Pensática Podcast, Ep. 27: Festivais literários realmente funcionam para autores?

Nos primeiros anos do Clube, nós participávamos de tudo o que conseguíamos. Fomos a bienais, a feiras de livros de todos os portes e chegamos a nos transportar, com toda a equipe, para a Flip, em Paraty, durante 9 anos. 

Não posso dizer que os resultados de todas essas participações – ao menos sob a ótica de autores independentes – foi fantástico ou péssimo, bom ou ruim. Os grandes encontros literários, descobrimos na prática, funcionam para autores que descobrem como fazê-los funcionar para as suas próprias carreiras. 

Isso parece esquisito? Pode ser… mas vamos a dois exemplos práticos. 

Em uma Bienal de São Paulo, conseguimos um estande pequeno, na lateral do pavilhão, a partir de onde autores conseguiam lançar seus livros para o público. E lá foram diversos autores por conta própria, sem se preocuparem muito em divulgar seus próprios eventos e contando com a certeza de que a própria Bienal os entregaria centenas de leitores enfileirados para conseguir autógrafos e livros. O resultado? Frustração. Descobrimos todos, a duras penas, a óbvia verdade: leitores não caem do céu, não chovem; eles precisam ser devidamente cultivados. 

Isso nos leva ao segundo exemplo, em uma das Flips, onde a casa do Clube em Paraty foi palco de inúmeros eventos incluindo de debates sobre a literatura independente até saraus. Centenas de pessoas lotaram a nossa casa todos os dias e levaram de lá, além do conhecimento que vem de uma riquíssima troca de experiências, contatos importantes para projetos literários. Um deles, que ainda mantém contato conosco mesmo depois de tantos anos, conseguiu usar o evento tão a seu favor que, em meses, se fixou na lista de autores de língua portuguesa mais vendidos da Europa. 

A diferença entre esses dois exemplos vai além do porte dos eventos em si, até porque a Bienal de São Paulo faz a FLIP parecer um grão de areia. A diferença está no preparo dos autores: os que esperam que resultados caiam do céu estão fadados à frustração; enquanto os que arregaçam as mangas para aproveitar as oportunidades ao máximo têm uma chance muito maior de crescer. E, se essas máximas servem para tudo na vida, onde entra a relevância de participar de um evento literário? Simples: são esses eventos que conseguem reunir o público, de leitores a editores e escritores, somando todas as suas experiências e histórias, no mesmo local. 

São oportunidades incríveis – mas, novamente, apenas se bem aproveitadas. E esse é o papo de hoje, com João Innecco, que atravessou os mares para organizar, como curador, o VII Festival de Poesia de Lisboa, em Portugal.

João Innecco é poeta cantador, membro do Coletivo Transformação e dos Poetas do Tietê. Graduado em Pedagogia na Universidade de São Paulo, pesquisa o potencial da poesia como instrumento de educação popular para pessoas em privação de liberdade, atuando junto do grupo Sarau Asas Abertas nos presídios do Estado de São Paulo. É editor da Antologia Trans(Invisíveis Produções, 2017) e das zines independentes Fumaça (2017) e Tinto (2018). É poeta publicado na revista Poesia Sem Medo e nas antologias Além da Terra Além do Céu (Chiado, 2017), Veia e Ventania (Tietê, 2017) e Tente Entender o Que Tento Dizer / Poesia + hiv-aids (Bazar do Tempo, 2018). Em novembro de 2018, foi um dos poetas selecionados para participar do Mix Literária e da Mostra Textão no Museu da Diversidade Sexual (São Paulo).

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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