Se você já ouviu falar sobre leitura dinâmica, tem uma meta agressiva de livros para terminar até o final do ano ou se sente incomodado por não conseguir devorar uma história como fazia na adolescência, esse artigo talvez te decepcione: não vamos apresentar nenhuma técnica avançada para engolir as palavras. Pelo contrário, a proposta é desacelerar e observar tudo com olhos mais atentos.
TED Talk: O que ler lentamente me ensinou sobre a escrita (2019)
Em outubro de 2019, a escritora norte americana Jacqueline Woodson nos presenteou com uma reflexão incrível sobre o tema em sua palestra no TED Talk.
Segundo ela, quanto mais tempo passava com os livros enquanto criança, menos ouvia o barulho do mundo lá fora. Mesmo tendo sido criada para ler rapidamente, Jacqueline preferia passar os dedos pelas palavras e reler histórias – a cada nova leitura, descobria coisas novas nas entrelinhas.
“Quando criança, eu sabia que as histórias eram feitas para serem saboreadas, que as histórias gostariam de ser lentas, e que um autor havia passado meses, talvez anos, escrevendo”, explica a autora em sua palestra.
A autora vencedora do National Book Awards (2014), queria ser uma escritora desde os sete anos e acreditava que seu trabalho como leitora era respeitar cada narrativa.
Confira a palestra completa no vídeo:
Abaixo, alguns destaques de sua fala no TED Talk:
- Somos ensinados a ler rapidamente, para ler mais;
- O mundo está ficando mais barulhento, mas ler lentamente pode ajudar a minimizar esse barulho. Desacelerar.
- Alguém demorou meses, anos para escrever um livro. Precisamos respeitar esse trabalho, ler com carinho, perceber as palavras.
Isso significa que ler rápido é ruim para escritores?
Claro que não.
Aliás, não existe certo ou errado. Existem pessoas que preferem a leitura dinâmica. Outros se demoram em cada página. Cada um tem seu próprio ritmo.
O que Jacqueline propõe é experimentarmos outras formas de fazer o que já somos acostumados e que, muitas vezes, fazemos em modo automático.
A ideia é lembrarmos, justamente, que cada palavra escrita foi escolhida a dedo por outra pessoa. Cada frase publicada em um livro é resultado da imaginação de alguém diferente, com ideias, pensamentos e crenças únicas. E mesmo assim, quando compartilhadas com o mundo, têm o poder de nos transportar para outra dimensão.
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Virginia Woolf, no texto que abre a coletânea de prosas-poéticas, “O Sol e o Peixe”, nos faz a mesma proposta, ainda que em um contexto diferente. Ela pede para olharmos mais atentamente para tudo o que somos, observando e sentindo todos os impulsos que nos movem.
“Deixemo-nos fervilhar sobre nosso incalculável caldeirão, nossa enfeitiçadora confusão, nossa miscelânea de impulsos, nosso perpétuo milagre — pois a alma vomita maravilhas a cada segundo.” – Virgínia Woolf (1882–1941).
A proposta de ambas autoras têm algo em comum – nos provocam a ver as entrelinhas, com calma, absorvendo todos os detalhes. Para quem escreve, esse hábito tem um potencial imenso. Afinal, as palavras são nossa ferramenta e não é nenhuma novidade que a leitura faz de nós escritores melhores.
E você, o que acha disso? Conta pra gente nos comentários!
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