Por que precisamos escrever e falar sobre o Nazismo?

A relação do Brasil com o nazismo poderia ter ficado na década de 30. Entretanto, não é preciso ir muito longe para confirmar que o assunto vez ou outra ultrapassa os livros de história e se confunde com pautas do século XXI. 

Em 2018, por exemplo, às vésperas da eleição presidencial no Brasil, o tema voltou a ser debatido nas redes sociais. Desde então o Google registrou a maior tendência de busca dos últimos cinco anos incluindo os termos “o que é nazismo?”. Recentemente, outros debates envolvendo figuras políticas fizeram com que o gráfico voltasse a subir.

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Captura do Google News, 20/01/2020

O nazismo é proibido em diversos cantos do mundo, mas a discussão sobre ele não deve acabar. Principalmente enquanto os brasileiros demonstram ter dúvidas básicas sobre a ideologia que resultou na morte de mais de 6 milhões de pessoas em campos de concentração motivada, principalmente, pelo antissemitismo (aversão aos judeus) e a ideia racista de superioridade do homem branco. 

Foram esses moldes que conduziram a Alemanha à Segunda Guerra Mundial. E, ainda que Holocausto e o regime totalitário de Hitler tenham ocorrido em solo alemão, cabe lembrar que o nazismo também chegou ao Brasil, com seguidores ostentando suásticas preta e vermelha e declarando-se adeptos aos seus ideais. 

Tudo isso, sem mencionar o integralismo, movimento político brasileiro ultranacionalista, chamado de Ação Integralista Brasileira (AIB), que esteve próximo do Partido Nazista na época e compartilhava de muitos de seus princípios.

“Em alguns lugares, como em Santa Catarina, a sede dos dois partidos chegou a funcionar no mesmo lugar, o que mostra um trabalho em conjunto. Porém, da parte do governo de Hitler, tal união não era bem vista. Seus representantes chamavam o integralismo de ‘fascismo tupiniquim'”, explica Ana Maria Dietrich, professora adjunta de Ciências e Humanidades e de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC, em sua entrevista para o UOL TAB.

Ana Maria Dietrich também é autora do livro “Nazismo Tropical?”, publicado em 2012 pelo Clube de Autores. Em sua obra, a professora informa sobre a atuação do Partido Nazista no Brasil, localizando as questões de raça ao contexto verde e amarelo, onde o ódio era (e ainda é) direcionado principalmente a pessoas negras e miscigenadas (mistura de diferentes etnias).

E, já que o nazismo vive ainda disfarçado de outros preconceitos, livros como o Nazismo Tropical? são fundamentais para compreendermos nossa relação histórica com o movimento e, principalmente, conseguirmos identificar expressões mascaradas da ideologia nos dias de hoje. Seja através de editoras ou publicações independentes, devemos continuar incentivando o diálogo a fim de conhecermos até mesmo as partes mais clandestinas de nossa história.

Para saber mais sobre a clandestinidade do Partido Nazista em solo brasileiro, confira a matéria da UOL TAB.

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Créditos da imagem principal: John Ondreasz

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

Um comentário em “Por que precisamos escrever e falar sobre o Nazismo?

  1. São as pequenas ações e a discussão de temas sociopolíticos como desse texto fazem eu acreditar que ainda há muitas pessoas inteligentes e sensatas no meu país que utilizam de seus conhecimentos para o bem de todos, não como instrumento de manipulação e opressão como eu vejo no meu dia a dia.
    Por isso eu gostaria de dar meus sinceros parabéns ao autor desse texto.
    #pormaistextosassim

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