Se você ainda não ouviu o episódio 33, com a Dani Benoit, programe-se e escute-o. Foi o primeiro episódio que gravamos sobre um dos mais relevantes temas dos nossos tempos: a diversidade.
Por que isso importa? Porque é a diversidade que compõe a paisagem sobre a qual o público leitor de todo o mundo mais tem vontade de consumir. E pense sob uma ótica muito mais ampla do que a que costuma ser cimentada sobre o óbvio.
Jorge Amado não é lido em todo o mundo apenas pela qualidade inegável do seu texto; ele conta uma Bahia de antigamente, repleto de mitos e sensualidade, de coronéis e capitães de areia que em nada se assemelham à enfadonha rigidez acadêmica eurocentrista. Isso, esse mundo diferente do que se costuma ver, é diversidade.
O amor homosexual platônico de Riobaldo e Diadorim no Grande Sertão de Guimarães Rosa é diversidade.
O mundo que se despedaça a partir do encontro de brancos com pretos na Nigéria de Chinua Achebe é diversidade.
Tudo em torno de Oscar Wilde é diversidade.
Diversidade, afinal, é algo bem mais simples que costumamos crer: é pura e simplesmente o entendimento de que todos somos, de alguma forma, autênticos – e de que, quanto mais individualmente autênticos formos, mais rico será o nosso coletivo, a nossa sociedade, o nosso povo.
A ideia aqui, no entanto, não é pregar nada. É simplesmente constatar que a literatura encontra na diversidade a característica que mais atrai a curiosidade dos leitores. Não precisa ser nenhum gênio para constatar isso: há muito mais gente interessada em conhecer outros mundos do que em revisitar o que já conhece à exaustão.
Para o autor, isso também significa que a literatura, principalmente a literatura independente, pode ser o bote salva-vidas para resgatá-lo de preconceitos e de falta de oportunidades para levá-lo a portos onde sua voz será ouvida por centenas, milhares, milhões de pessoas.
O episódio de hoje vai contar a história de uma dessas pessoas: a poeta Cristal Perroni. Com apenas 19 anos, Cristal é uma jovem mulher trans nascida no interior da Bahia em uma pequena cidade chamada Ibititá. Ela vive em São Paulo há 2 anos com o nobre objetivo de desbravar o seu lugar no mundo realizando os seus sonhos.
Não é, infelizmente, o perfil de personagem que mais se costuma ouvir em podcasts de literatura – mas é, também justamente por isso, uma história que atrai toda a nossa atenção, interesse, curiosidade.
Cristal, seja bem-vinda.
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