O Brasil pode ser considerado um país jovem, com seus 522 anos. Nosso “nascimento” ocorreu em 22 de abril de 1500, quando houve o avistamento de terra pela armada comandada por Pedro Álvares Cabral. A região, chamada de Ilha de Vera Cruz, nas imediações do Monte Pascoal, hoje é Porto Seguro, Bahia. Mas o que tudo isso tem a ver com a literatura
Junto a Cabral em sua nau, tínhamos Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia e Pero Vaz de Caminha. Este último era um fidalgo português que ficou conhecido pela suas funções de escrivão da armada de Cabral, responsável pelos registros escritos de tudo que acontecera nesse momento de descoberta.
É de Caminha um dos três únicos registros do descobrimento do Brasil, datada de 1º de maio, enviada ao D. Manuel I. É o registro mais conhecido e tido como um certidão de nascimento do Brasil, mesmo que esses relatos tenham ficados escondidos por anos.
Esta carta pode ser considerada o início da literatura brasileira, mesmo com bastante controvérsia. No texto de hoje, entenderemos a origem e o desenvolvimento da literatura do Brasil, passando pelos períodos, principais características e autores.
Navegue conosco pelas próximas linhas e boa leitura!
Como tudo começou: o início da literatura no Brasil
Quando afirmamos que a literatura no Brasil começou a famosa carta de Pero Vaz de Caminha, abrimos margem para diversas interpretações, afinal, ele não era brasileiro e, além disso, será que não existia nenhum registro escrito dos povos originários?
Infelizmente, não é possível afirmar que existia literatura brasileira antes da chegada dos portugueses. Os indígenas que aqui moravam eram ágrafos, não possuíam registros escritos, ou sinais ilustrados, documentados de qualquer forma que seja.
O registro de Caminha foi complexo, rico em detalhes, metáforas e elementos que o faziam grande escritor para a época. Portanto, a carta de Pero Vaz de Caminha é considerado o primeiro documento escrito da história do Brasil, dando início à nossa literatura.
Entenda quais foram os períodos da nossa literatura
É de se imaginar que nosso início literário não tenha sido, de fato, uma literatura brasileira, afinal, éramos uma população sem escrita. Todo material escrito por aqui naquela época era feito por portugueses e mesmo quando começamos a construir uma população letrada, toda a formação ainda era feita em Portugal.
Dividimos, então, a literatura brasileira em duas grandes eras: Era Colonial e e Era Nacional. A primeira, ainda sobre forte influência portuguesa. A segunda, quando já “caminhávamos com as próprias pernas”.
Dentro de cada Era, temos os chamados movimentos literários, que mudam com o passar dos anos, conforme vivências, hábitos, experiências e qualquer outro fator de interferência na criação dos nossos escritores.
Então, vejamos em detalhes quais são os movimentos de cada era.
Era Colonial da literatura brasileira
É difícil datar o início e o término da Era Colonial da nossa literatura, não há um consenso entre historiadores. Não só sobre a época, mas também sobre critérios de classificação das obras literárias, características marcantes etc.
Portanto, caso você já tenha visto algo diferente do exposto aqui, não estranhe, simplesmente há outras linhas de pesquisa.
Então, veja só quais foram os movimentos do período de Era Colonial:
Quinhentismo: iniciado com a carta de Caminha ao rei de Portugal. Movimento literário do século XVI, tinha duas vertentes: informativa, como exemplo a carta e outros relatos e jesuítica, que visava a conversão do povo indígena. Além de Pero Vaz de Caminha, outro nome importante do Quinhentismo é o de Padre Anchieta.
Barroco (ou Seiscentismo): ocorreu entre os anos de 1601 e 1768 e tem como característica literária principal o conflito entre antropocentrismo e teocentrismo, uma crise existencial humana: afinal, quem é o centro do universo, o homem ou um deus? Seu início é marcado pela publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira.
- Outros nomes de destaque: padre Antônio Vieira e Gregório de Matos.
Arcadismo: para alguns, é o movimento responsável pela busca da identidade brasileira na literatura. O movimento literário andou lado a lado com o movimento político da Inconfidência Mineira. Além disso, é característica dessa escola o bucolismo, a admiração e exaltação à natureza e à simplicidade da vida.
- Nomes importantes deste movimento: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
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Era Nacional da literatura brasileira
A literatura verdadeiramente brasileira não começou em 7 de setembro de 1822, com a Independência do Brasil. Houve um “período de transição”, onde a literatura brasileira ficou inerte, sem movimentos relevantes.
A Era Nacional começou 14 anos da independência do Brasil, mais precisamente com o Romantismo em 1836 e perdura até hoje.
Conheça quais escolas literárias marcaram e ainda marcam a Era Nacional:
Romantismo: o primeiro movimento literário genuinamente brasileiro é dividido em três gerações:
- 1ª geração: nacionalista (ou indianista) com destaque para as obras de José de Alencar, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.
- 2ª geração: ultrarromântica com muito subjetivismo, pessimismo, tédio e a melancolia. Destacam-se nessa etapa: Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu.
- 3ª geração: a visão individual e ultra romântica dá espaço ao social e à preocupação com a liberdade. Nomes importantes dessa fase: Castro Alves, Tobias Barreto e Sousândrade.
Realismo: focado em retratar de maneira mais fidedigna da sociedade, com uma linguagem descritiva e detalhada de temas urbanos e cotidianos.
- Destacam-se: Machado de Assis, Raul Pompeia e Visconde de Taunay.
Naturalismo: alguns consideram o movimento como um complemento do Realismo, porém com uma linguagem mais coloquial. Diferencia-se também pela presença do sensualismo e erotismo em suas principais obras.
- Aluísio de Azevedo e Adolfo Ferreira Caminha representam o movimento.
Parnasianismo: defensor da “arte pela arte”. Um movimento quase que em sua totalidade poético, a preocupação residia na perfeição da estética poética, com a realidade como pano de fundo para as histórias.
- A “Tríade Parnasiana” que se destacou era composta por: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.
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Simbolismo: subjetivismo, misticismo e a imaginação. Esses eram os pilares do simbolismo, uma escola literária que buscava a compreensão da alma humana.
- Nomes deste movimento foram Cruz e Souza, Alphonsus de Guimarães e Augusto dos Anjos.
Pré-modernismo: foi um período de transição, uma ruptura com o simbolismo e o surgimento do modernismo. E esse período já flertava mais com o que viria ser a escola moderna de literatura, com assuntos voltados para a realidade brasileira com temas sociais, políticos e históricos. Nessa época surgiram grandes autores, como Graça Aranha, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato.
Modernismo: a Semana de Arte Moderna, em 1922, é o pontapé inicial dessa escola literária que propôs o rompimento com o academicismo e o tradicionalismo. O período literário é dividido em três fases:
- 1ª fase (heróica): abriu os caminhos vanguardistas. Com destaque para Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.
- 2ª fase (consolidação): os escritores se preocupam mais com os problemas da realidade brasileira do que em experimentar novas formas de linguagem. Destaque para Drummond, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
- 3ª fase (pós-moderna): formalidade na produção literária, produção de contos fantásticos; inovações na linguagem e uso da metalinguística; produção de uma literatura experimental. Nessa fase, podemos trazer como destaques Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.
Literatura Contemporânea ou Pós-modernismo: fase de novas formas de expressão que acontecem na literatura, no teatro, no cinema e nas artes plásticas. Uma das características mais marcante dessa escola literária é a multiplicidade de estilos.
- Alguns nomes relevantes para o período: Ariano Suassuna, Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Cora Coralina, Nélida Pinõn, Lya Luft, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues e tantos outros.
Incrível aprender sobre a história da nossa literatura, não é mesmo? Percebemos o quão rica é a literatura no Brasil, mesmo sendo um país relativamente novo e que teve a sua independência proclamada há apenas 200 anos.
Em um único de texto de blog, seria impossível detalhar toda essa riqueza, mas já é um bom caminho para você desbravar ainda mais a nossa literatura. Espero que tenha gostado do texto. E, agora, que tal dar vida às suas histórias?
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