Os marketplaces são as livrarias do futuro?

Três acontecimentos entre o período de 2018 e 2020 mudaram radicalmente a nossa história aqui no Clube de Autores. 

Perceba o ouvinte que começamos lá em 2009, carregando o pecado de ter começado muito à frente do nosso próprio tempo. Por que pecado? Porque se não havia sequer gráficas preparadas para trabalhar no modelo sob demanda, que dirá então livrarias e canais de venda que topassem distribuir livros independentes sem exigir um percentual de margem absolutamente impeditivo. Aos poucos – muito aos poucos, vale acrescentar – as coisas foram mudando. 

Em 2018, 9 anos após termos começado, as coisas começaram a mudar. 

Primeiro, com a distribuição. Amazon e Estante Virtual apareceram oferecendo condições viáveis de parceria que, finalmente, abriram as portas do mercado para os autores independentes. Na esteira delas, toda uma série de canais de venda, da Livraria Cultura aos marketplaces como MercadoLivre e Americanas.com, surgiram. Pela primeira vez, tínhamos onde vender livros além do nosso próprio site. 

Essa primeira mudança embutiu uma verdadeira revolução. Os grandes marketplaces, afinal, tem condições muito mais favoráveis do que qualquer livraria. São essencialmente onipresentes na rede, exigem menos margem, entregam em menos tempo e, em muitos casos, cobram menos do consumidor final. E isso começou a mudar o próprio comportamento de compra. 

Comportamento que, talvez, tivesse levado anos para maturar não fosse o terceiro grande acontecimento: a pandemia do Covid-19. Não entrarei aqui nos óbvios males que essa catástrofe criou para a sociedade como um todo, tanto no Brasil quanto no mundo – mas o fato é que a força dos lockdowns empurrou o hábito de consumo para a Internet. 

Quando a força do varejo migrou para o online, estávamos já com distribuição ampla e plugado nos marketplaces – os mesmos que, no primeiro semestre de 2020, apenas para se ter uma noção, chegaram a representar 80% de todo o varejo eletrônico brasileiro. 

Mas a ideia aqui não é olhar para trás: é olhar para a frente. Estamos, hoje, em 2023. 

Afinal, o que são marketplaces?

Um marketplace é um mercado on-line, onde o usuário encontra diversos produtos de diversas empresas ofertantes. Atualmente, o marketplace on-line é o principal canal de venda de produtos no Brasil, independente do nicho.

Podemos entender o marketplace como um shopping center on-line, onde o usuário pode navegar por esse site para encontrar os produtos que deseja. 

No mercado do livro, é comum a venda de livros via marketplaces. O Clube de Autores, por exemplo, utiliza alguns marketplaces como canal de distribuição dos livros publicados por aí. 

O autor que publica no Clube, tem o seu livro disponibilizado para venda no Mercado Livre, Americanas, Submarino, Magazine Luiza, Shoptime e Amazon. Ou seja, autores publicados no Clube de Autores têm seus livros vendidos nas maiores plataformas on-line do país.


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Mudanças no mercado literário pós-pandemia

A pandemia, embora ainda exista, inegavelmente perdeu força e entrou no cotidiano comum dos cidadãos de todo o mundo. Lockdowns podem não mais existir, mas a mudança de hábito que eles proporcionaram não viu exatamente um retrocesso e a Internet continua inegavelmente poderosa. 

Autores têm publicado mais – no último sábado de Carnaval, por exemplo, registramos o nosso recorde de 145 livros publicados em um único dia – e vendido mais, o que também pode ser atestado pelo crescente volume de direitos autorais pagos por mês (que já ultrapassaram os R$ 200 mil ou € 35 mil apenas em fevereiro). 

Olhemos, pois, algumas notícias que dominaram a mídia. 

A Livraria Cultura, uma espécie de símbolo do varejo tradicional de livros no Brasil, teve falência decretada (e depois desdecretada). 

A Americanas, um dos grandes marketplaces, teve sua operação drenada para as escuras cavernas da recuperação judicial por conta, em grande parte, da sua cadeia de lojas físicas. 

A Livraria Leitura, que até poucos anos era irrelevante no cenário brasileiro, anunciou que deve ultrapassar os 100 pontos de venda até o final de 2023 – nenhum deles sequer perto das megastores que Cultura e Saraiva exibiam. 

O MercadoLivre tem registrado lucros impressionantes trimestre após trimestre e, com uma frota própria de aviões para fazer entregas, não mostra sinais de diminuir seu ritmo.

O futuro do mercado livreiro 

Bom… dito isso, fica a pergunta: para onde caminha o mercado livreiro? Seremos online, offline ou híbrido? 

E, no online, para onde deve ir o hábito de consumo? Para sites de livrarias tradicionais ou para os grandes marketplaces? 

Quem nos ajudará nessas perguntas será Marcos e Wilian Reis, respectivamente CFO e CEO da LT2Shop e pioneiros na venda via marketplaces.

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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