A literatura sempre foi um traço marcante da cultura brasileira. Machado de Assis, Álvaro de Azevedo, Gonçalves Dias… esses são apenas alguns poucos dos nomes que deixaram as letras produzidas nas terras tupiniquins em sintonia com os grandes movimentos literários do mundo.
Mas – sem querer, obviamente, questionar a genialidade absoluta dos expoentes dessa era cultural – foi apenas com o modernismo que os nossos escritores efetivamente mergulharam nas raízes que diferem o Brasil dos demais países ocidentais.
Grandes autores e a autenticidade literária brasileira
Quem abriu essa porta foi Mário de Andrade, quando autopublicou um dos mais brasileiríssimos dos clássicos, Macunaíma. Porta, aliás, que acabou escancarada por uma leva de escritores que entenderam que cultura se faz com o que a terra dá: as dificuldades, as agruras locais, os pensamentos, os entendimentos, os mundos reais que cercam personagens de todo tipo.
Poucas coisas são mais autenticamente brasileiras que a vida perigosa tocada por Riobaldo e Diadorim nos Sertões de Guimarães Rosa; ou pelas vadiagens leves dos capitães de areia de Jorge Amado; ou pelo tamanho dos latifúndios dos sertanejos de João Cabral de Melo Neto.
São textos que permitem não apenas que nós nos encontremos com as nossas raízes, mas que permitem também que todo leitor deste nosso tão diverso mundo consiga enxergar o que significa a brasilidade a partir dessas tão brilhantes janelas abertas pelos livros.
O mesmo tipo de janela, aliás, que Tólstoi abre para a alma russa; que Mark Twain abre para os Estados Unidos; que Simone de Beauvoir abre para os franceses; que Juan Rulfo abre para o México; que Fernando Pessoa abre para Portugal; que Thomas Mann abre para todo o norte europeu.
E por que isso é um tema daqui do Pensática, podcast focado no futuro do mercado editorial?
Porque, agora mais que nunca, exportar literatura estruturalmente brasileira de maneira a suprir a demanda pela curiosidade acerca da autenticidade de cada canto do nosso mundo é uma possibilidade ao alcance de todos os autores independentes por meio das Rodovias Literárias que estamos abrindo aqui, no Clube de Autores.
Hoje, a venda de livros publicados em nossa plataforma brasileira em todo o território europeu, a partir do clubedeautores.pt e dos canais de venda que começam a integrar a nossa rede internacional, já é uma realidade tangível. Já vemos esse trânsito de livros indo e vindo – trânsito que tende a aumentar na medida em que novos hubs de impressão, em que novas unidades vão sendo inauguradas pelo mundo.
Nossa convidada: Mô Moreira
Há uma possibilidade imensa de um novo perfil de sucesso ao alcance dos autores – e é com uma dessas autores, Mô Moreira, que falaremos hoje, no episódio 65 do Pensática Podcast.
Por que a Mô? Porque seu livro, Munturo, caminha por essa estrada de autenticidade.
Eu lerei aqui a sinopse do livro para contextualizar o ouvinte antes de começarmos o papo com sua autora:
A palavra Munturo é sinônimo de entulho, lixo e sujeira. Mas nesta obra de ficção, Mô Moreira ressignifica o termo, e traz outros sentidos ao descartável. Para Durval Muniz Albuquerque Júnior, “Das cinzas e do pó que restaram dos desmoronamentos do mundo, Munturo restaura as flores e as brasas de esperança”. Com uma narrativa mágica e instigante, a protagonista Natalina vasculha os escombros sertanejos numa busca de si e da re-existência das mulheres sertanejas. Sobreviventes da colonização, do coronelismo e do patriarcado, elas buscam reinventar-se num mundo em mutação, onde os antigos pilares se camuflar entre inovações e modernidades. Nesta viagem aos novos sertões, as ruínas dos brasis profundos podem também ser o ponto de partida para a reconstrução e a cura de outras perspectivas de ser e estar no mundo. Munturo é um convite a um mergulho profundo nas luzes e sombras dos sertões contemporâneos.
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Eitha! Tou honrada com esse carinho. Gradicida!!!