Sempre ouvi de autores que o brasileiro lê pouco. Na verdade, sempre ouvi isso de muita gente.
Decidi pesquisar.
A força dos dados me fez ficar meio triste e meio arrependido – com aquele tipo de arrependimento que um cego tem ao ser ferido pela luz.
- Em média, cada cidadão brasileiro compra 1,4 livro por ano. Compra – porque nem sempre ter um livro significa lê-lo. Como comparação, um americano compra uma média de 8 livros; um alemão, 6,45; um francês, 6,39; um britânico, 5; um espanhol, 3,34.
- A oferta também não é diferente: mesmo com a segunda maior população dentre todos os países pesquisados, o Brasil só tem 57 mil novos livros lançados por ano – contra, por exemplo, 184 mil do Reino Unido, país que tem 1/3 da nossa população.
Se o crescimento e a evolução de um povo tem a ver com a sua capacidade de absorver conhecimento – como acredito que tenha – fica difícil acreditar na tese de que o Brasil é o país do futuro.
Pelo menos se não mudarmos o presente, entregando mais histórias, compartilhando mais experiências e batalhando por mais e mais leitores.
Mudemos, então, este cenário.
O hábito da leitura é uma questão cultural. Para a maioria dos brasileiros ler é uma obrigação que deve ser cumprida nos tristes anos em que estão nas péssimas carteiras escolares públicas. Ao contrário de outras culturas que vêm na leitura uma relevante opção de entretenimento de qualidade. Ler é divertido, é prazeroso e tudo que assim é, se torna um vício saudável. Todo o resto é consequência, todo o resto é lógica de mercado. Baixo consumo, poucas vendas proporcionais à população, falta de abertura a novos escritores nacionais, investimentos absurdos para compra de direito de publicação de obras estrangeiras que se ancoram em monumentais campanhas de marketing, etc. E o triste ciclo, assim, se perpetua.
Tomara que um dia ele mude, Alex! Tomara!
Quantidade não significa qualidade. O que importa não é a quantidade de livros novos, mas a quantidade e a qualidade dos livros lidos. A Bienal do Livro do Rio de Janeiro vem aí, vamos ver quantos livros serão vendidos. Certamente que esses dados não envolvem os livros usados. Eu compro muito livro usado. Muitas pessoas compram livros e revendem, trocam e assim a ciranda de livros vai rodando. Um exemplar de determinado autor pode ser lido inúmeras vezes, sem necessariamente entrar nas estatísticas. O que importa é que mais pessoas leiam e cultivem esse hábito, não importa se o livro é novinho ou se é usado. As bibliotecas “Parque” no Rio de Janeiro são bem frequentadas e também trabalham com empréstimos. Pegando um antigo slogan do jornal O Globo: “quem lê mais, sabe mais”. Vamos incentivar não só a compra de livros, mas a leitura de muitos livros, pois o brasileiro lê muito pouco.
Oi Ricardo. Essa discussão de quantidade e qualidade, sendo bem franco, é extremamente subjetiva – até porque “qualidade” é sempre uma opinião de uns que não pode se sobrepor à de ninguém mais. Quantidade de livros lidos significa quantidade de histórias sendo repassadas. E histórias, acima de qualquer coisa, são experiências e vida, são imaginações, são relatos e narrativas que, ao caminhar de mente a mente, certamente vão deixando uma contribuição grande.
Esses dados são os oficiais de cada país. Não sei dizer se eles incluem ou não usados – mas, caso positivo ou negativo, a base comparativa entre países continua sendo válida. O ponto que concordo mesmo contigo, e que esses gráficos comprovam, é que brasileiro lê pouco. Lastimavelmente.