Quis o ano que o seu final fosse tão turbulento quanto o começo.
Abrimos 2015 com a posse da presidente reeleita após uma campanha sangrenta de todos os lados, que deixou o país dividido e em uma franca guerra civil ideológica marcada pelo “nós contra eles”.
Já nos primeiros meses, medidas do governo contrárias às promessas de campanha foram colocando mais lenha na fogueira, reforçada ainda por denúncias de corrupção e prisões de políticos, empresários, lobistas e outras figuras turvas que pairam como urubus sobre as nossas tão falíveis instituições.
No decorrer de 2015, inflação, desemprego e crise se aprofundaram nas entranhas tupiniquins.
No final de 2015, até pedido de impeachment apareceu para adicionar ainda mais drama às nossas tão pessimistas perspectivas que inclui, para ficar apenas no cenário econômico, a maior recessão que o país já viveu desde a década de 30.
Drama, no entanto, é o combustível principal de quem escreve: e este é o lado positivo de tudo o que estamos vivendo.
Sim: fechar 2015 com uma perspectiva de um 2016 tenebroso não é uma boa notícia. Mas tem em nossas mãos um excesso de hipóteses, de possibilidades, de conflitos. Temos em nossas mãos todo um universo de enredos para trabalhar.
E uma coisa é certa: temos olhos ansiosos por nos lerem, como prova a ascensão forte da literatura independente que ignora qualquer tipo de crise.
2015 pode ter sido um ano truculento. 2016 pode ser um ano em que toda a tensão acumulada do caos político e econômico brasileiro exploda.
Sob a ótica das novas histórias que nascerão das mentes de todos nós, autores, nada poderia ser melhor.
Aproveitemos o caos.