Difícil encontrar alguém que nunca tenha feito uma declaração de amor para uma pessoa amada. Seja para um parceiro ou pais e amigos, nos expressamos para demonstrar o quanto gostamos daquela pessoa. Muitas vezes, as palavras surgem espontaneamente, outras, é preciso buscar inspirações. Livros, filmes e pequenos atos do nosso dia a dia. Praticamente tudo pode servir de inspiração.
Ainda há os que se declaram à moda antiga, escrevendo cartas e poesias à mão, como símbolo do mais profundo amor. Para esses saudosos, nada melhor que se inspirar em poemas românticos na nossa literatura. Inspirar-se em grandes nomes da nossa literatura torna a declaração ainda mais romântica.
No texto de hoje, selecionamos alguns dos mais famosos poemas românticos brasileiros. Diversos autores, diversas intenções, para todos os gostos e sentimentos. Que tal se inspirar para uma futura declaração de amor? Me acompanhe nas próximas linhas e boa leitura!
O que é o Romantismo, movimento literário do século XIX?
Ok, sei que você não entrou na leitura deste texto para aprender sobre movimentos literários, ainda mais quando o romantismo nos entrega diversos significados. Existe romance como a relação de afeto entre duas pessoas; romance como estilo literário do gênero narrativo e também o romantismo como movimento literário brasileiro. Não é preciso ficar preocupado com tantos conceitos.
O romantismo foi um movimento literário específico que ocorreu principalmente no século XIX e tinha características próprias, como o nacionalismo, o culto ao passado, a idealização do amor e da natureza, e uma visão mais melancólica da vida.
No fim, o amor sempre está, de uma forma ou mais, expresso em todos os conceitos. Abaixo, trataremos de poemas românticos do Romantismo e também de poemas que falam simplesmente de amor, independente da época em que foram criados.
Quem são os maiores poetas românticos do Brasil?
Os “poetas românticos” ajudaram a moldar a identidade literária do país durante o século XIX. Destaca-se Gonçalves Dias, cujos versos em “Canção do Exílio” tornaram-se emblemáticos do movimento romântico, expressando um profundo sentimento de saudade e exaltação da pátria.
Outro nome de grande relevância é Álvares de Azevedo, que trouxe para a literatura brasileira um tom melancólico e introspectivo, refletido em obras como “Lira dos Vinte Anos“. Sua poesia explora temas como a morte, o amor idealizado e o tédio da vida, características que o associam ao chamado “Mal do Século”, corrente influenciada pelo romantismo europeu.
Há diversos outros nomes de destaque, como Casimiro de Abreu e Castro Alves, sendo figuras fundamentais do romantismo brasileiro. Casimiro de Abreu, conhecido pela simplicidade e sensibilidade, abordava temas como a infância e a saudade em obras como “Meus Oito Anos“.
Já Castro Alves, o “poeta dos escravos“, se destacou por sua poesia engajada, denunciando as injustiças da escravidão em obras como “O Navio Negreiro“. Esses poetas, com suas diferentes abordagens e temas, compõem o cerne do romantismo brasileiro, cada um com seu estilo.
Poetas da literatura contemporânea
Avançando para os dias atuais, compreendendo final do século XX e primeira metade do século XXI (dias atuais), vários poetas se destacam por seus textos sobre o amor, modernizando como se expressa esse sentimento.
Entre esses poetas, importante mencionar Adélia Prado, poeta que combina o amor com elementos do cotidiano e da espiritualidade. Seus versos são conhecidos pela simplicidade e profundidade, tratando o amor de forma íntima, como em sua obra “Bagagem“.
Outro nome importante, sendo, inclusive, um sucesso nas redes sociais, é Fabrício Carpinejar, que tem uma vasta obra dedicada aos temas das relações humanas e do amor, explorando as nuances e complexidades desse sentimento confessional e irônico. Sua poesia é acessível e direta, tocando profundamente o leitor ao tratar do amor em suas formas mais cotidianas e imperfeitas.
Conheça melhor os gêneros literários, acesse o artigo publicado no nosso blog: Gêneros Literários: aprenda os conceitos, estilos e características
10 poemas românticos para se inspirar
Nossa literatura é rica e vasta, logo, há dezenas de outros poetas revelantes e seria impossível citar todos. Confira abaixo a nossa seleção:
“Canção do Exílio” – Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
“Se Eu Morresse Amanhã” – Álvares de Azevedo
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu pendera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alma
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
“Meus Oito Anos” – Casimiro de Abreu
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
“O Adeus de Teresa” – Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer coa fala
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Passaram temposseclos de delírio
Prazeres divinaisgozos do Empíreo
… Mas um dia volviaos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei! descansa!. . . “
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz dEla e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
“Amavisse” – Hilda Hilst
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
“Dolores” – Adélia Prado
Hoje me deu tristeza,
sofri três tipos de medo
acrescidos do fato irreversível:
não sou mais jovem.
Discuti política, feminismo,
a pertinência da reforma penal,
mas ao fim dos assuntos
tirava do bolso meu caquinho de espelho
e enchia os olhos de lágrimas:
não sou mais jovem.
As ciências não me deram socorro,
nem tenho por definitivo consolo
o respeito dos moços.
Fui no Livro Sagrado
buscar perdão pra minha carne soberba
e lá estava escrito:
“Foi pela fé que também Sara, apesar da idade avançada,
se tornou capaz de ter uma descendência…”
Se alguém me fixasse, insisti ainda,
num quadro, numa poesia…
e fossem objeto de beleza os meus músculos frouxos…
Mas não quero. Exijo a sorte comum das mulheres nos tanques,
das que jamais verão seu nome impresso e no entanto
sustentam os pilares do mundo, porque mesmo viúvas dignas
não recusam casamento, antes acham o sexo agradável,
condição para a normal alegria de amarrar uma tira no cabelo
e varrer a casa de manhã.
Uma tal esperança imploro a Deus.
“Ausência” – Vinicius de Moraes
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Poema sem nome – Fabrício Carpinejar
“Amor é um Fogo que Arde Sem Se Ver” – Luís de Camões
Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor,
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
“Madrugada no Campo” – Cecília Meireles
Com que doçura essa brisa penteia
a verde seda fina do arrozal –
Nem cílios, nem pluma, nem lume de lânguida
lua, nem o suspiro do cristal.
Com que doçura a transparente aurora
tece na fina seda do arrozal
aéreos desenhos de orvalho! Nem lágrima,
nem pérola, nem íris de cristal…
Com que doçura as borboletas brancas
prendem os fios verdes do arrozal
com seus leves laços! Nem dedos, nem pétalas
nem frio aroma de anis em cristal
Com que doçura o pássaro imprevisto
de longe tomba no verde arrozal!
– Caído céu, flor azul, estrela última:
súbito sussurro e eco de cristal
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Muito lindo o poema Juarez . Parabéns!
VELADO- JUAREZ FRANCISCO DA COSTA
Com cem palavras belas eu te falo.
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)…………………..(continuo contando e falando)
E são vivos rodeios do que sinto.
E eu ainda te escondo, mas não minto.
Ou eu não sou sincero, só me calo.
Por não saber dizer, tudo não falo.
Eu só uso rodeios e, sucinto,
Mal te digo do amor, logo me entalo
Com cem palavras belas e mais sinto.
E ainda sem dizer, eu me condeno.
E por tanto dizer, eu só reclamo.
Ferido e me faltando, me condeno.
E por tanto dizer, eu só aclamo.
E depois de dizer, eu me condeno
Para só te dizer… Só dizer que amo.