A APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros – existe, oficialmente, desde 1975. É quase 30 anos mais nova que a CBL – Câmara Brasileira do Livro – mas carrega, em suas páginas de história, um legado que inclui a própria constituição da nossa língua.
Os dois mercados – o português e o brasileiro – desenvolveram-se de maneira absolutamente distinta. Enquanto Gil Vicente e Camões deram o tom para a literatura portuguesa entre os séculos XV e XVI, foram os modernistas como Mário de Andrade e Pagu que, de certa forma, séculos depois, “inventaram” a literatura brasileira a partir de uma herança cultural intensamente miscigenada.
Ambos os mercados, ambos os países, têm os seus próprios heróis através dos tempos. Há Pessoa, Saramago e Lobo Antunes da mesma forma que há Machado de Assis, Guimarães Rosa e Cora Coralina. Há Sophia de Mello Breyner Andresen, há Cecília Meireles. Há, enfim, genialidades produzidas nessas nossas duas costas do Atlântico que, por mais diferentes que sejam, coincidem nos seus papéis de carregar a nossa língua comum nos cantos dos mais profundos pensamentos sobre absolutamente tudo.
Já aproximando-nos do meio da segunda década do século XXI, o livro – veículo dessas e de tantas outras genialidades produzidas pela nossa língua mãe – passa por transformações importantes.
O livro mudou
Não se trata apenas de discutir formatos: a convivência entre impresso, ebook e, agora, audiobook, já há muito é considerada não apenas harmônica, mas também auto-colaborativa. Qualquer reflexão sobre o futuro (e, porque não, o próprio presente) do livro deve ir muito, muito além disso.
Seus hábitos de produção mudaram. Sociedades livres como as nossas de hoje – diferentes do Brasil e de Portugal nos tempos de ditaduras – permitem que pensamentos voem de acordo com as vontades dos poetas. Tecnologias avançadas permitem que a autopublicação já entregue a autores dos quatro cantos a possibilidade de terem seus livros circulando, nos formatos que quiserem, mundo afora – sem que eles gastem nada com isso. Hábitos de compra eletrônico, em livrarias online ou marketplaces, permitem uma distribuição como nunca antes vista.
Esses são apenas três exemplos de muitos que por aí existem, sintomas de um novo tempo para o mercado. Sintomas importantes de mudanças drásticas em toda a cadeia de criação, publicação, produção, distribuição, venda e leitura.
O mercado do livro acompanhou suas mudanças?
Mas como o mercado em si está a reagir a tudo isso? Como está o hábito de leitura uma vez que as opções de livro se multiplicaram tantas vezes? Como estão grandes editoras estão encarando essa nova fase de mercado, que tende a ficar cada vez mais dominado por nichos do que por massas?
O que essa colisão – na falta de uma palavra melhor – entre as explosivas demandas por contar e ler histórias diferentes e as forças até pouco tempo atrás assentadas de um mercado absolutamente tradicional e conservador nos reservam?
Nosso convidado: Pedro Sobral
A conversa de hoje não busca uma resposta definitiva para perguntas tão dramáticas quanto essas – não acredito que existam respostas definitivas. Mas buscam lançar uma luz diferente sob a ótica de um dos principais players do mercado lusófono global: Pedro Sobral, Presidente da APEL e Chief Publishing Officer do Grupo Leya.
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