes do making-of é gerada. Para os idealizadores, todo esse material também compõe a narrativa por um princípio óbvio mas, não obstante, ignorado por quase todos os diretores de cinema ou autores: uma história inteira só pode ser contada de verdade quando se soma sua linha temática central a todos os efeitos que ela gerou em quem assistiu.
Todo o caos iniciado pela ideia de se criar uma história feita pela soma de narrativas simultâneas, acaba fazendo parte dessa mesma história, fechando um ciclo poderoso que pode ajudar a desenhar as novas fronteiras da narrativa.
E, se contar histórias é justamente o que nós, autores, fazemos em nosso cotidiano, talvez seja hora de navegar por aí e explorar novos formatos “fora da caixa”.
Aceite uma sugestão: pare um pouco, abra uma outra janela no navegador e mergulhe no universo do www.empireproject.eu.
Boa viagem!
A matéria é show mesmo, mas gente…que blog mais feio esse! tem uma caaaara de trabalho amador, sério, aumentem essas fontes, postem imagens legais, contratem um produtor de conteúdo SEO ou sei lá tirem exemplos de outros blogs de sucesso. Esse tá triste!!!!!
Talvez, por ser “feio” – algo muito subjetivo, vamos combinar – o blog deixe no centro o que tem de mais importante, que é justamente o texto. Para que penduricalhos se o que mais importa é o conteúdo? o.O
Oi Amanda! Puxa, que pena que achou isso! Mas obrigado pelo comentário e sugestão. Vamos já mesmo montar um projeto de redesign para ele!
boa matería.
Muito bacana para nós autores temos uma ideia do mundo lá fora. Exemplo como o Google Earth, nós viajamos até a lua, marte e o sistema solar, eu experimentei gostei muito. Imagens direito da Nasa. Vocês autores que ainda não viajaram no Google Earth, veja lá.
Vejam no meu blog, o meu novo livro ( LIÇÕES DE VIDA ) já está em 70% concluído, até o final do mês estará pronto. Aguardem. Acessem:ciceromattos.blogspot.com.br
e também a página do meu livro HQ: https://www.clubedeautores.com.br/book/160274–A_TURMINHA_DO_JANJAO#.UyDHqz9dUYE