“Livro no Brasil custa caro demais”, dizem, roboticamente, os não-leitores ávidos por encontrar uma justificativa para manterem-se distantes das letras.
“Adoro ler, mas não tenho tempo nessa correria do cotidiano”, repetem alguns.
“Eu até estava procurando um livro, mas não o encontrei em livraria alguma”, arriscam-se outros.
Há muitas, muitas desculpas para não se ler. Todas são furadas.
Primeiro, porque nós sempre, sempre damos algum jeito de fazer o que amamos. Encaixamos jantares em agendas lotadas, bares com amigos, cinemas nos finais de semana, ampliamos horários de almoço e, ao menos nas grandes cidades, entramos em um estado vácuo intelectual por horas sempre que fazemos o percurso de casa para o trabalho, do trabalho para a casa.
Se tem uma coisa que todos nós, humanos, somos mestres em fazer, é dobrar o tempo para que ele caiba em nossas vontades. E quer saber? Ele sempre cabe.
Quer ler? Basta ter consigo um livro, seja impresso, eletrônico ou em áudio. Encontrar alguns minutos diários, ainda que intercalados, será a coisa mais fácil do mundo.
O preço do livro? Ora, convenhamos! Um jantar, uma noite no boteco, um cinema… tudo isso durará um punhado de horas e custará muito, muito mais que um livro (que hoje tem preço médio de R$ 40 no Brasil). E isso sem considerar a inocência desses parâmetros que uso aqui para comparar! Porque um livro está mais próximo de uma viagem do que de um boteco, claro! Que outra “ferramenta” pode te catapultar instantaneamente para o Japão distópico do Murakami, para a Moçambique apocalipticamente poética do Mia Couto ou para a desalentadora burocracia existencial da Praga de Kafka? Nenhuma – assim como nenhuma deixará também resíduos poderosíssimos de inteligência.
E todos esses – de Murakami a Kafka, passando por milhares de gênios contadores de história – nunca foram tão acessíveis a todos.
Seja em uma Estante Virtual, onde hoje pode-se encontrar absolutamente todos os livros já publicados, seja no Ubook ou na Audible.com, onde se pode adquirir audiolivros de todos os tipos, seja aqui no Clube de Autores, que reune as dezenas de milhares de títulos independentes publicados todos os dias no Brasil.
Você realmente preza o livro, gosta da literatura, sente que pode crescer na medida em que consome as fabulosas histórias que nos diferenciam enquanto espécie?
Ótimo. Agora é só jogar as desculpas na lata de lixo e começar a ler.
Ou abrace-as junto com a própria ignorância e siga por aí, repetindo velhas desculpas desencaixadas na esperança de que mentiras ditas para si mesmo não acabem embotando seu próprio cérebro por falta de uso.