Como funciona uma editora e o que ela busca em um autor?

Se escrever livros já carrega uma aura de puro romantismo – escritores, afinal, são criadores de mundos – o ato de editar não fica atrás. 

Editar, afinal, achar uma história que se encaixe no propósito da editora; que tenha alguma forma de conexão com sua visão de negócios; que justifique uma aposta caracterizada por investimentos relativamente altos em uma ideia, riscos razoáveis e uma expectativa de resultados que faça sentido para todos os envolvidos. 

Expectativa, aliás, talvez seja a palavra mais importante aqui, a que mais define a relação entre editor e autor. 

O autor quer alguém que invista somas importantes em seu livro, quer alguém que cuide de todo o marketing, quer alguém que o deixe livre, por assim dizer, para dedicar seu tempo única e exclusivamente à escrita. 

O editor, por sua vez, quer um autor engajado, conectado a seu público e ciente que seu papel vai além da escrita em si e envolve a incansável tarefa de agir como um empreendedor. 

E ambos, juntos, esperam que seus investimentos – seja em tempo ou em dinheiro – se paguem, sendo esse um pre-requisito para qualquer tipo de relação comercial. 

Não são relações fáceis no mundo inteiro. No Brasil, especificamente, as constantes mudanças no cenário livreiro – mudanças que costumam vir carregadas tanto de ameaças quanto de oportunidades – criam vendavais mercadológicos que podem, com igual facilidade, afundar sonhos ou carregá-los, em alta velocidade, a futuros promissores. 

Tudo depende da maneira com que expectativas são geridas, parcerias são desenhadas, conexões são feitas.

E como é a gestão no caso das editoras?

No caso de editoras, se elas não têm verbas multimilionárias – e são pouquíssimas as que tem, sendo as portas de quase todas elas fechadas e trancadas para novos autores – elas precisam inovar. Precisam carregar uma curadoria forte o suficiente para definir a sua personalidade. Precisam mudar a maneira de distribuição e atingir o mundo inteiro, estejam onde estiverem. Precisam abraçar todos os formatos, de impressos a ebooks a audiobooks a chatbooks, esta última uma novidade que surgiu no mercado indiano e que apenas agora começa a dar seus primeiros passos no mundo. 

Precisam parar de trabalhar com livros e começar a trabalhar com projetos editoriais, amplos, carregando modelos de negócio que vão além de páginas recheadas de conhecimento. 

Normalmente, aqui no Clube, falamos com autores e personalidades que costumam abrir caminhos para que eles – ou vocês, dado que o nosso público aqui do Pensática é essencialmente composto por autores independentes – cheguem nos seus próprios leitores. Mas não podemos ignorar, claro, que temos aqui quase mil diferentes editoras que usam a estrutura do Clube para distribuir seus livros mundo afora. 

E, como essa relação autor-editora é vital para o próprio mercado do livro, nada mais natural que conversar diretamente com uma dessas editoras diferentes, modernas, que tem impresso no mercado uma dinâmica nova de relação. 

Com quem falaremos hoje?

Nosso papo hoje é com a Jannini Rosa, fundadora e editora na Helvétia Editions, companhia com bases na Suíça e no Brasil. Fundadora do Festival de Poesia de Lisboa e com projetos diversos que dinamizam a maneira de se trabalhar o livro abolindo esse conceito ultrapassado de “fronteira”, ela representa essa nova geração de editores que olham para a frente, que vivem a decifrar os ventos do mercado para definir os rumos que suas letras devem tomar.

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