Boas histórias são excelentes remédios
Se você tem um filho pequeno sabe que, muitas vezes, diálogos diretos produzem poucos efeitos. Não que dialogar seja errado – se tem uma coisa que acredito piamente é que um canal de comunicação deve permanecer escancarado entre pais e filhos par quando se fizer necessário.
Mas o ponto aqui é outro. Às vezes, pequenos hábitos começam a tomar ares de tiques e medos pequenos começam a se transformar em agressividade ou fobias exageradas. E o diálogo direto com uma criança sobre essas transformações pouco lógicas nem sempre surtem os efeitos esperados por nós, adultos, tão habituados ao mundo das obviedades.
Não vou aqui dar conselhos: não tenho nenhuma credencial que me habilite a isso a não ser a minha própria paternidade. Mas vou, sim, fazer uma observação.
As tais linhas tortas
Talvez o caminho não seja apenas um diálogo tão racionalmente direto ou uma reprimenda. Talvez o caminho seja justamente o de buscar destrancar a angústia a partir do mundo da imaginação da criança.
Talvez o segredo esteja no tanto que uma criança expressa (e digere a partir do próprio e simples ato de se expressar) nas histórias. E isso é válido nas duas frentes: ler (ou ouvir) histórias aumenta o repertório da imaginação, algo fundamental até para a futura vida adulta; gerar histórias a partir de desenhos ou brincadeiras tangibiliza angústias e aproximas eventuais “curas”.
E “cura”, aqui, é uma palavra péssima já que não estamos falando de nenhum tipo de doença como gripe ou catapora: estamos falando daqueles difíceis momentos de crescimento em que uma criança, com a pouca experiência de vida que tem, precisa lidar com um mundo tão assustador à sua volta. Convenhamos: é algo bem mais difícil e complexo que uma gripe ou catapora.
Não é também óbvio que o “remédio”, para continuar insistindo na mesma péssima metáfora, esteja distante de prateleiras ou de conversas adultas?
Se tem uma coisa que crianças aprendem desde cedo é a se resolver sozinhas. Nós, pais, precisamos apenas emprestar os nossos sempre atentos olhos e ouvidos para guiá-las entregando as referências certas para os momentos exatos.
Que referências são essas?
Histórias bem selecionadas e papéis em branco.
Na maior parte dos casos, é o que basta para destrancar a imaginação e tirar dela todo um mar de angústias esdrúxulas.
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