Em meados de maio, recebi um contato aqui no Clube de Autores de uma amiga de longa data e a quem eu não via há pelo menos mais de uma década: Amyris Fernandes.
A questão trazida por ela não era exatamente uma novidade, mas seguia como um problema aqui no Clube: a publicação de livros de autores estrangeiros traduzidos para o português.
E por que, exatamente, isso era um problema? Porque a autora do livro, Indi Young – uma das mais aclamadas mentes quando se fala de usabilidade e experiência de usuários – era americana, não tendo nem CPF e nem NIF, documentações essenciais para se ter também uma conta bancária no Brasil ou na Europa, respectivamente, para onde pudéssemos pagar os royalties das vendas.
O problema, embora concreto, acabou sendo resolvido pelo nosso time e o livro da Indi Young – Tempo de Escutar – está publicado no Clube de Autores Brasil e Portugal, tanto como impresso quanto como ebook, e já distribuído nos marketplaces e livrarias com as quais trabalhamos.
Mas por que estou contando toda essa história?
Porque, burocracias e tecnicidades à parte, o caso da Indi é o exemplo de um paradigma com o qual a nossa indústria tende a se confrontar cada vez mais: autores de fora do Brasil que desejam comercializar suas histórias e experiências tanto aqui quanto na maior quantidade possível de territórios.
Porque autores fora do Brasil querem publicar suas obras
Há três fatores envolvidos nesse desejo absolutamente natural que precisam ser superados. Primeiro, a viabilidade da publicação e distribuição. Bom… para isso existe o Clube de Autores e para isso foi utilizado. Somente uma plataforma de autopublicação com distribuição ampla consegue garantir ao autor, afinal, o alcance a um público que, de outra forma, estaria inacessível.
Segundo – e com grande importância para qualquer autor, claro, é a viabilidade de ser remunerado com seus royalties de maneira fácil, eficiente e, sobretudo, transparente. Sim, conseguimos resolver isso utilizando meios diferentes do depósito em conta tradicional. Fintechs, ou empresas de tecnologia voltadas a transações financeiras, já fazem um papel excelente em intermediar pagamentos entre diferentes países.
Como mais autores semelhantes à Indi têm aparecido, queria apontar aqui que essa se transformou em um vetor de atuação do nosso time de TI, buscando integrar tecnologias que permitam uma fluidez de publicação, venda e pagamento internacional.
Queria apontar outra coisa importante para você, autor independente, que muito possivelmente não vive – ao menos hoje – esses problemas: o sucesso do seu livro muito provavelmente significará uma demanda por ele além das fronteiras do seu país de origem. E se essa demanda for de um ou de cem mil exemplares, pouco importa: a plataforma de publicação precisa estar pronta para operar de maneira a garantir que nenhum leitor em potencial fique fora do alcance da sua história. Nosso mundo, afinal, é um só – e perder leitores para a geografia é um contrassenso que deveria ter ficado no século XIX.
Mas há um terceiro ponto fundamental aqui: a tradução. Muito embora haja um volume grande de pessoas que leiam fluentemente em inglês, é óbvio que um livro como o da Indi precisava ser traduzido para ter um alcance devidamente amplificado. E aí? Quem traduz uma obra assim? Um tradutor profissional? Uma profissional de mercado especialista não em traduções, mas sim no tema sobre o qual a Indi discorre? Ou uma máquina, o ChatGPT?
Tradução tem sido um dos grandes temas no mercado editorial mundial e não há nada sequer perto de um consenso sobre a melhor forma de se caminhar.
Nossa convidada: Amyris Fernandes
Pois bem: vamos, hoje, falar com a tradutora do livro Tempo de Escutar para português, Amyris Fernandes. Tradutora não: a coordenadora de todo esse projeto de trazer um conhecimento amplo, de uma profissional absolutamente reconhecida em todo o mundo, para a língua portuguesa.
Eu falei um pouco da Indi, mas gostaria também de falar sobre a Amyris Fernandes, nossa convidada de hoje, que também é uma sumidade à parte. Amyris é Sócia-Diretora da Usability Expert Consultores, empresa de Design Thinking, inovação e design voltado para UX.
Sabendo que muitas pessoas estão fazendo sua transição de carreira, criou o canal UX Change no Youtube e oferece Mentoria de Carreira. É coordenadora de cursos e professora da FGV, FIAP e criadora da UX Change Academy.
Ministrando aulas desde 1996, é Doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista – SBC, tendo realizado parte de sua pesquisa com Bolsa Sanduíche CAPES no Centro de Pesquisas de Games no ITU, Dinamarca. É Mestre em Comércio Eletrônico pelo Rochester Institute of Technology. Numa vida passada trabalhou em grandes empresas de publicidade, e varejo tradicional.
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Parabéns Ricardo. O livro é nosso maior tesouro.