Há espaço para gigantes no #FuturoDoLivro?

Qual o futuro do livro? Nessa semana que estou aqui em Londres, um dos principais tópicos discutidos no encontro dos YCE (grupo de 6 empreendedores do mercado editorial vindos da Rússia, Africa do Sul, China, Emirados Árabes, Colômbia, Espanha e, claro, Brasil) gira em torno desse assunto.

E, já no primeiro papo que aconteceu no Groucho Club (SoHo), a conclusão já foi bem simples: todos os países estão enfrentando os mesmos tipos de problema, incluindo:

– Embates sobre livro impresso vs. livro digital (o que, sinceramente, acho uma discussão meio inútil)
– Briga por espaço para novos autores até mesmo como forma de rejuvenescer a literatura tradicional
– Briga com os “donos” do mercado editorial

Esse último ponto é importante principalmente para países como o Reino Unido e Espanha, que contam com uma dominação inacreditável do mercado pela Amazon – algo que não ocorre, ao menos com esse peso, no Brasil.

Esse é, aliás, um ponto curioso da própria dinâmica de mercados: a Amazon cresceu no mundo principalmente pela sua competência – ela conhece o leitor como ninguém mais.

Por outro lado, o gigantismo gerado pela sua competência acaba servindo como uma força política imensa usada para impedir (ou ao menos diminuir) o crescimento de outras empresas do meio. Ou seja: o sucesso no longo prazo de uma iniciativa inovadora como a Amazon parece estar preso à necessidade de dificultar, por meio de sua força política, novas iniciativas inovadoras que, por definição, existem para questionar e alterar o status quo (que ela passou a representar).

Diferentemente do passado, no entanto, novas iniciativas nunca tiveram tanta oportunidade de crescimento quanto agora devido à Internet – o próprio Clube é testemunha disso.

E as forças que, mesmo de maneira desestruturada, tem se unido contra o gigantismo de uma ou algumas poucas empresas, parecem ainda maiores do que elas.

Para onde isso aponta? Para o questionamento da própria viabilidade de iniciativas pseudo-monopolistas como a Amazon. Hoje, certamente, ela domina o mercado como ninguém mais: mas parece que o mercado está começando a reagir a essa (e a qualquer outra) forma de dominação tão clara.

Veremos as cenas dos próximos capítulos.

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(Na foto, os participantes da reunião dos YCE que acontece agora no Groucho Club).

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

3 comentários em “Há espaço para gigantes no #FuturoDoLivro?

  1. O mercado editorial está provando a concorrência. Mais que isto; a competência. Dois tópicos importantissímos para editores e principalmente, escritores novatos, com pouco ou nenhum reconecimento no mercado, bom para os dois. Tudo é válido se for a favor do destaque de quem está começando suas publicações e necessita de reconecimento. Considero o clube uma excelente alternativa e uma ótima oportunidade para nós, iniciantes, e nem por isso menos talentosos que os grandes nomes. Desejo bom trabalho em Londres e muitas novidades.

  2. Sim essa dominação da Amazon acaba interferindo o crescimento de pequenas e médias editoras. O tópico sobre a renovação da cena no mercado editorial é algo que deve-se acorrer sempre e com uma rotatividade maior pois há muita coisa boa a ser descoberta nesse mercado editorial de novos autores. Boa sorte a todos os participantes e que saia coisas boas para vocês e para mim, como novo autor rs. Grande Abraço!

    1. Não poderia concordar mais, Diogo. O lado bom é que, realmente, o mercado parece estar acordando e se mexendo no sentido de proporcionar uma bem vinda mudança.

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