Clube de Autores em Portugal: Como somos vistos por aqui pela Europa?

Fui, há algumas semanas, à Feira do Livro de Frankfurt.

Fui pela primeira vez, incrivelmente, dado que já temos mais de 13 anos de idade e que essa é a maior e mais antiga feira de livro do mundo.

Minha expectativa: estruturar conexões em todas as esferas para nutrir a plataforma do Clube com mais tecnologia, mais distribuição e mais oportunidades. E, claro, fui também conferir o que estava acontecendo no mercado europeu, também o maior e mais antigo do mundo.

Foram reuniões e mais reuniões com empresas de TI, com editoras, com distribuidoras, com gráficas, com possíveis importantes parceiros. E, do ponto de vista de negócios, dá para dizer que saí de Frankfurt com um sorriso estampado de orelha a orelha. Teremos todos, meu caro colega autor, um mar de oportunidades para navegar aqui pelo Velho Mundo.

Mas não foi isso que me causou impressões mais fortes.

Em uma reunião com uma empresa de inteligência artificial focada em gerar previsões de vendas de títulos – algo que estamos buscando há tempos por aqui – tive uma dificuldade inacreditável em explicar o que fazíamos. “Como assim, o autor publica gratuitamente?” Vocês realmente conseguem imprimir um a um?” “Como vocês dão essa liberdade toda?” “Como conseguem fazer a conta fechar?”

O nosso modelo parecia tão alienígena que, em alguns momentos, me senti teletransportado para a década de 90.

O resumo das interrogações – que foram repetidas, aliás, em diversas outras reuniões com empresas alemãs, francesas, turcas e de mais outras tantas nacionalidades – foi uma espécie de embasbacamento com o que eles consideraram um paradoxo: conseguirmos ser, ao mesmo tempo, revolucionários e sustentáveis. Conseguirmos romper com todo o status quo e colocar o centenário modelo editorial de cabeça para baixo enquanto vivemos, crescendo, saudáveis ao ponto de conseguirmos expandir para outro continente.

Não falo isso como um auto-elogio (embora, claro, ser adjetivado dessa forma tenha sido motivo de enrubescer as faces). Falo isso para reforçar um imenso e inesperadíssimo choque.

Porque existimos desde 2009. E, apesar de nunca ter sido uma jornada fácil (pois empreender no Brasil, principalmente quando se começa sem nada, está longe de ser algo simples), nunca deixamos de crescer e de superar nossos obstáculos um a um até chegarmos aqui.

Repito: existimos desde 2009. Há 13 anos.

Em 2014 fomos premiados como empresa mais inovadora do mercado na Feira do Livro de Londres.

Em 2014. Há 8 anos.

Estamos em 2022.

O mercado editorial já passou por tsunamis sucessivos, já quebrou, já se reergueu, já enfrentou mais mudanças nos últimos anos do que nos primeiros 2 ou 3 séculos pós Gutenberg.

E, ainda assim, uma plataforma nascida no Brasil há 13 anos ainda é vista com um ar de deslumbramento pelos principais expoentes do mercado editorial europeu, aqueles que deveriam exalar inovação por cada poro.

Enfim, meu caro colega autor… o que queria expor aqui é que, por vezes, nós todos nos subvalorizamos, nos colocamos quase que instintivamente abaixo de outros que tiveram mais acesso e mais oportunidades que nós. Nosso complexo de vira-latas, essa praga que nos faz crer cegamente na impossibilidade de qualquer forma de superioridade em relação aos gringos que nos cercam, é nosso maior inimigo.

Deixemo-na no passado e o futuro pertencerá a nós.

Por que? Porque temos uma valiosíssima característica que poucos em países desenvolvidos sequer conseguem entender: sabemos lidar em escala com adversidades. Sabemos como sobreviver a mercados absolutamente instáveis. O instinto de driblar problemas nos foi inserido no DNA a partir de gerações de azarados, de vítimas do acaso, de revolucionários. Sabemos usar o improviso para resolver problemas. Dominamos, como latinoamericanos e brasileiros, a arte de tecnologizar a gambiarra.

E não falo isso de nós, aqui no Clube de Autores. Falo isso de todos nós, Autores do Clube, que usamos a nossa criatividade para batalhar por mais espaço, por mais leitores, por mais oportunidade para mostrar as nossas artes, as nossas literaturas. Literaturas que, acreditem, hão de encantar os olhos de todo o mundo em um futuro muito mais próximo que o que imaginamos.

Estamos chegando.

Mas… esqueci de responder a pergunta feita na semana passada: como estamos, de maneira prática, em relação à implantação da nossa operação na Europa? 

A ser continuado na próxima terça-feira

Acompanhe a jornada do Clube de Autores para novos mercados, em tempo real, neste link: www.clubedeautores.com.br/jornada

Assine a Nossa Newsletter

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

2 comentários em “Clube de Autores em Portugal: Como somos vistos por aqui pela Europa?

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *