A sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2024 pelo Instituto Pró-Livro (IPL), revela um cenário detalhado sobre o hábito de leitura, as motivações e desafios enfrentados no país.
Com mais de 5.500 entrevistas realizadas em 208 municípios, o estudo aborda tanto o consumo de livros impressos quanto digitais, além de traçar perfis de leitores e não leitores, suas barreiras e os impactos de diferentes contextos na formação leitora.
Este relatório profundo é realizado a cada 5 anos e certamente você se surpreenderá com os resultados. Neste blogpost, levantaremos os principais dados, com uma breve análise. Vamos lá? Boa leitura!
O que mudou no hábito de leitura dos brasileiros?
O estudo aponta uma queda no índice de leitores: 47% da população com mais de 5 anos leu pelo menos um livro nos últimos três meses, frente a 52% em 2019. Isso corresponde a uma estimativa de 93,4 milhões de leitores, uma redução significativa comparada aos 100,1 milhões registrados na pesquisa anterior.
Entre os leitores, a média anual de livros lidos caiu (entre todos os entrevistados) de 4,95 (2019) para 3,96 em 2024. A divisão entre livros lidos inteiros (2,07) e em partes (1,89) demonstra que o envolvimento completo com obras literárias diminuiu ao longo dos anos.
Quem são os leitores no Brasil?
Os dados mostram variações importantes de acordo com gênero, faixa etária, escolaridade e região:
- Gênero: as mulheres continuam lendo mais que os homens, com 50,4% delas sendo leitoras contra 42,9% dos homens.
- Idade: jovens entre 5 e 13 anos apresentam os maiores índices de leitura regular, especialmente influenciados pela escola. Já na faixa acima de 40 anos, os índices caem consideravelmente.
- Escolaridade: a leitura é mais frequente entre pessoas com ensino superior, cuja média anual chega a 6,45 livros, em contraste com 3,07 livros entre aqueles que têm apenas o ensino fundamental.
- Região: o Sul ainda concentra o maior número de leitores (53% da população regional), enquanto o Norte apresentou a maior queda de penetração de leitura, de 63% em 2019 para 48% em 2024.
Formatos de leitura: digital vs impresso
A pesquisa destaca o avanço dos formatos digitais. Apesar de os livros impressos ainda predominarem, há uma crescente adoção de e-books e leituras em dispositivos móveis. Questões sobre “preferência por livros digitais ou impressos” foram introduzidas nesta edição, refletindo a relevância do tema.
Entre os leitores de literatura, 68% consumiram romances e poesias também em meios digitais, como redes sociais, blogs e aplicativos de mensagens. Essa mudança indica a fragmentação das práticas de leitura e a relevância de outros suportes na manutenção do hábito.
As motivações para ler
“Gostar de ler” foi a principal razão citada por 24% dos entrevistados. Outros motivos destacados incluem “distração” (15%) e “atualização cultural” (15%). No entanto, a influência religiosa ainda é significativa, especialmente nas faixas etárias mais altas.
Barreiras para a leitura
Entre os leitores, 75% gostariam de ter lido mais, mas alegaram “falta de tempo” como principal barreira (46%). Esse dado reflete uma dificuldade que atravessa todas as classes sociais e faixas etárias. Já os não leitores apontaram como principais razões para não ler “não gostar de ler” (4%) e “falta de paciência” (8%).
Curiosamente, apenas 5% dos entrevistados citaram o preço dos livros como barreira, o que pode indicar que outros fatores, como acesso e engajamento, têm maior peso.
O papel da escola e da família
A escola ainda desempenha um papel crucial na formação de leitores, especialmente entre jovens. 30% dos estudantes leem livros didáticos todos os dias ou pelo menos uma vez por semana. Porém, a frequência de leitura por vontade própria ainda é baixa, com 20% dos estudantes afirmando não ler regularmente.
Além disso, a pesquisa incluiu questões sobre o universo literário infantil. Uma das novidades foi a análise da quantidade de livros infantis nas residências e o impacto dos hábitos de leitura dos pais no comportamento das crianças.
Conclusão: para onde caminha a leitura no Brasil?
A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2024 revela uma realidade desafiadora, mas com oportunidades de crescimento. A queda no número de leitores e na quantidade de livros lidos exige ações coordenadas entre governo, escolas, famílias e demais players do mercado do livro para fomentar o hábito de leitura, principalmente em regiões e classes mais vulneráveis.
Por outro lado, a diversificação dos suportes de leitura e o interesse crescente por formatos digitais apontam para novas possibilidades de engajamento. Investir em políticas públicas que ampliem o acesso e incentivem a leitura desde a infância, além dos desenvolvimentos tecnológicos e práticas de democratização da literatura, podem ser o caminho para transformar esses indicadores nos próximos anos.
O que achou desta breve análise do Relatório? Nos acompanhe que publicaremos mais dados e conteúdos relativos a essa pesquisa do IPL. Comente abaixo o que achou e, caso queira, acesse o relatório completo clicando no link abaixo. Até breve!
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