Clube de Autores em Portugal: Como nos preparamos para a travessia

Não, não basta abrir um site em outro país para começar a ter resultado: a vida não é tão simples assim.

E também não basta chegar em um país novo se vangloriando do próprio tamanho e esperando que todos se curvem ao que se construiu do outro lado do oceano. Já conhecemos bem essa fórmula no próprio Brasil, onde não foram poucas as empresas americanas ou europeias que chegaram arrotando arrogância e ares de superioridade pelo simples fato de terem sido fundadas sob climas mais frios. Nunca gostamos de ser tratados como selvagens inferiores, como tantas vezes já aconteceu. Ninguém gosta, embora um número impressionantemente pequeno de empresas e empreendedores estrangeiros entenda isso.

Assim, não foram poucas também as empresas estrangeiras que naufragaram catastroficamente antes mesmo de perceberem que cada povo tem a sua própria história, a sua própria cultura, o seu próprio orgulho – e que dificilmente se mostra disposto a se curvar perante discursos ocos de superioridade gringa.

Se navegar é preciso, a humildade é o nosso astrolábio

Mas mesmo que não tivéssemos feito essa observação, dificilmente atravessaríamos o oceano com ambições neo-colonialistas. Não somos assim, não é assim que somos estruturados.

O Clube de Autores, afinal, é um canal, é um meio de conexão que depende sobretudo de histórias. Nosso protagonista não é o nosso próprio CNPJ; nosso protagonista é você, autor, que nos escolhe como plataforma de conexão com o seu público. Somos naus, caravelas contemporâneas que singram os novos mares digitais levando cultura e conhecimento de um lado a outro.

Como veículos, aprendemos que a humildade é fundamental para se transportar histórias, experiências, conhecimentos. E esse foi o primeiro item que cuidamos no planejamento da nossa travessia: o respeito.

Não é nada difícil respeitar a terra que acolherá a nossa (primeira) base europeia, Portugal.

Aqui nasceu a nossa língua. Aqui nasceu um dos pais da História, Camões. Daqui, das bordas de um dos menores territórios do continente europeu, saíram aventureiros que desbravaram o desconhecido e abriram rotas que revolucionaram todo o pensamento da época. Por aqui, seja por força biológica com os surtos de peste bubônica, por força humana com as inquisições e perseguições ou por força natural com o grande terremoto de 1755, ondas e mais ondas de destruição transformaram sonhos em cinzas. E, também por aqui, a engenhosidade humana foi capaz de juntar tantos cacos de vida e remendá-los em versões sucessivas de um país que atravessou de tudo até chegar onde está hoje.

Imagine agora, colega autor que aqui me lê, quantas histórias não existem aqui esperando para serem contadas, seja na borbulhante Baixa de Lisboa ou nas mais afastadas aldeias do Minho. Quantos gênios da estirpe de Saramago, Mia Couto ou Valter Hugo Mãe, portugueses de nascimento ou por adoção, perambulam pelas centenárias casas, salões e palacetes. Quantos olhos aguardam para devorar e absorver novas histórias lusófonas vindas do Brasil, da África ou dos mais longínquos cantos do mundo.

Há que se respeitar tudo isso que aí se encontra no parágrafo de cima.

E respeito significa entender que cada sociedade tem seu próprio Tempo

Significa, portanto, dar-se a si mesmo o tempo necessário para compreender melhor a cabeça do autor e do leitor português (e espanhol, francês, italiano etc.), absolutamente diferentes da cabeça do brasileiro. Significa compreender como eles preferem contar ou ler suas histórias; onde eles realmente geram e consomem letras; como eles formam opinião uns dos outros.

Significa entender que não se constrói uma nova casa sem antes entender o terreno e os arredores; sem antes desenhar uma planta que dialogue com o ambiente; sem antes perceber que é preciso dedicar tempo para se ganhar tempo.

Nós não viemos com nenhuma afobada – mas também não viemos para apenas observar.

Viemos para ficar. Viemos para construir.

Não foi por outro motivo que eu mesmo decidi me mudar, de mala, cuia e família, para cá, de onde poderei arquitetar diretamente a expansão do Clube de Autores.

E não foram poucas as diferenças culturais e mercadológicas que já percebemos por aqui – e cuja assimilação serão fundamentais para o nosso sucesso.

A ser continuado na próxima terça-feira

Acompanhe a jornada do Clube de Autores para novos mercados, em tempo real, neste link: www.clubedeautores.com.br/jornada

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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