Eu não sou, caro colega autor, um navegador… digamos… literal. Não entendo de barcos, de nós, de ventos, de marés. Não sei se, na vida real, sob as agruras dos oceanos, atracar uma nau realmente é mais difícil que cruzar os reinos de Yemanjá, Netuno e outros senhores submersos.
Mas, com a licença que nos é garantida pelas metáforas, posso assegurar que atracar é decisivamente mais complicado que navegar.
Quando começamos a nossa jornada, há quase um ano, me debrucei sobre pesquisas, dados e reuniões.
Contratamos empresas que investigaram, com lupas, as oportunidades de mercado fora do Brasil. Fizemos a nossa escolha. Trabalhamos em planos financeiros os mais diversos. Mergulhamos em mares de reuniões de tecnologia para desenhar escopos e organizar times. Participamos de feiras para localizar parceiros de negócio. Nos conectamos a conhecedores dos mercados locais para lançar a luz que separa a teoria das pesquisas da prática do cotidiano. Conversamos com uma imensidade de gráficas e empresas de logística. Percorremos toda a longa jornada pela burocracia europeia para registrar marca, abrir empresa e abrir o caminho para operacionalizar a empresa. E isso sem contar o campo pessoal, pois eu me mudei, com toda a minha família, para as bandas de cá do mundo, transformando radicalmente as vidas mais preciosas da minha vida.
Mas fechamos tudo o que precisava ser fechado a tempo – e em tempo recorde.
Essa foi a navegação.
O que seria, então, atracar?
Seria efetivamente começar.
Finalizar as integrações tecnológicas, assinar as últimas assinaturas, apertar o botão verde de início da operação.
Que ninguém se engane: planejar uma jornada como essas e se aventurar pelos mares não é fácil – mas atracar nos portos do Velho Mundo e desembarcar toda uma operação, por mais que seja a parte mais segura e sem perigo da empreitada, é indubitavelmente tortuoso, lento, burocrático.
Agora, enquanto escrevo este post, estamos já nos últimos papéis a serem firmados e nos últimos códigos a serem escritos. Nossa jornada levou um pouco mais de tempo que imaginávamos – não havíamos considerado os tão largos períodos sem vento em que nossas naus ficaram à deriva no Atlântico… mas já chegamos onde deveríamos chegar.
Agora, no fim de um ano de eleições, de Copa do Mundo e de tumultos globais, estamos terminando de desembarcar a nossa empreitada.
Em janeiro, todos nós, autores independentes do novo e do velho mundo, estaremos prontos para desbravar, com as nossas histórias, todos os cantos do globo.
Ótima iniciativa. O Clube está fazendo a verdadeira revolução no mundo dos livros. Tenho insistido, e vou continuar, que o Clube precisa criar uma plataforma, voltada para a divulgação. Afinal, um livro bem escrito e não lido é apenas papel impresso. O serviço pode até ser cobrado, mas terá a marca da credibilidade do nosso Clube.
Luis Torcato – escritor e editor