Sim, eu sei: ainda está cedo para fazer e alardear qualquer previsão consistente. Estamos, afinal no dia 17 de janeiro, o que significa que mal chegamos a cruzar a largada de 2023. Ainda assim, a realidade que abriu o ano tem nos surpreendido.
Em outros tempos, períodos que chamamos de alta densidade temática (ou seja, momentos em que todos costumam falar sobre a mesma coisa), como eleições, grandes manifestações políticas, copas do mundo, olimpíadas e afins, costumavam representar quedas expressivas de venda. Nas manifestações de 2013, por exemplo, enquanto a população foi às ruas em massa para pedir mudanças na política, nossas vendas caíram quase 60%.
Em outros tempos, o período entre o Natal e o Carnaval era lento, quase estagnado. A retomada era devagar, suave, quase cansada.
Esses tempos, aparentemente, ficaram no passado.
Porque em poucos momentos da história recente do Brasil tivemos tantos períodos de alta densidade temática: a pandemia emendou com a guerra na Ucrânia que emendou com a corrida eleitoral que emendou com a Copa do Mundo que emendou com as eleições em si que emendaram com o final do ano que emendou com a posse de um novo governo que emendou com a invasão de Brasília. Foi uma espécie de sucessão de terremotos que – noutros tempos – certamente significaria um vale quase macabro de resultados tanto para autores quanto, consequentemente, para nós.
Mas, como disse, os tempos mudaram e há agora uma aparente dissociação entre os nossos “vales sócio-políticos” e a nossa vontade de fazer e consumir literatura.
Novo momento para a literatura no Brasil
Talvez isso seja um sinal de evolução, um retrato de um povo que tem se mantido ativo na produção e no consumo de literatura mesmo nos momentos que costumavam ser mais impensáveis. Nesses novos tempos, afinal, aconteça o que acontecer, o brasileiro segue lendo e escrevendo.
Veja esse gráfico abaixo:
A figura ilustra uma comparação entre os meses de dezembro de um ano e de janeiro do ano imediatamente seguinte.
Cabe um “à parte” aqui: apesar do Natal ser um momento de pico de vendas, é relativamente comum, ao menos no varejo eletrônico, que as vendas consolidadas do mês de dezembro não sejam tão altas quanto, por exemplo, novembro. O motivo é simples: a partir dos dias imediatamente antes do 24/12, as vendas reduzem-se drasticamente e voltam a crescer apenas a partir da segunda semana de janeiro. E, se essa realidade tem de fato mudado na medida em que os prazos de entrega de livros vem diminuindo, ela ainda não pode ser desconsiderada.
Dito isso, perceba que tanto nos períodos compreendidos entre 2019-2020 quanto entre 2020-2021, a diferença de vendas ficou em menos de 1%. Para evitar dúvidas na interpetação: as vendas de janeiro de 2021 foram apenas 0,98% maiores que de dezembro de 2020; e as de janeiro de 2020 foram apenas 0,32% maiores que as de dezembro de 2019. E, se voltássemos mais no tempo, veríamos taxas de crescimento que nunca chegaram a mais de 0,1%.
Essa realidade começa a mudar a partir de 21-22, período em que janeiro representou um crescimento de 15,03% em relação a dezembro. Mas ele em nada compara a este janeiro que estamos vivendo, em que projetamos – com conservadorismo, diga-se de passagem – um salto de 76% no comparativo entre 01/23 e 12/22.
A que creditamos essa mudança dramática? Ao que chamamos, aqui no Clube, de profissionalização do autor independente.
Os motores do crescimento
O volume de livros com ISBN, para ficar apenas em um exemplo, mais do que triplicou desde que inserimos a possibilidade do autor adquirir o registro online, de maneira simples, ao longo do próprio processo de publicação. E onde isso impacta? Na distribuição: livros com ISBN são aceitos em muito mais livrarias e, portanto, são muito mais facilmente encontrados por leitores.
Mas não é esse o único ponto. Além da facilidade do ISBN, a qualidade técnica das capas deu um salto desde que lançamos o estúdio de design online, um editor de imagem poderosíssimo que facilita a criação 100% customizada de um dos elementos que mais interferem na compra de livros em todo o mundo: a capa.
O acréscimo de um novo formato, 16×23, também veio em 2023 – bem como a integração com mais canais de venda e de um trabalho inacreditavelmente intenso de qualificação dos metadados dos títulos (um tema tão importante quanto espinhoso que recomendo o aprofundamento aqui, nesse episódio do nosso podcast).
Isso tudo prova uma coisa importante: com mais ferramentas à sua disposição, o autor está aprimorando a maneira com que sua história é apresentada ao público; e este, mais seduzido por um livro que encontra mais facilmente nas lojas de sua preferência, não hesita em comprar.
O grande ponto a favor de todos nós, autores independentes, é que toda essa evolução é cumulativa. Ou seja: conseguimos mudar de patamar de maneira dramática já nesse começo de 2023 e dificilmente cairemos desse “novo normal”. Ao contrário: com o que temos planejado para este ano, destacando a venda de impressos internacionalmente que deve começar a acontecer nos próximos dias, a lógica quase aritmética aponta para um patamar absolutamente inédito de crescimento.
Nunca foi um tempo tão bom para se contar uma história.
– Ricardo Almeida
Obs… Os meus poemas estão todos no site http://www.poesiafaclube.com. Obrigada!
Eu estava desanimada, mas com essa notícia esplendorosa nasceu-me o desejo de continuar o livro que parei de editá-lo. Eu sou autora independente e tenho 04 (quatro) livros editados no Clube de Autores. Sucesso para todos nós!! O Clube de Autores é um coração de mãe… Cabe todo mundo no meio editorial, tanto para autor, quanto para Editora. Parabéns!!
Obrigado pelas palavras, Madalena. E sucesso com as suas publicações!
Importantes reflexões e boas novas! Além de todos os argumentos apresentados aqui, creio que há mais um que poderia ser acrescentado: diante de tantos eventos conflituosos e revoltantes que temos vivido, penso que muitas pessoas, neste final de ano, resolveram se libertar do caos reinante nos noticiários e se voltar para a literatura como um meio de reencontrar sossego, paz, harmonia e introspecção há muito perdidos nesses últimos tempos! Pelo menos, foi exatamente isto que me trouxe até esse site e me fez voltar a escrever…