O triste hábito de reclamar demais e pensar de menos, parte 3

“O Brasil investe pouco em educação.”

Esse é mais um dos mantras que repetimos sem sequer pesquisar, por vezes considerando que a melhoria na educação é uma simples questão quantitativa onde tudo pode ser resolvido com mais dinheiro.

É verdade?

Voltemos aos comparativos.

O Brasil é o 48o país que mais investe em educação em relação ao seu PIB: 5,9%, de acordo com o Banco Mundial.

Quem lê isso logo imagina que estamos atrás dos grandes como Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e França… certo?

Errado.

Sabe qual país que mais investe em educação (em relação ao seu PIB)? As Ilhas Marshall (14,6%). O segundo? Lesotho (13%), seguido de Cuba (12,9%), Kiribati (11%), Grenada (10,3%), Timor-Leste (10,1%) e Palau (9,8).

O Reino Unido ocupa a 58a posição, investindo 5,6% do seu PIB. Estados Unidos, 86a posição (4,9%); Alemanha, 81a posição (5,0%); França, 59a (5,5%).

E convenhamos… dificilmente alguém terá sucesso argumentando que a educação do Lesotho tem uma qualidade melhor que a da Alemanha.

Isso significa uma coisa simples, quase óbvia: uma boa educação não tem a ver apenas com quantidade, com o montante de dinheiro destinado a uma pasta ou tema, mas si com a qualidade desse investimento.

Que bem faz investirmos R$ 140 bilhões em educação se este investimento é mal feito, mal pensado e, em grande parte, desviado para bolsos muito mais privados que públicos? E qual o sentido demandarmos sempre mais investimento se o problema não é quantitativo, mas qualitativo?

O Brasil não investe pouco em educação – ele até investe muito. A questão é que ele investe mal.

E porque esse post com ares políticos? Simples: porque uma educação bem estruturada reflete em todo o futuro do nosso país. Reflete em mais livros escritos e lidos, em uma melhor base cultural, em um salto praticamente quântico de cidadania que costuma depender do conhecimento e apreço que um povo tem pela sua própria história.

E nós, afinal, somos justamente uma comunidade que gira em torno do livro, da educação, da palavra escrita e repassada para a maior quantidade possível de pessoas.

Nós, da mesma forma que o país, dependemos de um salto na educação do nosso povo.

Que os próximos políticos que assumirem nossos estados e país saibam gerenciar melhor essa nossa demanda por evolução, cultivando e executando uma visão muito menos populista que eficiente.

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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