Clube de Autores em Portugal: Os três pilares base do nosso plano de navegação

São mais de 75 mil livros publicados em “português brasileiro” desde 2009. Hoje, estamos fazendo uma média de algo como 60 novos títulos por dia, a grande maioria sendo distribuídos para as maiores livrarias e marketplaces do país e do mundo. Há novidades sendo lançadas mensalmente – como o Bolo – e outras sendo desenvolvidas (como a Loja do Autor). No mês passado subimos o Clube para Editoras, fizemos ajustes no Studio de Publicação (incluindo a pre-visualização de capas na etapa final) e reforçamos diversas integrações com canais.

No paralelo, estamos constituindo empresa no além-mar e nos adequando a uma nova forma de burocracia fiscal e governamental, criando novas conexões e estudando tecnologias de inteligência artificial que muito devem nos ajudar.

O caro colega autor pode não saber, mas tudo isso é feito por uma equipe de 6 pessoas. Isso mesmo: seis.

Não foi exatamente simples chegar até aqui com uma equipe tão enxuta… mas, agora que estamos onde estamos, também não sabemos mais como fazer diferente.

Explico: uma plataforma como a do Clube de Autores, que nasceu pioneira, muito antes da literatura independente virar mainstream, e por conta disso atravessou incontáveis turbulências, jamais sobreviveria no modelo tradicional de empresa, cuja operacionalização costuma ser sempre sustentada pelo músculo puro de grandes equipes. Somos um conceito, somos a ideologia de que todos têm histórias para contar e, portanto, precisam ter acesso aos seus públicos. Uma ideologia simples, até óbvia… mas que não encontrava espaço para se concretizar em um mercado então dominado por teias complexas e absolutamente analógicas de publicação.

Nossos três pilares

Sem dinheiro gordo de grandes investidores para nadar contra a corrente (e chegar salvos na outra margem), tivemos que inventar um modelo de negócio próprio, nosso, para conseguir sobreviver com as parcas margens que mercados que dependem da cauda longa costumam deixar por transação. E esse modelo, que seguimos até hoje, se baseou e se baseia em três pilares absolutamente sagrados para nós. São eles:

Pilar #1: Nomadismo

O Clube de Autores nunca teve um escritório formal, um espaço onde toda a equipe trabalhasse junta. Por que? Porque sempre acreditamos que geografia não pode definir a seleção de talentos. Nossos desenvolvedores vivem no Piuaí; nossa financeiro, em Santa Catarina; nosso atendimento e nosso diretor de operações, em São Paulo; e eu, em Lisboa, Portugal. Aprendemos, via ferramentas e métodos, a trabalhar bem a distância – cada um cuidando bem de suas responsabilidades e entregando o que precisa entregar no final do dia.

O que isso nos proporcionou? Liberdade para selecionar talentos e para trabalhar com as pessoas certas nos lugares que elas – e não a empresa – prefiram. Trabalhar com pessoas, entendemos, significa justamente saber colocar identidades, vontades e preferências pessoais de vida à frente de qualquer apego a metro quadrado forçosamente compartilhado.

Pilar #2: Automação

Só se consegue trabalhar bem quando se tem tempo disponível para pensar, para usar mais o cérebro do que as mãos. Veja: todo trabalho, obviamente, carrega alguma proporção de trabalho manual. Códigos não se auto-desenvolvem; emails não se auto-respondem; projetos não se auto-gerenciam. Mas isso não significa que todo profissional precise concentrar seu tempo de trabalho em tarefas monótonas, chatas, repetitivas.

Grosso modo, qualquer tipo de trabalho pode ser dividido em duas grandes tarefas: criar receitas de bolo e preparar os bolos seguindo essas receitas.

O que fazemos aqui é aplicar essa divisão ao extremo. A criação de receitas de bolo – incluindo todas as regras de negócio de publicação de livros, a montagem de novas ofertas, a orquestração de diferentes parceiros e fornecedores para resolver imprevistos – é o foco das pessoas. Uma vez que uma determinada regra seja criada e consolidada, uma vez que ela seja oficializada como um novo padrão, entra em cena a tecnologia.

Para que? Para automatizá-la ao máximo. O melhor exemplo é o próprio processo de publicação: uma vez estabelecidos os formatos, tipos de papel etc., o próprio sistema se encarrega de fazer todas as conexões entre autores, compradores, canais de venda e gráficas sem a necessidade de absolutamente nenhuma interferência humana. Tudo aqui dentro funciona como esse exemplo, com essa lógica.

Quanto menos interferência humana for necessária para executar qualquer processo, qualquer trabalho, maior a agilidade e a eficiência desse mesmo processo ou trabalho. Na outra ponta, quanto maior a necessidade de interferência humana, maior a ineficiência, maiores os prazos de resolução, maiores os custos para a empresa e, consequentemente, maiores os preços que precisarão ser cobrados de todos.

Em outras palavras: pessoas precisam pensar; máquinas precisam executar. Quanto mais extremado se for aqui – mas sem perder a sensibilidade necessária para se detectar o momento em que pessoas precisam interferir nas ações automatizadas das máquinas – maiores as chances de sucesso. Eu iria além e diria que esse fanatismo pela automação foi justamente o que nos permitiu sobreviver aos primeiros anos de vida para, depois, crescer.

Pilar #3: Escala

Existe um termo muito conhecido no mundo dos negócios chamado de MVP, ou Most Valued Proposition. Na prática, ele significa o seguinte:

Se você tem uma ideia para um novo produto, serviço ou projeto, arredonde essa ideia rapidamente, desenvolva-a e coloque-a no ar em uma versão preliminar, enxuta o suficiente para que você possa testar o sucesso antes de investir pesadamente em tecnologia, marketing, logística.

Tudo aqui no Clube é feito antes como MVP. O Profissionais do Livro foi lançado como MVP, testado, arredondado e mantido. O mesmo para o novo Studio de Publicação, para a compra online de ISBN, para o Clube para Editoras etc. Esses foram exemplos que funcionaram em seu estágio embrionário, atingiram metas que estipulamos como limítrofes e conquistaram o que podemos chamar de “direito à vida própria”.

Outro MVPs tiveram destino diferente. A Fábrica de Historinhas, que lançamos em 2018, viveu um punhado de meses, não atingiu os seus objetivos e acabou sendo descontinuado sem drenar recursos maiores dos que havíamos previsto originalmente.

Tudo rápido e prático. Tudo somando a poesia da concepção de novas ideias, da inovação, com a matemática bruta dos negócios. Não se vive sem esse casamento.

Mas foquemo-nos nos MVPs que funcionam. O que acontece com eles?

Testados e comprovados, eles entram imediatamente em uma esteira de desenvolvimento tecnológico focado justamente em automatizar tudo o que precisa ser automatizado.

O que garantimos com isso – além da diminuição óbvia de custos operacionais? Garantimos a possibilidade de escala.

O primeiro formato de livro que lançamos no Clube, meu caro colega autor, foi a base para ampliarmos e oferecermos diversos outros formatos (compondo hoje a maior gama de possibilidades de todo o mercado de autopublicação no mundo). O primeiro serviço que lançamos no Profissionais do Livro foi a base para ampliarmos e oferecermos diversos outros serviços. A primeira livraria com a qual nos integramos foi a base para iniciarmos todo um processo de integração com novas livrarias.

E tudo, absolutamente tudo o que sobreviveu ao estágio de MVP no Clube – incluindo, de certa maneira, o próprio Clube – é uma base perfeita para a ampliação em Portugal, na Espanha, na França e em qualquer outro país.

O ciclo de crescimento

Perceba que tudo está interconectado. O trabalho nômade garante que possamos escolher as melhores mentes que conseguirmos somar em nossa equipe, os cérebros mais criativos e apaixonados independentemente de onde residam. Talentos não devem ficar presos a CEPs. Ao contrário: o fato de estarem dispersos pelo Brasil (e, em breve, pelo mundo) garante justamente uma inevitável diversidade cultural que, hoje, é absolutamente fundamental para qualquer empresa.

O foco na automação permite que não percamos o tempo desses cérebros e que façamos suas ideias ganharem corpo rapidamente, agregando níveis de produtividade que sempre se traduzem em orgulho do próprio trabalho.

E, finalmente, a consequência da automação é a escala necessária paras ampliar justamente as possibilidades, os alcances e as recompensas.

Perceba também que, sem isso, sem esses três pilares, qualquer tentativa de internacionalizar uma empresa com as características do Clube dificilmente funcionaria. Sem esses três pilares, qualquer ampliação de foco seria inevitavelmente prejudicial ao negócio pois acabaria nos afastando da nossa base, da nossa operação atual que já corre bem mas que, como qualquer operação, precisa de atenção minuciosa, de acompanhamento próximo, de… carinho.

Mas conceitos, por si só, não garantem o sucesso. Uma coisa é ter esses três pilares; outra é colocá-los em prática. Mas deixemos isso para a semana que vem.

A ser continuado na próxima terça-feira

Acompanhe a jornada do Clube de Autores para novos mercados, em tempo real, neste link: www.clubedeautores.com.br/jornada

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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