Já parou para pensar no quanto a tecnologia está inserida no meio literário, fazendo parte de praticamente todas as etapas editoriais de um livro? Precisamos da tecnologia para nos comunicarmos com editores, capistas, organizadores de eventos, leitores e todos os outros envolvidos? Atualmente, o celular é o nosso principal meio de comunicação e produção de conteúdo, servindo também como dispositivo fonte para estudarmos, buscarmos insights e diversos outros afazeres cotidianos.
A tecnologia nos permite revisar um texto de forma instantânea, nos ensinando e guiando rumo ao texto perfeito. Também podemos, com poucos cliques, conseguir registros de ISBN e ficha catalográfica, além, claro, permitindo que um livro seja publicado e distribuído por todo mundo. Quando surgimos, lá em 2009, a realidade era outra e desbravamos mares turbulentos em busca da democratização da literatura.
Todavia, acredito que estamos passando por uma nova e desafiadora era da tecnologia. Há poucos anos, ferramentas de inteligência artificial passaram a executar em segundos diversas atividades que levavam dias, tudo isso em poucos cliques, por pessoas leigas. Com a IA, conseguimos criar artes visuais incríveis, textos complexos, traduções simultâneas, narrações de livros e muito mais.
No embrião do surgimento da inteligência artificial para pessoas comuns, como eu e você, muitos tratavam como um grande passatempo, outros, como uma ameaça a algumas profissões. Será que um capista será substituído por uma IA? E um revisor de texto? É um tema complexo que merece ser analisado com sabedoria e é isso que faremos hoje. Ameaça ou oportunidade? Como podemos encarar a inteligência artificial atualmente?
Mais especificamente, conversaremos por aqui sobre o ChatGPT, ferramenta mais popular de inteligência artificial, que conquistou milhões de adeptos mundo afora. Além da criação de texto, dos mais diversos tipos, dos acadêmicos aos literários, com o ChatGPT você consegue criar imagens, apresentações, fluxogramas e muito mais. Poucos cliques, inúmeras entregas. Preparado(a) para conversar sobre este tema? Me acompanhe e boa leitura!
O que é o ChatGPT e para que serve?
O ChatGPT é uma inteligência artificial desenvolvida pela empresa OpenAI. A ferramente é constantemente treinada para compreender e gerar texto (em diversas línguas) com base em uma infinidade de dados. O ChatGPT pode responder perguntas, criar conteúdo textuais diversos, sugerir ideias a partir de perguntas simples e até mesmo imitar estilos de escrita de um escritor famoso.
No contexto do universo literário, muitos escritores usam a ferramenta como apoio na superação dos bloqueios criativos, criação de diálogos e até mesmo no desenvolvimento de determinado personagem. O ChatGPT é versátil e com infinitas possibilidades, porém, apesar disso, é fundamental entender que a IA não um substituto para a criatividade e criação humana. Então, não abuse do uso da ferramenta e preserve sua criação, livre de qualquer auxílio.
Benefícios que o ChatGPT traz para os escritores
A ferramenta é praticamente infinita e, certamente, entrega aos autores diversos benefícios. Entenda quais são os principais:
Correção textual
uma das funcionalidades mais úteis e práticas do ChatGPT é sua função de revisar e sugerir correções gramaticais e ortográficas. Ele pode ajudar a identificar erros simples que podem passar despercebidos. Importante dizer que, por enquanto, a revisão da ferramenta não substitui o trabalho de um profissional.
Descoberta de novas palavras e sinônimos
Escrever pode ser um processo cansativo, especialmente quando se trata de encontrar a palavra certa para expressar uma ideia. A ferramente pode sugerir sinônimos ou até mesmo frases inteiras para dar mais fluidez ao texto.
Apesar dessa entrega prática, é recomendado que o leitor exercite a leitura constante de livros. Ter a leitura como hábito possui diversas vantagens e uma delas é o aumento de vocabulário e maior contato com a língua. Assim, ao escrever um novo texto, esses “brancos” de não saber qual palavra usar será menor.
Sugestão de temas e desenvolvimento de ideias
Para escritores que enfrentam bloqueios criativos, o ChatGPT pode oferecer sugestões de temas, tópicos ou até mesmo ajudar a expandir uma ideia já existente, proporcionando um novo ângulo para o enredo ou personagens.
Este é um grande benefício, pois entrega rapidamente grandes entraves enfrentados pelo escritor. No entanto, aproveite esta funcionalidade com sabedoria. É preferível exercitar-se através dos momentos de brainstorming e estruturação de um livro.
Fonte de pesquisa
O ChatGPT pode ser útil na pesquisa preliminar sobre determinados assuntos. A ferramenta fornece um panorama sobre temas e informações, ajudando o autor na economia de tempo. Todavia, além da pesquisa, o escritor deve checar se as informações entregues estão corretas. É comum a ferramenta se equivocar, por exemplo: atribuir um determinado livro a outro autor.
Riscos e cuidados ao usar o ChatGPT
Muito além dos benefícios, o ChatGPT deve ser usado com cuidado, entenda o porquê:
Deixar que a IA escreva todo o texto proposto
A maior armadilha é confiar demais na inteligência artificial, seja o ChatGPT ou outra qualquer, permitindo que ela escreva a maioria ou todo o conteúdo textual do livro. Isso traz uma perda de autenticidade e do tom e da voz do escritor, elementos essenciais para qualquer obra literária.
Falta de verificação das fontes
O ChatGPT não é uma fonte de informações confiável. Apesar da complexidade da sua criação, as respostas entregues podem conter erros ou informações desatualizadas. Por isso, é fundamental que o escritor faça uma pesquisa independente em outros lugares, como no campo de pesquisa do Google, para confirmar a veracidade dos dados fornecidos.
Dados incorretos ou incompletos
Como a IA é alimentada por um grande volume de dados presentes na internet, há o risco de utilizar informações imprecisas ou descontextualizadas. Certamente isso poderá prejudicar a credibilidade do autor, principalmente para os que escrevem gêneros como o jornalismo literário ou a não-ficção.
Perda da criatividade e identidade autoral
O uso excessivo do ChatGPT leva à dependência da IA, prejudicando na criatividade e da originalidade do autor. Escrever é mais do que juntar palavras de maneira coerente; é sobre transmitir emoções, experiências a partir da perspectiva única do escritor, algo que uma IA dificilmente consegue fazer.
Direitos autorais e riscos jurídicos
Outra discussão presente quanto ao uso das inteligências artificiais é referente às questões legais. Se um texto foi gerado por uma inteligência artificial, de quem são os direitos autorais desta obra? Conforme a legislação de direitos autorais, “é considerado autor a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica”.
Logo, não é possível proteger direitos autorais produtos gerados por inteligência artificial. Este é mais um motivo pelo qual você não deve deixar a escrita do seu livro para o ChatGPT ou qualquer outra IA.
Já discutimos este tema no Pensática Podcast em três episódio, confira:
- O aspecto jurídico da Inteligência Artificial aplicada ao mercado literário
- A Inteligência Artificial é aliada ou ameaça na produção do livro?
- ChatGPT, Inteligência Artificial e o que isso significa para escritores
ChatGPT e outras IA como uma realidade
O uso de IAs, como o ChatGPT, é uma realidade inevitável. Ela está presente e acessível a todos, ganhando milhares de adeptos diariamente. Em vez de lutar contra essa tendência, é preferível entender suas capacidades e limitações. Ao aliar-se à tecnologia, o escritor pode aumentar sua produtividade e eficiência, preservando sua autenticidade criativa.
IAs são ferramentas poderosas para complementar o processo criativo, sem substituí-lo. Escritores devem tirar proveito delas, tendo uma vantagem competitiva no mercado literário. O segredo está em equilibrar o uso da tecnologia com a sensibilidade humana. A IA pode oferecer ideias valiosas, superando os bloqueios criativos.
Afinal, este texto foi escrito no ChatGPT?
Não. Como falado anteriormente, é preciso que o escritor pratique e continue exercitando sua escrita. Entregar uma ideia ao ChatGPT e simplesmente copiar e colar um texto pronto apresenta inúmeros problemas, como a perda da capacidade do escritor de criar novas histórias. Afinal, ele está entregando todas suas ideias a uma IA que, por mais que escreva bem, nunca entregará um bom texto como aquele que o imaginou.
Também conforme explicado anteriormente, a inteligência artificial pode ser uma grande aliada e assim foi feito aqui, neste texto que você está lendo. Em alguns parágrafos específicos, o ChatGPT me ajudou com a correção textual e ajustes pontuais em alguns parágrafos. Ah, também usei a ferramenta “LanguageTool”, integrada ao Google Docs, que corrige o texto instantaneamente enquanto escrevo. As duas ferramentas me ajuda na entrega de textos sem erros gramaticais para você.
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Faz um ano que estou testando o GPT na redação de temas como por exemplo “ideologia”. A minha conclusão baseada nesta longa experiência é a seguinte:
1. O GPT pode e deve ser utilizado para fazer pesquisas sobre o tema ou temas do conteúdo dos textos, sejam artigos ou livros.
2. O indice de erros nas pesquisas dele é muito baixo.
3. As pesquisas ou perguntas devem se formuladas com muita clareza e precisão.
4. O tempo que se gasta para se verificar se o que ele escreveu tem erros ou não, é muitissimo menor do que fazer as pesquisas.
Eu tinha muito medo de usar. O medo da crítica depois de tanto trabalho. Uso o ChatGPT para organizar os personagens e eventos. Eu digo coisas como:
“Vamos atualizar algumas coisas: Fulano fez tal coisa em tal momento e não mais naquele outro, isso explica por que Cicrana fez isso e aquilo. Ela achava que Fulano era assim e assado.”
Dessa maneira a IA atualiza a minha escaleta, mantendo a coerência de eventos e ideias, inclusive me avisando se entra em conflito com outros acontecimentos. Isso evita muita dor de cabeça de reestruturar partes da história por ter esquecido de mudanças que você já fez. Especialmente se o livro conta histórias com muitas datas e é uma narrativa não linear.
Comecei escreve o meu primeiro livro de Fantasia Medieval. Eu uso a IA do Google, Gemini para analisara e corrigir erros de ortografia, pontuação e repetições. E sim, dependendo da situação eu peço para Ia me apresentar dentro texto que apresentei, mas sempre mantendo o texto original. Acho valida como ferramenta, mas concordo, que usar IA prar 100% do trabalho, não é justo.
Acho que os aplicativos AI devem ser banidos, de nossos cotidiano ! Pois tira o intelecto da raça humana. E só nos prejudica.
Terei que discordar, sou um apaixonado por literatura de ficção medieval, mas ao mesmo tempo estudo programação, um ponto que foi levantado em uma das aulas é que em algum momento a humaninade iria chegar em nivel tão alto de tecnologia, que isso acaretaria em todos terem uma forma de “IA” juntamente com o cerebro, podendo assim todos serem suficientemente inteligentes e estarem sempre em constante crescimento
Estou na minha sétima obra, escrevi a primeira em 2012, a segunda e terceira em 13 e 14… 3 anos 3 obras, com o chatgpt eu consegui escrever 4 obras em um ano, mas devemos propor a ideia e ir corrigindo o texto ao longo da história, pois não é confiável e normalmente ele não segue a sua história. Muitas vezes desvia do seu assunto. Então o correto é ir guiando seu texto o tempo todo. Caso contrário ele cria uma história alternativa que não segue em nada o contexto da
sua. Você pode estar escrevendo um conto futurista e derrepente está com um livro de receitas.
Muito Obrigado. Informações valiosas para todos os escritores.
Juliano do céu, parece até que você leu meu livro ‘PQP – Produtividade, Qualidade, Poder’ (que lancei recentemente aqui no Clube)…hahaha.
Nele, falo exatamente sobre como as pessoas usam a IA para criar em quantidade, mas acabam se esquecendo da qualidade. O verdadeiro poder a longo prazo está na qualidade que se pode alcançar em menos tempo com a ajuda da IA. Mas muita gente ainda comete o erro de produzir em massa, deixando a IA fazer tudo, de ponta a ponta. Fazer o quê, né? A vida tem um jeito muito eficaz de educar.
Ótimo artigo, Juliano. Parabéns!