Dia desses, enquanto zapeava por diferentes canais, acabei me deparando com um quadro do Fantástico em que uma criança de rua pedia um livro para os transeuntes.
Parei. A cena toda era uma espécie de experimento social – mas a reação das pessoas realmente foi surpreendente. Mostra que, ao menos com literatura, somos mais generosos enquanto povo do que costumamos nos ver.
Em tempos de tanto ódio espalhado pelas redes e de cisões virtuais em nosso país, apenas absorver essa cena já faz o dia valer mais a pena. Confira abaixo:
Ricardo Almeida.
Também me sensibilizei com a solidariedade das pessoas e pela situação inusitada.
A reportagem me fez resgatar um poema meu que fala sobre o assunto, mesclando a fome física com a fome literária. Fiz questão de inseri-lo no meu livro, antes de lançá-lo, semana passada. Abaixo um trecho:
Introspecção
– Puxa, moço. Me dá um troco?… Um trocadilho serve.
– Sai fora, moleque!
– Minha barriga tá roncando. Qualquer metáfora pode me ajudar.
– Vai trabalhar, ô pirralho!
– Como? Preciso de calorias literárias e sinestesias libertárias, de abstrações filosóficas e reflexões filológicas. Como vou alimentar minhas sinapses imberbes?
-> a continuação está no meu livro Poemas Insones.
Vou ler seus poemas insones o mais rápido possível.