Desde que o ChatGPT – um protótipo de chatbot especializado em diálogo e com uma capacidade inacreditavelmente sofisticada de emular um humano – chegou à mídia, a inteligência artificial entrou de maneira definitiva nas rodas de conversa.
Afinal, se um sistema de inteligência artificial consegue, por exemplo, passar no teste da Ordem dos Advogados, que limites ele teria?
Conseguiria um sistema de IA, sigla para inteligência artificial, criar músicas? Sim, conseguiria. Em verdade, muito antes do ChatGPT, em 2021, um outro sistema de IA conseguiu finalizar a até então inacabada 10a sinfonia de Beethoven.
Conseguiria um sistema de IA criar telas? Já há inúmeros exemplos nesse sentido.
E escrever livros – essa que talvez seja a mais complexa e intricada das manifestações culturais? Indo um pouco além da pergunta: um sistema de IA conseguiria escrever bons livros, daqueles catapultados pela sua qualidade literária ao panteão dos grandes clássicos da humanidade?
Antes, cabe talvez dar um passo atrás.
ChatGPT: o que é e como utilizá-lo
O ChatGPT, como falado brevemente acima, é uma ferramenta gratuita de diálogo que tem tido bastante sucesso desde o seu lançamento, em novembro de 2022, com a promessa de gerar diálogos complexos, estando bem à frente dos chats tradicionais.
A ferramenta de IA foi desenvolvida pela empresa Opem AI e é bem simples de usar. Após o cadastro no site https://chat.openai.com/, basta pedir ao bot qualquer tipo de informação. A resposta aparecerá em poucos segundos. Mas não pense que o ChatGPT é apenas uma ferramenta de busca, é possível criar textos longos, com mais de 1.000 palavras, “x” ideias para criação de posts para as redes sociais ou, para escritores, como “criar diálogos com personagens de ficção para um livro de fantasia”.
Justamente essa última possibilidade citada que torna o ChatGPT polêmico no mundo literário.
Livro criado em 72h no ChatGPT
Ammaar Reshi, gerente de design estadunidense, utilizou o ChatGPT e o Midjourney, ferramenta que cria ilustrações a partir de comandos dados pelo usuário, para criar um livro infantil. Todo o trabalho, conforme o próprio autor, levou cerca de 72h para ser concluído.
Publicado em janeiro de 2023, “Alice and Sparkle”é um conto que narra as aventuras da garota Alice em uma jornada de descoberta do mundo da tecnologia. O livro vendeu milhares de cópias na Amazon e gerou bastante discussão entre os escritores.
Limitações do ChatGPT
Conforme o próprio ChatGPT, a ferramenta não garante proteção contra plágios e não deve ser utilizada como fonte principal para trabalhos acadêmicos. Veja a resposta dada pela ferramenta, quando perguntamos se existe a possibilidade de plágio:
Como modelo de linguagem treinado em uma grande quantidade de dados, o ChatGPT pode gerar respostas que incluem frases ou trechos de texto semelhantes a outras fontes de informação disponíveis na internet. No entanto, o ChatGPT é projetado para fornecer informações gerais e não deve ser usado como fonte principal para trabalhos acadêmicos ou outras atividades que exigem originalidade e autenticidade.
Ao mesmo tempo, a ferramenta não se considera um risco para os escritores. Veja qual foi a resposta quando indagamos esse ponto:
Não, o ChatGPT não é uma ameaça aos escritores. Embora o ChatGPT seja capaz de gerar texto, ele não pode substituir a criatividade e a habilidade de um escritor em criar histórias, personagens e narrativas complexas e envolventes.
O ChatGPT é uma ferramenta projetada para ajudar as pessoas a obter informações gerais e responder perguntas, mas não tem a capacidade de criar obras literárias completas e originais. Na verdade, muitos escritores e criadores usam ferramentas de inteligência artificial como o ChatGPT como uma forma de gerar ideias e inspiração para suas obras.
Além disso, muitos escritores usam o ChatGPT e outras ferramentas de inteligência artificial como uma forma de melhorar sua escrita e aprimorar suas habilidades. Eles podem usar o ChatGPT para obter informações sobre um determinado tópico ou para verificar se suas ideias são coerentes e compreensíveis para um público amplo.
O que é uma inteligência artificial?
Falei bastante sobre ChatGPT, mas importante falar sobre o que está por trás da criação de uma ferramenta tão complexa.
IA não é exatamente uma disciplina nova: ela já existe há tempos e já é utilizada por um volume talvez incalculável de empresas em todo o globo. Nós mesmos, aqui no Clube, temos os nossos algoritmos que entregam recomendações práticas para autores com base em históricos de livros semelhantes aos seus – e isso sem contar nos processos de automação de toda a nossa cadeia de impressão e distribuição.
Mas entre a realização de tarefas algoritmicamente simples e o comportamento criativo, até então exclusivo de seres vivos, há um inegável salto.
Evolução da IA e os impactos atuais
E o episódio do Pensática Podcast de hoje é justamente sobre isso. O que é, exatamente, uma estrutura de IA? Como ela veio evoluindo até chegar no ChatGPT? E o que, exatamente, deve ocorrer no futuro?
Teremos nós, espécie humana, criado um concorrente mais avançado que nós mesmos e que eventualmente nos deixará sem função e sem mercado? Ou será a IA um aliado importante na conquista de mais espaço para as nossas criações humanissimamente artísticas? E em quanto tempo todo esse futuro, seja iluminado ou sombrio, deve acontecer?
Nosso convidado: Wagner Cambruzzi
Quem falará sobre isso hoje é um dos maiores gênios com quem já tive o prazer de trabalhar: Wagner Cambruzzi. Wagner é Graduado em Análise de Sistemas, pós-graduado em Gestão de Empresas de Base Tecnológica e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).
Atua há mais de 20 anos na área de tecnologia, tendo passado pelas áreas de desenvolvimento, análise e gerência de projetos. Nos últimos anos têm focado a atuação e pesquisa na área de Inteligência Artificial com foco em Mineração de Dados e Aprendizado de Máquina.
Atualmente ocupa o cargo de Head of Data Intelligence na Brivia, sendo responsável por trazer a análise de dados para o centro dos processos operacionais, táticos e estratégicos.
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Tudo isso é muito interessante , mas ao mesmo tempo assustador. Bom que hoje, por aqui, tive mais alguma noção a respeito. O fato de alertarem que o texto produzido pela IA não pode ser usado como trabalho acadêmico já me tranquiliza.
A minha pergunta/preocupação não é se vamos (nós, escritores/editores) ficar sem mercado. Mas, se vamos (nós, leitores) ser manipulados para a alienação, para acreditar em mentiras/fakenews, para uma anestesia da consciência.
Olá Ricardo . Boa noite.
Fundar alguma coisa é sempre inovador e inteligente. Fundar uma empresa como como o Clube de Autores, que a cada dia se notabiliza pelas suas novas ideias no mercado corporativo, dando bons exemplos de empreendedorismo, é realmente algo de absoluta capacidade profissional. Parabéns pela gestão responsável em dias tão difíceis como os atuais.