Uma das mais constantes críticas que o brasileiro faz sobre seu próprio ecossistema cultural é a falta de bibliotecas públicas.
Por diversos motivos, o modelo de biblioteca como instituição fundamental para a formação educacional do brasileiro nunca foi algo priorizado por nenhum governo. Em 2020, por exemplo, o Brasil somou 5.293 bibliotecas públicas em todo o seu território nacional, perfazendo uma taxa de quase 40 mil pessoas por biblioteca. Pior do que isso: entre 2015 e 2020, o número de bibliotecas caiu, com o fechamento de 764 unidades.
Para efeito comparativo, a França tem 16.100 bibliotecas públicas – uma para cada 4.153 habitantes; a Itália, 6.042, uma para cada 10.028 cidadãos; e os Estados Unidos, 17.218, com uma para cada 18.916 pessoas.
A função tradicional de uma biblioteca é fomentar a leitura, tanto pela garantia de oferta de títulos em pequenas cidades quanto pelo menor custo financeiro que decorre do modelo de empréstimos compartilhados. Assim, com mais acesso à literatura, desenvolve-se o hábito de ler com maior fluência, gerando um consequente salto cultural em toda a sociedade.
Mas, por mais que isso seja óbvio, comparar dados de maneira crua sem levar em consideração as imensas mudanças pelas quais o mundo passou ao longo das últimas décadas é um exercício quase pueril, ingênuo.
Porque, lá pelas décadas de 40, 50, 60, 70, 80 ou mesmo 90, uma biblioteca em uma cidade pequena podia ser a única opção para um leitor encontrar um determinado livro, ainda que ele estivesse disposto a pagar.
De lá para cá, com a Internet como piloto, a maior revolução pela qual passamos foi a da oferta. Ou seja: esteja você onde estiver, a possibilidade de comprar qualquer livro, em qualquer formato, é praticamente garantida, simples e sobretudo rápida.
Se a oferta literária que escoa pela rede tanto para as maiores quanto para as menores cidades do país deixa de ser uma missão exclusiva das bibliotecas públicas, então elas perderam sentido?
Ninguém melhor para falar sobre o assunto do que Pierre André Ruprecht, Diretor Executivo da SPLeituras, de São Paulo, responsável pela inovadora BibliON.
Nosso convidado de hoje
Pierre André Ruprecht é formado em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atuou como professor de Metodologia da Pesquisa na área de Comunicação e coordenou a área de multimeios e formação na Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) e ministrou diversos cursos na área. Pierre atualmente é o diretor executivo da SP Leituras.
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