Auto da Compadecida 2 estreou recentemente nos cinemas de todo o Brasil, visando resgatar o sucesso do primeiro filme, reengajando o público que acompanhou as aventuras de João Grilo e Chicó há mais de 20 anos.
Os filmes foram baseados na peça teatral “Auto da Compadecida” de 1955 de Ariano Suassuna, com elementos de “O Santo e a Porca”, “Torturas de um Coração” e “A pena e a Lei”, tendo como principal referência, claro, o “Auto da Compadecida”. Como o título já é bem marcante, talvez não percebemos que o título faz referência ao estilo literário que ele foi escrito: o auto.
Por aqui, já falamos sobre o auto no texto sobre o gênero dramático, mas, agora, exploraremos mais detalhes sobre esse tipo de texto, aproveitando, claro, a grande obra do autor paraibano como exemplo.
Vamos lá? Boa leitura!
Afinal, o que é um auto?
O auto é uma forma de teatro popular, geralmente em formato curto, com origens na Idade Média. Ele era utilizado como uma ferramenta de evangelização e educação, misturando elementos religiosos com comédia, sátira e uma linguagem acessível para o público da época. O termo “auto” vem do latim actu, que significa “ação”, destacando o caráter dinâmico e performático desse estilo.
Uma das marcas do auto é sua abordagem de temas universais, como a luta entre o bem e o mal, questões morais e dilemas humanos, sempre com um tom acessível e muitas vezes humorístico. Além disso, é comum que o auto utilize elementos regionais, retratando costumes e tradições locais.
Exemplos de autos famosos na literatura
O “Auto da Compadecida” é o exemplo mais emblemático do auto no Brasil. Escrito em 1955 por Ariano Suassuna, a peça mistura elementos do cordel nordestino, cultura popular e temas religiosos, criando uma narrativa única. A obra conta a história de João Grilo e Chicó, dois nordestinos astutos que enfrentam situações cômicas e dramáticas, com um desfecho que envolve uma intervenção divina da Compadecida, uma representação da Virgem Maria.
Outros exemplos famosos incluem:
Naturalmente, outros autos ganharam destaque nacional, como essas duas obras de Gil Vicente e do padre Jose de Anchieta, respectivamente:
- Auto da Alma: uma peça do teatro português medieval que aborda a salvação da alma humana.
- Auto de São Lourenço: auto que apresenta trechos em português, espanhol e tupi antigo, refletindo a diversidade social e cultural do Brasil do século XVI.
Essas obras ilustram a diversidade temática e o impacto cultural que os autos possuem, tanto no Brasil quanto em outros países.
Como escrever um auto: dicas infalíveis
Escrever um auto pode ser uma experiência desafiadora e gratificante. Aqui estão algumas dicas para criar uma peça nesse estilo:
1. Escolha um tema universal com um toque regional
Os autos tratam de temas universais, como justiça, moralidade ou redenção. Adicione uma camada de regionalismo, incorporando elementos culturais, linguísticos e históricos da região que você deseja retratar.
2. Misture humor e reflexão
O humor é um componente essencial dos autos. Ele torna a mensagem mais leve e acessível, ao mesmo tempo, em que provoca reflexões sobre questões importantes.
3. Use personagens arquetípicos
Os personagens nos autos geralmente representam arquétipos, como o esperto, o tolo, o vilão ou o herói. Eles devem ser facilmente identificáveis e possuir características exageradas para potencializar o efeito dramático.
4. Trabalhe o diálogo de forma natural
Diálogos diretos e com um toque de oralidade ajudam a aproximar o público. No caso do Brasil, pode-se incorporar expressões regionais e sotaques típicos.
5. Estruture a narrativa com um clímax moral ou religioso
Um auto geralmente apresenta um conflito que culmina em um julgamento ou intervenção divina, ressaltando valores éticos ou religiosos. Planeje bem o clímax para que ele seja impactante e significativo.
Por que o “Auto da Compadecida” é tão relevante?
O sucesso de “Auto da Compadecida” está na sua capacidade de mesclar de maneira brilhante o estilo literário tradicional do auto com a cultura nordestina brasileira. Suassuna conseguiu traduzir valores universais e conflitos humanos para o contexto do sertão, criando uma obra atemporal.
Conclusão
O auto é um estilo literário que carrega séculos de história e continua encantando leitores e espectadores ao redor do mundo. Com o “Auto da Compadecida”, Ariano Suassuna trouxe uma nova vida a esse gênero no Brasil, unindo tradição e modernidade em uma obra-prima inesquecível.
Se você deseja explorar o universo dos autos, siga as dicas deste texto e mergulhe nessa forma de expressão cheia de humor, reflexão e cultura. Afinal, nada melhor do que contar histórias que ressoam tanto no palco quanto no coração do público.
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