Há um fluxo de nem sei quantas pessoas por dia no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. São todas, em maior ou menor grau, leitoras.
Todas esperarão seus vôos por pelo menos uma hora, a maioria sentada, sozinha e sem nada para fazer. Há uma opção óbvia: a livraria, aberta desde as primeiras horas da manhã.
Pois bem: o pouco espaço que a livraria dispõe hoje é dividido entre livros sem nenhuma mínima tentativa de curadoria temática, chocolates, revistas e eletrônicos. Aliás, há tão poucos livros que parece até errado chamar a loja de livraria.
A julgar pela sua diminuição de tamanho nos últimos anos, é de se supor também que as vendas não estejam assim tão incríveis – mesmo em um país cujo hábito de leitura cresce tanto anualmente. Faz sentido? Faz.
Como, afinal, entregar a variedade nichada que os leitores de hoje demandam em tão poucas prateleiras? A livraria do aeroporto de Congonhas – da mesma forma que as de todos os aeroportos – é exemplo perfeito disso: mesmo ganhando de presente hordas diárias de leitores em busca de boas histórias para passar o tempo, elas penam para vender livros.
Por que? Porque, hoje, livrarias físicas são excelentes lugares para se passear – mas somente a infinita prateleira da Interner consegue garantir a cada leitor o livro exato que ele procura.
A literatura agradece à Internet.