Antes de começar a descrever a maneira com que trabalhamos os nossos projetos aqui, já gostaria de deixar claro que a base desse método não é nossa. Como alguns já sabem, dividi boa parte da minha carreira entre o Clube de Autores e o mercado publicitário, onde atuei por anos como Diretor de Estratégia de uma agência (A2C) e, quando ela foi vendida para um grupo maior, a Brivia, como vice-presidente.
A Brivia é, hoje, uma referência internacional em inovação e transformação digital – e trouxe de lá um modelo de inovação tão simples quanto eficiente.
O segredo de se inovar, afinal, não é ter uma ideia interessante e colocá-la em prática. Tal como boas intenções, o inferno está repleto de boas ideias. Eu iria além: inovar é apenas 10% de criação aliado a 90% de execução, de suor, de construção. E, para empresas que não atingiram o patamar de gigantes, há que se inovar e se construir com a mesma equipe que toca o dia-a-dia – sem deixar a peteca cair. Viver, como diria Guimarães Rosa, é muito perigoso.
Não entrarei aqui em detalhes sobre o processo de inovação em si, sobre cada uma das etapas ou metodologias envolvidas: não quero entediar o caro colega autor com nenhum excesso de tecniquês mercadológico. Mas quero compartilhar aqui a forma com que dividimos absolutamente tudo o que fazemos – e que é a base da conciliação entre se manter, se crescer e se inovar.
Os 3 tempos
O Hoje
É importante que se entenda que uma plataforma como o Clube de Autores nunca está pronta. Há sempre detalhes que precisam ser trabalhados, refinados, desenvolvidos.
Exemplos? Em um determinado ponto, por algum motivo qualquer, detectamos que pedidos feitos por cadastros com um DDD específico apontavam falhas na emissão de suas respectivas notas fiscais; em outro, percebemos que arquivos gerados a partir de versões específicas do MS Word travavam no processo de publicação; no paralelo, recebemos retorno de diversos usuários pedindo a capacidade de pre-visualizar as capas de seus livros antes de efetivar a publicação; e assim por diante. Há uma lista de gigante e sempre crescente de pequenas coisas que precisam ser sempre endereçadas, de pequenos reparos e suaves melhorias técnicas feitas para deixar a experiência do usuário sempre perfeita.
Como fazemos com essas demandas? Alocamos todas em uma categoria que chamamos de “HOJE” e que traduzimos como manutenções necessárias para que a plataforma siga crescendo organicamente e com saúde.
Todas essas demandas são catalogadas e priorizadas pelo nosso time utilizando uma ferramenta simples chamada Trello, por onde a equipe de desenvolvimento se guia no cotidiano. O papel do time de atendimento e operações é manter essa lista sempre atualizada e crescente; o papel do time de desenvolvimento é eliminar itens da lista o mais rápida e eficientemente possível.
Essa dicotomia tem um objetivo simples: garantir a estabilidade plena da plataforma tal como ela é.
O Amanhã
Plataformas, no entanto, não crescem apenas por se manterem estáveis. Elas precisam evoluir, crescer, buscar novas formas de atender a novas demandas que não existiam, ao menos com força, no passado.
São evoluções como a reinvenção do Profissionais do Livro, site que nasceu como marketplace aberto de serviços editoriais e que passou a ser uma loja de serviços executados por poucos profissionais selecionados e treinados pelo Clube; ou como o painel estatístico de dados de vendas, entregando inteligência artificial para autores com base no cruzamento de desempenho dos seus livros com os demais livros semelhantes aqui; ou como o próprio novo estúdio de publicação, que permitiu níveis de personalização de capa pioneiros no mercado.
Todas essas evoluções são concebidas, detalhadas, catalogadas e priorizadas em uma categoria que chamamos de “amanhã”.
O que é esse “amanhã”? É o conjunto de novas ofertas, áreas ou unidades feitas para atender a demandas que não estavam contempladas na plataforma original do Clube. São, por definição, projetos mais trabalhosos que os de manutenção – mas menos disruptivos que os da próxima categoria.
O Depois de Amanhã
Estabilidade e ampliação do escopo de ofertas, de fato, já são suficientes para garantir uma vida saudável para qualquer empresa. Mas, no mundo em que vivemos, saúde por si só não basta. Não basta atender o hoje e se antecipar ao amanhã: é preciso ser disruptivo para que se consiga inventar o “depois de amanhã”.
Esta última categoria é a que mais envolve estrutura e método de inovação, a que mais demanda estudo de mercado e investimento intelectual, técnico, humano e, em suma, estratégico.
É a categoria feita para responder a uma pergunta simples: como mudar absolutamente a vida dos autores, dando a eles maiores condições de crescimento explosivo no menor tempo possível? Não há uma resposta única para isso, claro. Mas há várias hipóteses.
Exemplos?
O Bolo (box ousado para uma literatura original), primeiro Clube de Assinatura para Escritores do mundo. Um projeto diferente, inovador e que entrega mensalmente para os autores ferramentas práticas para que ele trabalhe a sua carreira com base em décadas de experiência do Clube e do nosso parceiro de conteúdo, a Bingo!.
Esse projeto está longe de ser uma simples manutenção – e também não se enquandra como uma mera ampliação de negócios. É uma unidade absolutamente nova, uma frente de atuação que nunca havíamos cogitado antes e que, de fato, muda a própria percepção do Clube. É um projeto disruptivo que ajuda a responder como imaginamos o futuro – o “depois de amanhã”.
Mais exemplo? A loja do autor, feita para entregar produtos gerais e personalizados para escritores de todo o mundo. Será a primeira vez que fabricaremos itens que vão além do livro – mas que ajudarão a complementar a experiência literária de todos.
E há, claro, o próprio projeto de internacionalização, a abertura desse novo mundo que é o Clube de Autores Europa. Há um universo inteiro de respostas e de novos projetos aqui, todos ambicionando entregar histórias de todos os povos para todos os povos.
Como os três tempos são conciliados?
Essa divisão em hoje, amanhã e depois de amanhã não muda um fato simples: no final do dia, tudo se traduz em código que precisa ser desenvolvido, testado, lançado.
Aí é que entra em cena a orquestração. Quem trabalha com tecnologia sabe que, nesse mundo, a moeda básica é a “hora”. Cada demanda catalogada recebe uma estimativa de horas necessárias para executá-la. A questão da nota fiscal que comentei lá acima, na categoria “hoje”? 4 horas, aproximadamente. A mudança no modelo do Profissionais do Livro? Entre 120 e 150 horas. O Bolo? 400-500 horas.
E, como o trabalho de cada pessoa pode também ser traduzido em “horas”, fica relativamente simples alocar pessoas parcial ou integralmente por categoria, cada um com sua missão de curto, médio e longo prazo. Com destaque à palavra “relativamente”, claro, pois nada em tecnologia é exatamente simples.
De toda forma – e sendo realmente sucinto – é seguindo esse modelo de categorização entre manutenção (hoje), evolução (amanhã) e disrupção (depois de amanhã) que operamos no Clube. Tudo controlado por ferramentas que ajudam a deixar todos sempre na mesma página e por métodos que garantem a palavra que se tornou chave para a nossa sobrevivência e o nosso crescimento: eficiência.
Agora que a forma de trabalho em si já está devidamente (ainda que por linhas gerais) explicada, é hora de entrar em mais detalhe sobre o projeto alvo de toda essa série de posts: o Clube de Autores Portugal. O que o autor do Brasil e da Europa, afinal, deve esperar desse projeto?
A ser continuado na próxima terça-feira
Acompanhe a jornada do Clube de Autores para novos mercados, em tempo real, neste link: www.clubedeautores.com.br/jornada