Sabe aquele texto engraçadinho que você leu enquanto folheava uma revista esquecida na sala de espera do dentista? Se ele falava sobre um assunto do dia a dia de forma leve e descontraída e você conseguiu terminar de ler antes de ser atendido, é quase certo que estamos falando de uma crônica (ou que você tenha lido uma reportagem estranha e tomado um chá de cadeira do dentista).
O que é uma crônica?
Uma crônica literária é um gênero textual que combina elementos de narrativa e ensaio para refletir sobre eventos cotidianos e temas contemporâneos de maneira pessoal e subjetiva. Caracterizada por sua linguagem informal e envolvente, a crônica oferece uma visão íntima e frequentemente crítica de situações comuns, revelando aspectos inusitados ou poéticos do dia a dia.
Escritores de crônicas costumam abordar uma ampla gama de tópicos, desde pequenas observações da vida urbana até questões sociais e culturais, sempre com um toque de humor, ironia ou lirismo. Essa forma de escrita, publicada frequentemente em jornais, revistas ou blogs, convida o leitor a ver o mundo sob uma nova perspectiva, transformando o ordinário em extraordinário.
Principais características do formato:
- Linguagem simples e informal, com trocadilhos, gírias e até palavrões, caso seja do estilo do autor.
- Normalmente utilizam ordem cronológica para narrar os acontecimentos.
- Não são apenas histórias curtas e descritivas. São carregadas de reflexão e alguma conclusão com base em um acontecimento cotidiano.
- Trazem eventos do dia a dia sob óticas diferentes.
- São publicadas em blogs, jornais, revistas e portais jornalísticos.
Dicas para escrever uma crônica:
Observe a sociedade:
Sobre o que as pessoas estão falando? Aconteceu algo inédito recentemente? As crônicas falam do cotidiano, então nada mais justo do que explorar os assuntos do momento, né?
Pratique em sua mente:
Observe o universo a sua volta: você está sentado usando pijamas? Lendo este texto enquanto bebe café? Já escovou os dentes hoje? Seu gato subiu em cima do teclado e fez uma busca cheia de carecteres estranhosokglfçgkdlfmhlpl,w? (isso, como esses!).
Pense em como você descreveria o que está acontecendo de forma leve e bem humorada. Se possível, faça uma comparação dessa cena com o governo, a alta do dólar ou qualquer outro evento mundial.
Conseguiu? Pronto! Você já tem um tema para sua primeira crônica.
Seja leve e natural
Boas crônicas são simples, com histórias fáceis de ler e que podem ser consumidas durante o café da manhã. Não tente forçar o humor ou falar de temas muito complexos com palavras difíceis. Escreve o texto como se estivesse contando uma boa história a um amigo.
Exemplo de crônica:
Tati Bernardi é uma cronista já consagrada no Brasil por assinar seus textos na Folha de S.Paulo. Confira um de seus textos abaixo:
Você já ouviu falar em carga mental?
Se um dia você vir minha filha sem sapatos, saiba que eu apenas obedeci e relaxei
Eu tenho um marido sempre presente e prestativo. Todos o elogiam. Eu sempre o elogio. Por que, então, fui parar no médico tantas vezes o ano passado, sentindo a cabeça e o corpo pifarem?
Ao falar para o clínico geral que eu tinha vontade de me deitar no chão da feira de orgânicos, ele me pediu marcadores tumorais e colonoscopia.
Ao falar para o psiquiatra que eu tinha vontade de me internar num hospital só para ficar um dia inteiro sendo cuidada, ele me pediu que aumentasse a pregabalina (para dores) e a venlafaxina (para depressão).
Por sorte, a minha obstetra (mulher!) me falou sobre CARGA MENTAL
(….)
Para ler o texto na íntegra, acesse o site da Folha de S.Paulo.
E que tal conhecer autores independentes que se aventuram no universo das crônicas? Confira os livros deste gênero publicados via Clube de Autores.
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Diferença entre Poema e Poesia
Como escrever uma fábula?
Como escrever um livro?
RICARDO
06/12/2020 às 22:12
Preciso desesperadamente escrever. Fazer isso no Twitter
não basta. obrigado pelas dicas…
Achei interessante e claro a explicação sobre o tema. Obrigada!
O que posso dizer?
Eu apenas resolvi escrever,
Entre quatro paredes,de quarentena
A escrita se tornou parte do meu esquema.
COVID-19, não podemos ver seu rosto, seu olhar, nem seu cheiro.
Sentimos o terror em todo lado, por causa de sua impressão digital.
Você conseguiu desorganizar toda a nossa comunidade. Cada toque seu, lembra um filme de guerra. Não sabemos de onde vem os tiros. Cada rosto assustado em um clima arriscado.
O medo surge e você acaba sendo o centro das atenções. O risco passa a ter seu benefício, pois tudo a nossa volta se modifica. O bom disso tudo é que toda modificação traz crescimento e sobrevivência.
COVID-19, você conseguiu destruir a ditadura do mundo que tinha uma visão profissional: professor dá aulas, o policial prende, o médico dá consultas e envia receitas, o soldado guerreia, o operário trabalha na sua fábrica. Você conseguiu fazer o homem modificar o seu discurso ideológico. Muitas ações estão sendo alteradas para verificar as estruturas sociais dos menos favorecidas, verificando os diferentes mundos que existe em nosso país.
COVID-19, você está fazendo os nossos governantes a ter atitudes autênticas, transformadora e dialógica. Tudo isso, oportuniza o ser humano a romper com a superficialidade e tentar ser útil, dando valor a existência e a construção de um país fidedigno e unido.
Com sua impressão digital, você entra em contato com muitos. Modifica leis e até o comércio. Sua impressão digital modifica as leis do senado e até dos grandes empresários.
Os cientistas estão procurando suas digitais e seu prazo de atuação findará. O seu rosto irá ser desmascarado e suas digitais confiscadas pela ciência. Seu fim de atuação, então chegará ao fim.
Tudo tem sido muito bom neste Clube de Autores, instigante, muito trabalho e estudo a desenvolver nesses tempos de isolamento. Muito bom!
Poxa, Lúcia, muito obrigado pela mensagem :) Trabalhamos incansavelmente aqui e receber esses retornos é sempre muito, muito bom!
Muito bom o texto da Tati Bernardi, show de bola