O que os 10 livros mais vendidos da história têm a nos ensinar?

Como podemos aprender com os maiores escritores da humanidade?

Todos nós temos, claro, os nossos próprios ídolos. Como fãs que somos de quem quer que seja, é natural que busquemos nos espelhar nas ações que os fizeram ser que são, principalmente se estivermos perseguindo carreiras semelhantes.

Quais revoluções foram protagonizadas por Saramago, Pamuk e Naipaul, para ficar apenas em três dos meus heróis pessoais, que garantiram a eles o Nobel e o reconhecimento de todo o planeta? E como conseguimos nós mesmos encabeçar novas revoluções na literatura para garantir perenidade aos nossos nomes e às nossas histórias?

Não são perguntas fáceis de se responder, claro. Talvez não sejam sequer perguntas viáveis uma vez que belas artes – e literatura se encaixa perfeitamente bem no conceito – e receita de bolo são quase contraditórias.

Ainda assim, sempre vale entender como pensa o leitor e o que mais atrai os olhares e atenções para determinados textos.

Isto posto, que tal entender esse ethos editorial a partir dos 10 livros literários (conceito que exclui livros de negócio e religiosos) mais vendidos de toda a história?

1. Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.

Escrito em 1605, narra a história de um cavaleiro errante e seu fiel escudeiro em suas batalhas imaginárias. Algo entre 500 e 600 milhões de cópias já foram vendidas desde então. Incrível, não? Ler Dom Quixote pode ser uma bela aula de literatura uma vez que ninguém conseguiu dominar tanto as mentes dos leitores ao longo dos séculos quanto Cervantes.

2. O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas.

Dumas tem toda uma coleção de livros entre os mais vendidos do mundo, o que por si só faz dele um gênio quase sem paralelos. Mas aqui há ingredientes como injustiça, vingança, sofrimento e muito sangue. Entre 200 e 250 milhões de cópias foram vendidas até hoje desde o seu lançamento, em 1844.

3. Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens.

De 1859, o livro praticamente ilustra como era a França durante a Revolução e sob os olhos das pessoas comuns, bem ao estilo de Dickens. Ou seja: ele vai além dos livros de história, sempre restritos aos fatos gerados pelos grandes nomes, se aproveita da força de um tema e narra as microhistórias que transformaram toda aquela época. Genial. 180-250 milhões de exemplares vendidos.

4. O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

De 1943, permite ao leitor viajar poeticamente pelo próprio inconsciente, conhecendo não apenas o próprio pensamento como todo o pano de fundo que embalava o mundo à época, durante a II Guerra Mundial. Foi uma narrativa revolucionária, diferente de tudo o que havia até então, sendo atual até os nossos dias.  150-180 milhões de exemplares vendidos.

5. O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien.

Publicado em três volumes entre 1954 e 1955, a obra cria um universo inteiro completamente diferente e se apropria de personagens que já habitavam a fantasia coletiva da humanidade (como ogros e elfos) há muito, muito tempo. A maestria de Tolkien, aliás, foi justamente essa: dar uma espécie de lógica retilínea a esses seres mágicos, unindo-os em uma narrativa emocionante que fez com que gerações não conseguissem desgrudar os olhos de suas histórias. 150-170 milhões de exemplares.

6. Harry Potter e a Pedra Filosofal, de J. K. Rowling.

Bebe da mesma fonte que Tolkien na criação de um mundo paralelo – no caso, o dos magos. Aqui, no entanto, há uma mescla entre realidade e fantasia, entre a Londres e a Hogwarts, que agrega pura fascinação. Mas talvez o ponto mais forte de toda a obra de Rowling seja o conjunto de tradições que ela enxerta nas histórias, como a forma de seleção das “casas” dos magos, os jogos escolares e assim por diante. 110 a 130 milhões de cópias.

7. O Caso dos 10 Negrinhos, de Agatha Christie.

De 1939, é uma das maiores obras primas de mistério, com mortes inexplicáveis e um clima de suspense que dura até o final. Poucos escritores conseguiram prender tanto a atenção dos leitores quanto Christie e essa sua cadência literária deve ser uma inspiração máxima para muitos. 90 a 120 milhões de cópias.

8. O Sonho da Câmara Vermelha, de Cao Xuequin.

É um dos poucos livros de escritores orientais a figurarem na lista de mais vendidos do planeta – algo estranho dada principalmente a quantidade de gente que habita lá no outro hemisfério. O livro relata a história da aristocracia chinesa no século XVIII e, apesar das imensas diferenças no estilo, bebe de uma fonte semelhante à de Dickens. 80 a 100 milhões de exemplares vendidos.

9. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, de C. S. Lewis.

Do mesmo autor de As Crônicas  de Narnia, trata-se de uma história infantil em que irmãos descobrem que o armário é uma passagem secreta para um mundo mágico. 75 a 90 milhões de cópias.

10. Ela, a Feiticeira, de Henry Rider Haggard.

De 1887, o livro narra a descoberta por amigos de uma civilização perdida na África – então alvo de um misticismo sem paralelos. Vendeu entre 70 e 80 milhões de cópias.

O que todos esses livros têm em comum? 

É possível traçar paralelos pelas suas próprias sinopses. Todos falam de outros mundos, fantasiosos ou não, e se aproveitam do zeitgeist, do espírito do seu tempo para gerar o interesse por parte do público. Não é uma técnica exatamente nova – Shakespeare pautava suas peças principalmente por isso, pela “fofoca do momento”.

Mas perceba que só isso seria insuficiente para transformar histórias em clássicos. A Revolução Francesa, a Espanha medieval e a Inglaterra pós-guerra, afinal, ficaram no passado. Por que, então, as pessoas ainda lêem Dickens, Cervantes e Lewis? Porque – e essa talvez seja a maior lição que eles nos ensinaram – o pano de fundo das suas épocas foram apenas um dos elementos das narrativas, uma forma de captar a atenção no momento e de dar uma espécie de ignição poderosa nas vendas.

A partir daí, o que manteve cada um desses 10 livros na lista dos mais vendidos da história foi o objeto oculto delas. Não se trata de bruxos e assassinos e cavaleiros loucos: trata-se de fazer cada leitor enxergar traços de sua própria personalidade em cada história. Os temas desses livros – e é isso que os faz imortais – é a própria alma humana. Ainda que travestida de elfos ou de leões falantes.

Como você pode aprender com eles? 

O primeiro passo é o mais óbvio: lendo-os. Se não leu algum desses, saia agora mesmo e compre. Uma coisa é certa: dificilmente você se arrependerá.

Feito isso, procure traçar um raciocínio mais claro sobre como o estilo deles pode te ajudar. Já fizemos uma série de dicas aqui sobre como escrever um livro de sucesso, mas com certeza os ensinamentos desses gênios vai muito além do que qualquer post de blog poderia contribuir.

Não esqueça também de acessar este compilado de informações importantes sobre como publicar um livro. Se tem uma coisa que os grandes mestres nos ensinaram foi ficar atento à realidade que nos cerca, aos desafios e oportunidades dos nossos tempos. E, do ponto de vista editorial, muitos estão registrados aqui.

Por fim, e indo na mesma linha, vale também acessar a lista dos livros autopublicados que mais estão dando o que falar. São autores como você, que tiveram as mesmas ferramentas e possibilidades que você tem em mãos – e que por isso mesmo devem servir de inspiração.

 

 

 

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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