Interpretando as reações dos leitores em tempo real

Dentre tudo o que aconteceu na semana retrasada – incluindo ter ganho o prêmio de YCE em nome do Clube de Autores – o que mais me impressionou em Londres foi ter contato direto com alguns dos movimentos mais importantes pelos quais o mercado literário está passando. Pretendo blogar sobre isso nesses próximos dias para compartilhar um pouco do que vi – sendo que o mais “revolucionário” foi a mudança do próprio conceito de livro.

Tanto na Feira de Londres quanto nas diversas reuniões que aconteceram pela capital britânica, o que ficou mais claro é que livro não é mais definido por um punhado de páginas (ou telas) contendo letras. Na verdade, o próprio nome “livro” acabou perdendo importância por lá e cedendo espaço para experimentos mais ricos em torno de narrativas (ou “storytelling”).

Mas cuidado com fatalismos: isso não significa que o livro morreu ou nada do gênero. Significa apenas que a humanidade está achando formas inovadoras para se contar histórias, conectando-se com as novas gerações por meio das suas linguagens quase natas como drag-and-drop, interações, multimídia, multitasking etc.

E, se isso aproxima o mercado editorial ao de games e de cinema (o que pode não ser algo necessariamente positivo), também acaba apresentando ao nosso mercado tecnologias impressionantes que podem ser utilizadas (o que, com certeza, é fabuloso).

Uma dessas é de um estúdio britânico chamado Portal Entertainment. Sabe o que eles fazem?

Separam “cortes” de filmes e distribuem para a audiência, usando a câmera do IPad e um software de reconhecimento facial para “interpretar” as emoções dos usuários cena a cena. O objetivo: evitar que filmes fiquem entediantes e deixar o público sempre super atento ao que estiver vendo.

Mesmo sendo uma tecnologia mais para filmes do que para livros, não é difícil imaginar uma possível adaptação em um futuro próximo. E, com certeza, poderia ajudar muito a escritores, que teriam assim uma interpretação estatística de cada trecho de seus livros.

Achei um vídeo no Youtube com uma demonstração muito parecida do Portal Entertainment que a que vi na Inglaterra e compartilho abaixo. O único ponto negativo é que ela está em inglês – mas vale para quem souber o idioma.

 

 

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

Um comentário em “Interpretando as reações dos leitores em tempo real

  1. Estamos nos inovando a cada dia, é necessário sim uma mudança de comportamento frente as novas maneiras de se ler um livro. O Brasil está caminhando lentamente para esse novo mercado tecnológico, que para mim é uma ferramenta sem precedentes para o desenvolvimento de nosso trabalho. O escritor precisa estar aberto a novos conceitos e a novos horizontes. Espero que essa nova maneira de ver e ler um livro seja uma porta aberta para o reconhecimento do trabalho e dedicação de um escritor. E que seja um incentivo positivo paras as novas gerações de leitores.

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