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Livros que viram muros, muros que contam histórias

Só se evolui quando se sabe absorver, interagir e compartilhar experiências, conhecimentos,  histórias. 

É por meio das histórias que aprendemos como é o mundo, que formamos as nossas visões intelectuais, sociais, políticas, e que definimos as bandeiras sob as quais viveremos as nossas existências. Conhecer o nosso passado coletivo e saber interpretar o nosso presente, o contexto de vida em que estamos todos inseridos, é fundamental para qualquer um que deseje evoluir. 

Não é por outro motivo que o livro é considerado por tantos como a pedra mais fundamental do conhecimento e do sucesso de nossa espécie. O livro, afinal, aprisiona o tempo, permite que se transmita histórias que vão muito, muito além de qualquer tradição oral ancestral. Permite que se documentem erros do nosso passado (para que não os repitamos), momentos de supremo descobrimento, fontes de inspiração individual e coletiva, permite que se coloque em movimento as mais fundamentais revoluções para que nossa espécie continue subindo de patamar. 

Apenas uma sociedade de leitores consegue evoluir a passos largos. 

O que dizem os números brasileiros sobre a leitura?

Os nossos números oficiais, reportados pela Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, da Nielsen, reportam algo entre uma leve queda e uma preocupante estabilidade da leitura no Brasil. Segundo ela, 46 mil títulos foram editados no Brasil em 2022, dos quais 24% – ou 11 mil – foram novos. Isso representa uma queda de cerca de 5% em relação a 2021 e reflete também outra queda, de 23%, em número de exemplares vendidos (de 409 milhões em 2021 para 314 milhões em 2021, queda gerada principalmente por compras de didáticos do governo, uma vez que as vendas do mercado se mantiveram estáveis). 

Sabem o que todos esses números significam? 

Em nossa opinião, nada. Absolutamente nada. 

Por que? 

Porque todas as pesquisas do setor editorial brasileiro (e boa parte das pesquisas mundiais) contém dados única e exclusivamente sobre o mercado tradicional, no qual a autopublicação, por exemplo, raramente é sequer contabilizada. Quer um exemplo disso? Segundo essa pesquisa, cerca de 11 mil novos títulos foram publicados no Brasil em todo o ano de 2022. 

Sabe quantos títulos foram publicados no mesmo período, apenas aqui, no Clube de Autores? 16.050. Há uma óbvia incoerência matemática aqui, uma vez que apenas o Clube registra mais livros publicados no ano do que todo o setor editorial brasileiro. 

A conclusão – que não é só nossa, mas de muitos profissionais do mercado – é que as pesquisas do nosso setor são tão enviesadas, usando metodologias atrasadas que consideram apenas o tradicional, que elas perderam utilidade. 

Livros autopublicados em muitas plataformas – do Clube de Autores ao KDP – sequer são somados. Leitores desses livros – e estamos falando de milhões de pessoas – são, consequentemente, deixados de fora da conta. E iniciativas inovadoras que tem revolucionado o próprio hábito de leitura são vistas apenas como curiosidades, como casos de estudo isolados, e não como tendências sólidas de um setor que tem se renovado como poucos no mundo. 

Se quiser se aprofundar mais, veja este vídeo, abaixo, em que Rüdiger Wischenbart desconstrói as métricas oficiais do mercado com base em exemplos perfeitos em sua palestra no evento Readmagine 2023:

Deixemos, então, esse mofado mundo tradicional e as pesquisas que teimam em cegar-se perante as mais óbvias realidades.

Olhemos o novo. 

Olhemos casos como a Tag Livros, como a Skeelo, como a BibliOn, todos exemplos perfeitos de uma indústria essencialmente invisível para quem cisma em olhar o mercado com as lentes de um passado que já se foi há tempos. 

Olhemos casos como o Livro de Rua, alvo do nosso episódio de hoje.

Hugo Barros, convidado do Pensática Podcast

O Livro de Rua é uma iniciativa tão diferente, tão inovadora, que sequer cabe na tradicional definição de um livro – embora o tradicional tenha cada vez menos espaço em nosso mercado. Como ele funciona? Bom… melhor encerrar por aqui essa imensa (e talvez suavemente prolixa) introdução e convidar seu idealizador, o escritor Hugo Barros, para nos contar melhor.

Como ouvir este episódio e assinar o podcast?

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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