Ouvi dizer, dia desses, que o papel de escritores é o de registrar as histórias da humanidade.
Discordei na mesma hora.
Historiadores fazem registros, observando, sempre atentos, as provas cabais de fatos que superam teorias e ideais mais romanceados. Não é o caso de escritores.
Escritores não olham para trás nem quando escrevem sobre o passado. Ao contrário: ao impregnar em suas histórias plétoras de tramas, conflitos e ideais, eles constroem tempos absolutamente paralelos – tempos feitos a partir de suas visões de mundo e de utopia, de seus sonhos e pesadelos.
Escritores, portanto, olham sempre para a frente: criam novos conceitos de vida, inovam em narrativas que usurpam mentes e corações, propõem releituras sobre releituras da história, provocam, questionam, apontam caminhos os mais diversos.
Escritores não registram histórias: eles pavimentam de ficção os terrenos pelos quais a história ainda vai caminhar.
Escritores são oráculos.
Basta saber consultá-los.