Pensática Podcast, Ep. 35: Como estipular o preço do seu livro?

Preço, indiscutivelmente, é um dos elementos mais importantes para o consumidor na hora da compra. Um preço – qualquer que seja ele – sintetiza o quanto o criador atribui de valor “junto” à sua obra, o quanto ele acredita que o consumidor está disposto a pagar por ela e, na outra ponta, dá a esse mesmo consumidor uma espécie de pista sobre o valor real daquilo que ele está adquirindo. 

Confuso? Talvez. Mas isso porque a nossa realidade nos habituou, como consumidores, a acreditar que a máxima do “quanto mais barato, melhor” é sagrada, aplicada a toda e qualquer situação. Mas há um problema aí. 

Se um livro for muito, muito barato, ele dificilmente renderá algum valor ao autor e terá o preço essencialmente utilizado para pagar os custos. Se o autor não receber um valor justo pelo seu livro, como garantir sua sobrevivência? Como sequer falar em sustentabilidade de uma carreira sem a essencial contrapartida financeira? 

Não que se deva radicalizar: não estou dizendo que o caro vende mais que o barato. Mas estou, sim, dizendo que há um meio termo entre o excessivamente barato e o excessivamente caro. Um meio termo que consiga gerar receita para o autor mas que não assuste o leitor. Um meio termo que defina a obra como relevante, que ressalte o seu valor intrínseco, mas que seja ao mesmo tempo alcançável. Um meio termo que explique, por exemplo, porque os livros 20% mais caros daqui do Clube são responsáveis por 80% das vendas, com os perdões dos arredondamentos dados.

“Mas como fazer isso em um país como o Brasil, onde livro é tão caro”, você pode perguntar? A resposta parte de jogar fora todas as “verdades” (entre muitas aspas) que, de tanto ouvirmos, cimentamos como indiscutíveis. 

No primeiro semestre de 2022, o preço médio de um livro no Brasil ficou em R$ 44,66.

Comparemos.

O preço médio de um ingresso de cinema chega a R$ 42. O preço médio de uma pizza varia de R$ 30 a R$ 164. O preço de um Big Mac é R$ 22,90. Convenhamos: só acredita que um livro – um livro – que custa menos que 2 Big Macs seja caro quem efetivamente não gosta tanto de ler. Nesse caso, qualquer preço – até mesmo R$ 10 – seria considerado caro. 

Comparemos com outros países então. 

Na Espanha, o preço médio do livro é de R$ 96. No México, R$ 43. Na Colômbia, R$ 29. No Reino Unido, R$ 51. Nos EUA, R$ 85. 

Mesmo levando em conta as tantas diferenças sociais entre todos os países – algo impossível de se converter em uma espécie de fórmula matemática – fica claro que o Brasil está em uma espécie de meião do ranking de preços. 

E esse meião funciona. Em média, o leitor brasileiro lê 5 livros por ano; o mexicano, 3; o colombiano, 2; o inglês, 10; espanhol, 13; e o americano, 12.

Estamos na média, portanto, tanto em preço de livro quanto em hábito de leitura. O que isso significa? Que não somos alienígenas e que não somos, ao contrário do que se prega nas ruas, um povo com aversão à leitura causada por preços irrealmente díspares dos praticados mundo afora.

Estabelecido isso, voltemos à questão de como trabalhar a questão do preço e de como estipular o preço do seu livro. Quem falará sobre isso não serei eu, claro. Falaremos com quem entende do assunto: Carlos Schmiedel.  

Carlos Schmiedel é CEO e fundador da Predify, mentor dos programas de startups do Sebrae e Founder Institute, tecnólogo em Processos Gerenciais e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de São Carlos, onde desenvolve pesquisa sobre precificação ética em algoritmos de Inteligência Artificial. Também é mentor e coordenador de mercado do MBA em Innovation & Lean Startup da UFSCar.

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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