No domingo passado, um dos meus maiores ídolos literários, o indo-caribenho V. S. Naipaul, morreu.
Tinha 85 anos e uma produção literária compatível com seu Prêmio Nobel.
Como era de se esperar, suas obras (como “In a Free State” ou “Uma Casa para o Sr. Biswas”) começaram a vender como nunca antes.
Há toda uma densa filosofia por baixa das ultrameticulosas frases e enredos de Naipaul – algo que inclui pitadas de otimismo epicuriano escondido por trás de um niilismo trágico, triste, fatal. Há desespero e desesperança em todos os seus livros na mesma medida em que pequenas luzes são vistas, embora a distância, em túneis tão escuros quanto improváveis. Há vilões e heróis encontrados não em personagens, mas nos impactos que estes causam em cada um dos leitores.
Há, enfim, tudo o que se pode esperar de um Nobel, de um mestre, de um… imortal.
Vida de escritor é curiosa.
Até domingo, nunca sequer imaginei a idade que Naipaul tinha ou como ele era na vida real: sua fisicalidade era irrelevante. Ao contrário: suas ideias e histórias, essas sim absolutamente atemporais, é que importavam.
E essas ideias, agora que seus dedos e sua mente se foram, parecem se espalhar a ritmos mais velozes. Quer mais imortalidade que isso?
Vida de escritor é curiosa: ela parece se intensificar justamente quando termina. Naipaul, aparentemente, formará muito mais opiniões agora que morreu do que enquanto estava caminhando pelo mundo.
Quer mais imortalidade que isso?