Sabe quem é esse cara acima? É o mercado editorial brasileiro.
É ele quem reclama que os números de leitura estão em queda, que alardeia previsões cataclísmicas para a literatura, que profetiza falências em massa de livrarias até voltarmos à Idade Média.
É ele, por exemplo, que está empolgado e viralizando estudos como esse aqui, que mostram que houve uma queda significativa na compra de livros em 2019 se compararmos com o mesmo período de 2018. Segundo ele, o mês de fevereiro de 2019 teve queda de venda de livros de 16% em faturamento e 20% em volume.
Mas sabe onde está a pegadinha aqui?
Esse estudo considera dados apenas de algumas varejistas monitoradas pelo instituto. Ou seja: ele mostra a queda de vendas em livrarias tradicionais – e o mercado editorial, que parece amar más notícias, acaba propagando-as como se fossem um retrato de todo mercado brasileiro.
Ele não é.
E não é por óbvio: se o brasileiro está lendo mais – como outros estudos já comprovaram – ele também está consumindo mais.
Só não o está fazendo nos canais tradicionais. Simples assim.
O Clube de Autores, por exemplo, cresceu mais de 30% no ano passado – e continua crescendo este ano. Clubes de assinatura como a Tag também estão crescendo. Marketplaces pouco tradicionais como a Estante Virtual nunca parou de crescer. A Ubook cresce imensamente.
E todos esses – ou melhor, todos nós – somos modelos muito pouco tradicionais de venda de livros.
O que esse estudo prova, portanto? Que o mercado editorial não está em queda, mas sim em transformação.
E já não era sem tempo!