A relação do Brasil com o nazismo poderia ter ficado na década de 30. Entretanto, não é preciso ir muito longe para confirmar que o assunto vez ou outra ultrapassa os livros de história e se confunde com pautas do século XXI.
Em 2018, por exemplo, às vésperas da eleição presidencial no Brasil, o tema voltou a ser debatido nas redes sociais. Desde então o Google registrou a maior tendência de busca dos últimos cinco anos incluindo os termos “o que é nazismo?”. Recentemente, outros debates envolvendo figuras políticas fizeram com que o gráfico voltasse a subir.
O nazismo é proibido em diversos cantos do mundo, mas a discussão sobre ele não deve acabar. Principalmente enquanto os brasileiros demonstram ter dúvidas básicas sobre a ideologia que resultou na morte de mais de 6 milhões de pessoas em campos de concentração motivada, principalmente, pelo antissemitismo (aversão aos judeus) e a ideia racista de superioridade do homem branco.
Foram esses moldes que conduziram a Alemanha à Segunda Guerra Mundial. E, ainda que Holocausto e o regime totalitário de Hitler tenham ocorrido em solo alemão, cabe lembrar que o nazismo também chegou ao Brasil, com seguidores ostentando suásticas preta e vermelha e declarando-se adeptos aos seus ideais.
Tudo isso, sem mencionar o integralismo, movimento político brasileiro ultranacionalista, chamado de Ação Integralista Brasileira (AIB), que esteve próximo do Partido Nazista na época e compartilhava de muitos de seus princípios.
“Em alguns lugares, como em Santa Catarina, a sede dos dois partidos chegou a funcionar no mesmo lugar, o que mostra um trabalho em conjunto. Porém, da parte do governo de Hitler, tal união não era bem vista. Seus representantes chamavam o integralismo de ‘fascismo tupiniquim'”, explica Ana Maria Dietrich, professora adjunta de Ciências e Humanidades e de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC, em sua entrevista para o UOL TAB.
Ana Maria Dietrich também é autora do livro “Nazismo Tropical?”, publicado em 2012 pelo Clube de Autores. Em sua obra, a professora informa sobre a atuação do Partido Nazista no Brasil, localizando as questões de raça ao contexto verde e amarelo, onde o ódio era (e ainda é) direcionado principalmente a pessoas negras e miscigenadas (mistura de diferentes etnias).
E, já que o nazismo vive ainda disfarçado de outros preconceitos, livros como o Nazismo Tropical? são fundamentais para compreendermos nossa relação histórica com o movimento e, principalmente, conseguirmos identificar expressões mascaradas da ideologia nos dias de hoje. Seja através de editoras ou publicações independentes, devemos continuar incentivando o diálogo a fim de conhecermos até mesmo as partes mais clandestinas de nossa história.
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Créditos da imagem principal: John Ondreasz
São as pequenas ações e a discussão de temas sociopolíticos como desse texto fazem eu acreditar que ainda há muitas pessoas inteligentes e sensatas no meu país que utilizam de seus conhecimentos para o bem de todos, não como instrumento de manipulação e opressão como eu vejo no meu dia a dia.
Por isso eu gostaria de dar meus sinceros parabéns ao autor desse texto.
#pormaistextosassim