Clube de Autores em Portugal: o início da jornada

Hoje faz exatamente um mês que me mudei, de família, mala e cuia, para Lisboa.

O objetivo – embora não possa ser fantasiado de fácil – é simples: iniciar a operação do Clube de Autores no Velho Mundo.

Mas essa jornada não começou no mês passado, no semestre passado ou nem mesmo no ano passado. Ela começou antes mesmo da pandemia, lá nos distantes idos de 2019.

De onde veio a ideia de navegar até o Velho Mundo?

Lá atrás, quando nem imaginávamos o que estava por vir, uma plataforma de autopublicação europeia se aproximou de nós com o objetivo de comprar a nossa operação, a nossa marca e tudo mais que estivesse no pacote. O plano deles era óbvio: lançar âncora no Brasil, terra tão desprezada por nós próprios brasileiros quanto cobiçada por estrangeiros das mais diversas nações. Mais de 200 milhões de habitantes – dos quais aproximadamente metade têm o hábito de ler livros -, uma taxa de adesão a novas tecnologias surpreendente e um universo próprio com o potencial de gerar um volume infinito de histórias a serem escritas, publicadas, compartilhadas. Quem, em sã consciência, não quereria ocupar um território como esse, mesmo considerando as tantas (e por vezes estapafúrdias) dificuldades para se empreender nele?

A negociação em si não foi para a frente por diversos motivos, mas gerou um efeito colateral importantíssimo em todos daqui: a percepção clara de que nós, ainda que “isolados” no único país de língua portuguesa das Américas, tínhamos uma relevância muito maior do que julgávamos ter.

Já rogo perdão ao colega autor que aqui me lê: não quero tropeçar em autoelogios ou bizarrices do gênero. Mas quando comparávamos o volume de livros que tínhamos publicados (atualmente já na casa dos 76 mil), a taxa de novos títulos publicados diariamente (entre 50-60), a variedade de formatos com os quais já trabalhávamos e a amplitude da rede de distribuição, compreendíamos que estávamos já entre os maiores do segmento em todo o mundo. Só não nos dávamos conta porque, como brasileiros, tínhamos sempre aquele péssimo hábito de acreditar que as gramas dos vizinhos eram sempre incomparavelmente mais verdes que as nossas.

Era hora de recalibrar o olhar.

Não era só uma questão de nos lançar ao mar…

Sabíamos, no entanto, que não se parte para grandes jornadas sem o devido preparo.

Iniciamos assim, ainda em 2019, uma série inédita de reformas estruturais incluindo tecnologia, processos e experiências ao usuário.

Reimaginamos o nosso sistema de publicação criando o studio de design de capas e eliminando, com ele, problemas antigos relacionados à falta de personalização completa dos livros. Ampliamos a quantidade de papeis e tamanhos de livros. Reforçamos a nossa rede de distribuição agregando uma camada poderosa de tecnologia para garantir mais agilidade e solidez. Criamos o nosso próprio e-reader para somar segurança à venda de livros eletrônicos. Repensamos e mudamos a lógica do Profissionais do Livro que, de marketplace aberto de prestação de serviços editoriais, passou a ser um canal mais balizado pela qualidade do que pela quantidade de ofertas. Integramos o nosso sistema à CBL (Câmara Brasileira do Livro) para conseguir vender, online e sem burocracia, os ISBNs dos livros. Criamos um painel estatístico de vendas que, calibrado por inteligência artificial, passava a entregar ao autor informações valiosíssimas para ampliar as suas vendas. Isso para citar apenas alguns dos projetos que me vêm à mente agora, enquanto escrevo este post.

Em outras palavras: transformamos um barco que, verdade seja dita, já navegava bem por águas locais, em uma frota robusta o suficiente para atravessar oceanos.

E, se citei acima um punhado de projetos que lançamos, não quero esquecer de mencionar que quase todos eles foram executados durante a pandemia, incluindo aqueles períodos mais sombrios do início onde não sabíamos sequer se haveria luz no fim do túnel.

Foi difícil, foi complicado, foi intenso. Mas foi feito.

De repente, anos depois da primeira decisão de navegar pelo mundo, nos sentíamos já preparados e em linha com o que havia de mais poderoso nesse imenso mercado global.

Era hora de partir.

A questão que ficava era: para onde?

A ser continuado na próxima terça-feira

Acompanhe a jornada do Clube de Autores para novos mercados, em tempo real, neste link: www.clubedeautores.com.br/jornada

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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