Muita coisa mudou nesses quase 6 anos desde que o Clube foi fundado: o mercado editorial se abriu bastante, as editoras tradicionais abandonaram a ideia de lutar contra ebooks e o preconceito contra a autopublicação praticamente desapareceu. Não foi fácil: lembro inclusive de uma palestra que dei na Bienal de SP onde fui apresentado como “uma das pessoas que estavam destruindo o mercado editorial”. E o que estava fazendo? Apenas lançando o Clube de Autores como um espaço mais democrático para se publicar livros sem que nossos conhecimentos e experiências ficassem dependentes do julgamento de editores mal humorados e sempre ocupados demais para ler.
Não vou dizer que sou recebido com muito entusiasmo por todos os editores em eventos ou reuniões – principalmente nos que atuam com autopublicação paga, em que escritores precisam comprar uma tiragem mínima de exemplares para que a “engrenagem” rode. Mas há, hoje, uma noção mais generalizada de que o mercado editorial está passando por uma mudança que vai muito, muito além do (chatérrimo e irrelevante) debate entre livros impressos versus eletrônicos.
A questão agora é outra.
Se, no passado, o mercado editorial era pautado pela escassez, com poucos títulos criteriosamente selecionados por editores, hoje ele é pautado pela abundância.
Se, no Brasil, havia 50 mil títulos publicados anualmente, hoje há mais de 5 mil que vem apenas aqui pelo Clube de Autores – 10% do total. E isso sem contar com as tantas outras formas de publicação e autopublicação existentes no mundo.
Em que isso implica? Na mudança dramática de papel de um autor.
Quer ter sucesso no mercado literário? Então entenda que escrever bons livros é apenas uma parte de uma fórmula extremamente complexa. E o motivo é simples: há simplesmente muita gente que escreve livros incríveis competindo por um número de leitores que não é infinito.
Nesses últimos 6 anos convivemos, diariamente, com dois tipos de autores: os que culpam o mundo e os que culpam a si mesmo.
Explico a diferença.
Quando não se tem a noção do tanto que se precisa trabalhar para divulgar um livro – incluindo a organização de lançamentos, de uma estratégia de presença, da construção de um público em redes sociais etc. – é natural que uma frustração pela quebra do romantismo apareça. Não se trata apenas de escrever e esperar o Jabuti ou o Nobel: é preciso trabalhar mais do que jamais se imaginou.
Com essa conclusão em mente, muitos autores começam uma rotina de caça aos culpados: consideram que o preço é o vilão, xingam o pouco hábito de leitura dos brasileiros, reclamam de pouco incentivo do governo, sentem-se incompreendidos. Esses, infelizmente, acabam trilhando um caminho mais difícil (ou mesmo improvável) até o sucesso.
Mas há outros autores que entendem que sucesso em um mercado concorrido como o literário está mesmo longe de ser fácil. Esses culpam a si mesmo, o que acaba sendo uma opção muito mais prática. Por quê? Porque quando se culpa os outros não ha espaço algum para se aprimorar ou se corrigir – afinal, o problema está fora de si.
Quando se culpa a si mesmo, por outro lado, reconhece-se falhas e erros que podem facilmente ser corrigidos com empenho, dedicação e estudo tomando como base teorias e experiências de outros autores encontradas na própria rede.
Ou, colocando em outros termos, culpar a si mesmo é o primeiro passo para que um autor se transforme em empresário de si mesmo, entendendo que cabe apenas a ele pavimentar o caminho para o sucesso que ele merece. Dá mais trabalho? Sem dúvida.
Mas a única maneira de conseguir um futuro dourado na literatura é justamente passando por mais aventuras que o mais aventureiro dos personagens de ficção. Reclamar, afinal, nunca resolveu nada na vida.
Bom artigo, mas carece do que os budistas chamam muito sabiamente de “caminho do meio”. Concordo que o autor deve se responsabilizar por todo o trabalho citado no artigo. Em primeiro lugar devemos lembrar que aquele que devemos aprimorar e de quem devemos cobrar mais empenho e mais qualidade profissional somos nós mesmos, ou seja, eu não tiraria uma palavra do artigo quanto ao fato de que cabe ao autor encarar o desafio da autopublicação e assumir responsabilidades, sem reclamações inúteis. Mas, acho que cabe também ao distribuidor fazer mais que vender um punhado de livros de cada autor e muitos livros de muitos autores, embolsar o resultado e se eximir de maiores responsabilidades. O distribuidor tem que investir em seus autores. Como já disse aqui, em outras oportunidades, creio que os distribuidores devem ficar atentos ao fato de que ou se empenham em ser parceiros e implementar ações que invistam no sucesso de seus autores (antes de só oferecem a venda básica e uma montanha de serviços pagos) ou correm sério risco de se tornarem desnecessários. Cada vez mais chega o tempo em que vai ser muito fácil para o autor comercializar diretamente suas obras, sem a necessidade de distribuidores (sejam as clássicas editoras ou os canais digitais) e o que fará o autor permanecer fiel ao distribuidor será a clara percepção de que ele não está só, no que se refere ao investimento no sucesso de sua obra.
Grande abraço e muito sucesso a Clube e a todos os colegas que amam escrever!
Não poderia estar mais de acordo Wagner!
Maravilhoso artigo! E aproveitando, tive a ruim experiência de ter publicado por uma editora paga, me arrependi. Quando às editoras tradicionais, ou devo dizer o “cartel de editoras tradicionais”, muitas delas que por toda sua existência fecharam as portas nos rostos dos autores brasileiros, agora estão mudando e querendo publica-nos com a chamada ‘parceria com o autor”. Fui contato por uma delas dois anos atrás, uma chamada “Novo Século” e que estava lançando um novo selo chamado “Pandorga”. A ideia era publicar em parceria com o autor. Okay, enviei um dos meus livros e me pediram R$20,000,00. Parceria com o autor? Não, o autor paga tudo. Não caiam nessa! Deixem que fechem suas portas, pois merecerem…
Adorei o artigo, parabéns! Acredito que a auto avaliação do próprio autor, ajuda no crescimento e amadurecimento do mesmo. Precisamos sempre evoluir em todos os campos de nossa vida, e se escolhemos como profissão, ser escritores, então devemos investir um pouco em nossa própria formação intelectual e emocional. Avante sempre!
Afetuoso abraço a todos!
Valeu Sameerah!
Muito bom esse artigo. Precisamos entender, de uma vez por todas, que quando erramos estamos tendo a possibilidade de aprender e crescer com a análise do que saiu errado. Mais foco e determinação … menos reclamação!
Fato! :-)
Excelente artigo !
Valeu Shirley :-)
Muito bom!