Dentre tudo o que aconteceu na semana retrasada – incluindo ter ganho o prêmio de YCE em nome do Clube de Autores – o que mais me impressionou em Londres foi ter contato direto com alguns dos movimentos mais importantes pelos quais o mercado literário está passando. Pretendo blogar sobre isso nesses próximos dias para compartilhar um pouco do que vi – sendo que o mais “revolucionário” foi a mudança do próprio conceito de livro.
Tanto na Feira de Londres quanto nas diversas reuniões que aconteceram pela capital britânica, o que ficou mais claro é que livro não é mais definido por um punhado de páginas (ou telas) contendo letras. Na verdade, o próprio nome “livro” acabou perdendo importância por lá e cedendo espaço para experimentos mais ricos em torno de narrativas (ou “storytelling”).
Mas cuidado com fatalismos: isso não significa que o livro morreu ou nada do gênero. Significa apenas que a humanidade está achando formas inovadoras para se contar histórias, conectando-se com as novas gerações por meio das suas linguagens quase natas como drag-and-drop, interações, multimídia, multitasking etc.
E, se isso aproxima o mercado editorial ao de games e de cinema (o que pode não ser algo necessariamente positivo), também acaba apresentando ao nosso mercado tecnologias impressionantes que podem ser utilizadas (o que, com certeza, é fabuloso).
Uma dessas é de um estúdio britânico chamado Portal Entertainment. Sabe o que eles fazem?
Separam “cortes” de filmes e distribuem para a audiência, usando a câmera do IPad e um software de reconhecimento facial para “interpretar” as emoções dos usuários cena a cena. O objetivo: evitar que filmes fiquem entediantes e deixar o público sempre super atento ao que estiver vendo.
Mesmo sendo uma tecnologia mais para filmes do que para livros, não é difícil imaginar uma possível adaptação em um futuro próximo. E, com certeza, poderia ajudar muito a escritores, que teriam assim uma interpretação estatística de cada trecho de seus livros.
Achei um vídeo no Youtube com uma demonstração muito parecida do Portal Entertainment que a que vi na Inglaterra e compartilho abaixo. O único ponto negativo é que ela está em inglês – mas vale para quem souber o idioma.
Estamos nos inovando a cada dia, é necessário sim uma mudança de comportamento frente as novas maneiras de se ler um livro. O Brasil está caminhando lentamente para esse novo mercado tecnológico, que para mim é uma ferramenta sem precedentes para o desenvolvimento de nosso trabalho. O escritor precisa estar aberto a novos conceitos e a novos horizontes. Espero que essa nova maneira de ver e ler um livro seja uma porta aberta para o reconhecimento do trabalho e dedicação de um escritor. E que seja um incentivo positivo paras as novas gerações de leitores.