E-readers versus tablets: quem ganha a guerra?

Sendo bem direto: tablets. Pelo menos essa é a conclusão que está sendo traçada aqui nas reuniões dos YCEs em Londres, em que o Clube de Autores está representando o Brasil.

Apesar da incrível dominação do Kindle no mercado mundial, há indícios claros no sentido dessa “tendência”, por assim dizer.

O mais importante é que leitores digitais de livros são, em sua totalidade, limitados. Sim: são feitos para ler livros e, portanto, não tem foco tão claro em resoluções de tela, qualidade de áudio, integração com redes sociais e navegação na Web como um todo.

Se o futuro do livro girasse apenas em torno do formato (ebook versus impresso), é possível que produtos como o Kindle tivessem uma expectativa de vida e de crescimento avassaladora. Mas não é isso que está acontecendo: de maneira geral, aliás, as vendas de leitores digitais como o Kindle estão diminuindo substancialmente o ritmo – principalmente quando se compara com tablets.

Produtos como o ipad podem fazer mais? Certamente. Esse post, por exemplo, está sendo escrito em um durante uma reunião.

E é esse “fazer mais” que conta. Afinal, antes de entender o futuro do livro é fundamental compreender o perfil do leitor do futuro (que, em grande parte, já é também o leitor do presente, principalmente nas gerações mais novas).

O leitor do presente não é apenas um leitor. Ele também escreve, seja um livro, um artigo, um post de recomendação em redes sociais ou qualquer outra coisa.

O leitor do presente não é linear: histórias longas com um começo, meio e fim perdem a graça para ele. Enquanto lê, ele gosta de pesquisar sobre o assunto, de acessar vídeos relacionados, outros livros, de conversar.

O leitor do presente não usa a Internet com hora marcada: ele sempre está na Internet. E fazendo diversas coisas ao mesmo tempo.

O problema de ereaders como o Kindle é que eles são uma espécie de versão digital do livro impresso. E não me entendam mal: eles fazem um trabalho incrível nesse sentido, tem uma qualidade incomparável e ainda são um imenso sucesso de vendas em todo o mundo. Só que uma das características mais fantásticas do mundo é que ele tende a mudar. Sempre.

Seria perfeito se o público estivesse buscando apenas uma versão diferente do que eles já estão acostumados. Só que o caso é outro.

O leitor do presente quer um modelo diferente de leitura – algo que permita opções diferentes de aprofundamento em conteúdo, de imersão e mesmo colaboração. Algo que inclui o livro tradicional, por assim dizer, como uma parte do modelo – mas não como o modelo inteiro.

Em outras palavras: o futuro do livro é se transformar em algo muito mais plural do que o que entendemos, hoje, como livro.

E ereaders – ao menos atual,ente – simplesmente não estão preparados para isso. E, caso se preparem, terão fatalmente que iniciar (praticamente do zero) uma jornada inteira que já está sendo trilhada, com grande sucesso, por empresas como Apple, Samsung e outras.

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

8 comentários em “E-readers versus tablets: quem ganha a guerra?

  1. Sem sentido esse artigo. Um E-reader é uma coisa e um tablet outra…
    Eu acho que o Clube dos autores poderia inclusive disponibilizar os arquivos não só em pdf mas mobi e epub …
    Ler em tablet só se for pra ler receita de bolo porque livro é extremamente cansativo e tirando que bateria acaba antes do livro…

    1. Oi William. Sim, são duas coisas diferentes – mas segundos pesquisas em todo o mundo, o uso de tablets para leitura de livros tem crescido enquanto a de ereaders tem ficado estável. Ou seja: mesmo sendo duas coisas diferentes, o fato de ambos poderem ser utilizados para ler livros online os transforma em competidores diretos nesse segmento, tanto do ponto de vista teórico quanto prático. E esse ponto de vista prático é até mais importante, porque impacta no comportamento das vendas deles. O sentido todo está aí, entende?

      A propósito, nós já permitimos há bastante tempo que autores publiquem em formato EPub. Isso é inclusive necessário para a distribuição em lojas como Amazon, com quem trabalhamos.

  2. Eu decidi comprar um Kindle em detrimento de um tablet, justamente, porque nele eu posso ler como leio um livro de papel. Entendi todas as vantagens de um tablet, mas não é possível ler nele por horas seguidas, coisa que os leitores que leem muito costumar fazer. No fim das contas, nós, os leitores vorazes, seremos limados do mercado e teremos de nos adaptar à “imersão literária em suas mil possibilidades”.

  3. Sensacional este post e concordo muito que ao usar o Kindle, embora como você mesmo disse tenha o seu valor, eu sinto falta de ir além, de navegar, fazer pesquisas, e outras coisas. É isso mesmo!
    Abraços!

  4. Com razão!

    E é considerando este enorme potencial dos tablets, como uma ferramenta de acesso à internet e leitor de e-books, entre outras coisas, que o Clube de Autores deveria – se já não estiver pensando nisso – considerar a possibilidade de lançar um app nas plataformas IOS, Android e Windows, igual aos que já existem de muitas livrarias: Saraiva, Cultura, Aple Store, Play Livros, etc… não só visando as vendas de impressos e ebooks pelos tablets e smartphones, mas com um leitor de ebooks integrado, seja para suportar tanto PDF como epub.

    Já pensou, poder comprar, baixar imediatamente e começar a ler?

    Grande abraço.

    Fabio.

    1. Estamos considerando sim Fábio! Aliás, o Pensática – que deve ir ao ar amanhã – é uma Web app que roda em tablets e iphone e que já tem um e-reader. É o primeiro passo nessa área que estamos dando – e pode ter certeza de que muitos outros se seguirão!

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