Quando vim para São Paulo, há mais de 20 anos, fiquei encantado com a cidade. Sim: a falta do mar baiano me deixava com banzo frequente, confesso. Mas a pluralidade da maior cidade da América do Sul foi, para mim, absolutamente sedutor.
Em um espaço relativamente pequeno, manifestações de artes e opiniões eram tão frequentes quanto o choque entre o antigo e o moderno, o velho e o novo, a evolução e a decadência. Essas diferenças tão comuns a grandes centros geram aquela sensação perfeita de caos que inspira qualquer um que se deixe levar por elas. Já no meu primeiro ano por aqui tive a oportunidade de descobrir a Bienal de Artes, então um evento inacreditavelmente rico e composto por obras de grandes mestres do passado a talentos que estavam surgindo no cenário global. Amei. Pirei.
E por que desse relato todo? Porque o último dia 7 de setembro marcou o início de mais uma Bienal de Artes.
A Bienal como um todo perdeu muito de anos para cá, é verdade – mas ainda mantém aquele clima de inspiração convertida em instalações exóticas que fazem a criatividade de qualquer um suspirar.
Há alguns dias fiz um post meio com cara de crítica à Bienal de Livros que, já faz tempo, vem se transformando mais em um feirão de descontos do que em uma exposição de novos talentos e inovações. A Bienal de Artes trafega no sentido oposto – ainda bem.
Do que nós, escritores, sempre precisamos? De inspiração – seja para conceber novas histórias ou para capitanear a abertura de mercados para as já publicadas. E inspiração, sem dúvidas, se pode encontrar lá na Meca das artes que se instalou até o dia 11 de dezembro no Parque do Ibirapuera.
O título da mostra, aliás, não poderia ser mais condizente com os nossos tempos: Incerteza Viva.
Vá.
Se inspire.
Respire.
E exale a inspiração que com certeza captará por lá.