Logo que o ano novo chegou, recebemos de um dos nossos autores um texto sobre o tema que mais nos “move” aqui no Clube: o ato de escrever em si. Por ser um tema tão específico quanto abrangente, no sentido de ter a ver com absolutamente todos os que fazem do Clube uma extensão de suas próprias “casas literárias”, decidimos por postar aqui no blog, na torcida para que ajude a inspirar essa segunda-feira de janeiro. Esperamos que gostem!
Ponto de Vista
Conduzo-me a escrever sem exatamente saber sobre o quê.
As ideias fluem assim como as palavras ainda soltas, as quais formarão sentenças e parágrafos, e que, breve, iniciarão seu ritual a fim de preencher o vazio da folha ilusória impressa na tela do computador.
Não sei no que se transformará… tudo ainda é conturbado.
A única certeza que tenho é que elas comporão um algo que se expressará revelando seu íntimo… incrustado nas entrelinhas.
Eu, o teclado e a tela…
Olho para o lado a fim de respirar um pouco de imaginação.
Torno para a tela e fico a mirar sua luz que me envolve e me incentiva a tocar as teclas até que surjam as primeiras composições.
Volto a respirar o vento que refrescante invade o que antes era um quarto e agora um canto de expressão.
Um pássaro canta… um Sabiá… em seguida revoam os canários e quando me deparo, minutos já se foram sem que, de mim, nada tenha sido gerado.
Consulto meu coração e ele me responde que mais do que palavras, o que escreverei tem de estar inundado de sentimento.
E elas, as palavras, se remoem e se misturam em minha mente até que a primeira letra seja grafada no virtualismo do texto que ainda não brotou.
Interrompo a tergiversação e me volto uma vez mais para o trabalho que já me convoca à ação.
Um arrepio percorre meu corpo finito e me provoca lágrimas, toques de emoção ao perceber que saem as primeiras frases que ainda não formam nem são uma visão.
– O que sentem os grandes escritores ao traduzir irrealidades para uma linguagem palpável e acessível ao mortal, que ébrio, teima em beber da taça do conhecimento?
Ponho a mão no queixo a fim de quem sabe meditar sobre a sequência de letras que constituirá a primeira sentença.
Respiro profundamente e o cheiro de café invade minhas narinas me convidando a um intervalo. Vou à cozinha e me dirijo ao banco de minha varanda que clama por atenção.
O vapor perfumado me acena a um gole.
Um colibri bailarino desafia a gravidade e paira a minha frente… provocando-me.
A brisa balança as folhas e produz contornos de uma simetria inumana.
No alto do coqueiro e acima dele, nuvens formam figuras que não sei identificar a não ser com os olhos do devaneio.
Um vento mais forte me arrasta de retorno ao lavor… as figuras literárias me esperam… e a criação também…
De minha parte nada obtenho, a não ser… interrogações.
Entretanto meu interior grita… produção!
Arrisco-me a registrar qualquer coisa que me dê um sentido. Mas o desconexo é mais presente e não me leva a lugar algum.
– Como será essa tal de inspiração que move os iluminados a permitir que nasçam obras primas?
Olho o relógio e meu espanto é ainda maior ao deparar-me que ele fixou os ponteiros no momento anterior.
O tempo imprime força anormal, mas percebo que ele só pretende seguir adiante quando eu, finalmente, encontrar o fio da meada que se demudará em folhas cheias das visões ainda porvir.
– Mas que visões serão essas?
– As minhas ou as reais?
De novo a evasão…
Busco outra vez a concentração, porém constato… não saio do chão.
Intento parar, contudo, mais uma vez minhas mãos inquietas querem se pronunciar.
Os dedos d’antes imóveis agora se apertam num desejo incontrolável de escrever e de novo aquele arrepio… movem-se em direção ao alfabeto disperso e tentam organizá-lo.
Enfim, desponta o que nasceu de mim!
E o que se lê, se estampa numa única pergunta:
– A seu modo de ver, ler a obra pronta ou ajudar a escrever, o que lhe traz mais prazer?
E a resposta vem na afirmativa que não dá margem a nenhuma falsa interpretativa:
– Depende… do ponto de vista.
João Alberto de Faria e Araujo, autor do blog http://entreletraselivros.spaceblog.com.br
Te amo meu irmão, vc sempre me ensina como se deve agir, obrigado!!! Carrego em mim a sua vivência, em minhas memórias te encontro e sempre me alegro. Vejo que a Luz de Deus invade seu coração e a sua redenção cai em seus braços. Viver com Deus é assim, infinito e belo, como vc vê todos os dias…
Um colibri bailarino desafia a gravidade e paira a minha frente… provocando-me.
A brisa balança as folhas e produz contornos de uma simetria inumana.
No alto do coqueiro e acima dele, nuvens formam figuras que não sei identificar a não ser com os olhos do devaneio.
te amo…bjs Dedé
muito interessante ,que a tua plenitude continue se alterando a cada dia .muito obrigada .por fazer par hoje de nossa jornada.
Olá Verônica,
Muito obrigado por seus votos.
Em verdade todos somos plenos, entretanto, por nossas próprias escolhas nos afastamos por vezes dos caminhos luminares. Quando nos dedicamos a uma ação qualquer que vise o bem estar de terceiros através de atitudes voltadas ao seu engrandecimento seja na assistência social, seja na prática da caridade em qualquer de seus matizes, seja na produção de arte de qualidade (teatro, cinema, música, literatura, etc.) e que o faça readiquir sua autoestima, que o permita divertir-se, que o inspire e o leve as raias de sua própria revisão pessoal, entendo que, desta forma, buscamos nos reencontrar com a nossa essência verdadeiramente humana, com nossa plenitude.
Agradeço por me considerar companheiro de jornada.
Muita luz!
Muito profundo!
Prezados amigos,
Quero expressar minha gratidão por terem me dado a honra e a alegria de publicar meu texto. Esperando que, como disseram, estas singelas linhas possam inspirar aos quantos que dedicam parte de seu tempo a ofertar ao leitor, emoções e sentimentos que se materializam nas fantásticas obras publicadas e disponibilizadas por esta respeitada instituição.
Muito sucesso!
Um grande e fraterno abraço.
João A. F. Araújo
Obrigado pelas palavras João!!