Quando nossas histórias imortalizam a História

A última coisa que pretendo aqui é escrever qualquer coisa – absolutamente qualquer coisa – de cunho político. Se tem uma coisa que uma empresa de autopublicação adota como sagrado, afinal, é a livre expressão e o respeito à opinião de todos.

Ainda assim, não dá para não observar tudo o que está ocorrendo com o nosso país de um ângulo mais… digamos… profissional.

Sim, porque todo e qualquer movimento dramático de capte as atenções de um país inteiro, levando multidões às ruas e elevando o estado geral de ânimos, merece um respeito além do normal.

Quer acreditemos em um lado ou outro, nenhum de nós pode negar que estamos testemunhando, em primeira mão, a História ser feita. Estamos com uma chance rara de poder inclusive arriscar palpite sobre o que dominará capítulos inteiros de livros que ainda estão por ser escritos, vendidos, adotados em escolas, base de formação de estudantes que ainda sequer nasceram.

E aqui vale uma análise mais fria, mas não menos importante: para escritores, aqui nasce quase que uma responsabilidade de passar para as gerações futuras um pouco da noção de como era viver nesses tempos tão insanos que vivemos. Porque veja: não é nos livros factuais, didáticos, que aprendemos o que foi a Revolta de Canudos, a II Guerra, a Revolução Francesa. A esses, cabia apenas a responsabilidade pro-forma de nos fazer decorar o passado – algo totalmente diferente de entendê-lo.

Um Conto de Duas Cidades, do Dickens, ou os Miseráveis, de Victor Hugo, dizem mais sobre a Revolução Francesa que qualquer livro de história. A Dor, de Marguerite Duras, vai muito, muito além das obras tradicionais sobre aqueles tão negros tempos dos anos 40. A Guerra no Fim do Mundo relata de maneira muito mais emocional aqueles fatos tão pouco secos que varreram os sertões baianos em tempos de Conselheiro.

E porque digo isso? Porque, em sua maior parte, essas são obras que têm romances como protagonistas e histórias como pano de fundo.

Exatamente como na vida real.

Nesse sentido, nós, autores, temos a oportunidade de escrevermos histórias sobre o que quer que seja usando esse momento dramático brasileiro justamente como pano de fundo.

É isso, muito mais que qualquer reportagem do Estadão, da Globo ou da Folha, que imortalizará os nossos tempos.

É hora de criarmos a visão que nossos descendentes terão da nossa história.

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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