Em que outro lugar do mundo, afinal, escritores podem dizer que vivem dentro de um enredo de realidade fantástica como aqui no Brasil?
Em que outro país se pode acompanhar, em tempo real, capítulos lisérgicos de tramas pesadas, revoluções maquinadas, corrupções deslavadas, como aqui?
Em que outro local escritores podem se inspirar nos tantos perfis dantescos que se fazem onipresentes nos nossos noticiários?
Em que outra pátria se pode ver mudanças tão abruptas serem encadeadas, umas atrás das outras, impulsionando guinadas estonteantes nos já tão complexos enredos?
Só aqui.
Só no Brasil escritores podem acordar como um Gregor Samsa moderno, vendo-se subitamente metamorfoseados em personagens de uma história que, por pouco, não ultrapassa as fronteiras da própria ficção.
Iria adiante: se é verdade que a arte imita a vida, o Brasil será responsável por empurrar as fronteiras da ficção do futuro por mares nunca dantes navegados.
De novo.